Noite escura, céu carregado prometendo chuva...
Quase duas da manhã e eu aqui sentada neste terraço vazio, agora tão sem graça, meio triste... Ergo meus olhos para os prédios vizinhos e vejo pouco a pouco as luzes das janelas irem se apagando, deixando a noite ainda mais escura. E fico imaginando vidas para cada uma daquelas janelas, dou asas a minha imaginação e adivinho naquele primeiro andar que permanece iluminado, um jovem casal diante de uma tela de TV, mãos entrelaçadas, presos ao suspense de um filme. E, janela a janela, vou inventando vidas, amores, desamores, risos e lágrimas, sonhos e decepções, até que me canso dessa brincadeira de romancista frustrada e volto para a sala que resolvo iluminar com luz de velas...
Musica, preciso de musica para poder chorar... Mas quem disse que vou chorar? Então preciso de musica para sonhar... Mas minha alma hoje não está voltada para sonhos... Está desassossegada, querendo colo... pedindo aconchego. Ah, mas essa minha alma é mesmo muito “pidona”, vive querendo afetos, vive pedindo carinhos.... Acho que ela ficou muito mal acostumada e agora fica assim, amuada, resmungando pelos cantos, querendo sair pelo mundo a procura de paz, uma paz que afinal está dentro dela mesma, uma paz que precisa ser redescoberta.
Pronto, luz de velas, musica suave... enrodilho-me no sofá, olhos fechados, tantas lembranças de outras madrugadas de sonho, fantasia, encanto... bem que entendo minha alma... Aninho-a dentro de mim e procuro aquieta-la cantarolando as notas da doce canção-acalanto que preenche a sala... E mansamente o sono nos envolve e nos transporta para o amanhecer...
Madrugada do dia 7 de abril de 2009
Quase duas da manhã e eu aqui sentada neste terraço vazio, agora tão sem graça, meio triste... Ergo meus olhos para os prédios vizinhos e vejo pouco a pouco as luzes das janelas irem se apagando, deixando a noite ainda mais escura. E fico imaginando vidas para cada uma daquelas janelas, dou asas a minha imaginação e adivinho naquele primeiro andar que permanece iluminado, um jovem casal diante de uma tela de TV, mãos entrelaçadas, presos ao suspense de um filme. E, janela a janela, vou inventando vidas, amores, desamores, risos e lágrimas, sonhos e decepções, até que me canso dessa brincadeira de romancista frustrada e volto para a sala que resolvo iluminar com luz de velas...
Musica, preciso de musica para poder chorar... Mas quem disse que vou chorar? Então preciso de musica para sonhar... Mas minha alma hoje não está voltada para sonhos... Está desassossegada, querendo colo... pedindo aconchego. Ah, mas essa minha alma é mesmo muito “pidona”, vive querendo afetos, vive pedindo carinhos.... Acho que ela ficou muito mal acostumada e agora fica assim, amuada, resmungando pelos cantos, querendo sair pelo mundo a procura de paz, uma paz que afinal está dentro dela mesma, uma paz que precisa ser redescoberta.
Pronto, luz de velas, musica suave... enrodilho-me no sofá, olhos fechados, tantas lembranças de outras madrugadas de sonho, fantasia, encanto... bem que entendo minha alma... Aninho-a dentro de mim e procuro aquieta-la cantarolando as notas da doce canção-acalanto que preenche a sala... E mansamente o sono nos envolve e nos transporta para o amanhecer...
Madrugada do dia 7 de abril de 2009
10 comentários:
Gostei da subtil referencia final a "nos envolve" em vez de "me envolve".
Partindo de um texto inicial onde a personagem se sente sozinha e ate mesmo sugestionando "abandonada" (por referencia a algo diferente que no passado a "mimava" e acompanhava, "habituando mal"), é interessante ver no final a referencia a "nós", supondo que com a presenca musical a personagem deixou de se sentir sozinha.
Alem de interpretar a musica como segunda presenca junto da personagem, podemos tambem ter uma outra interpretacao, pela referencia de "alma" paragrafos atras - ou seja, podemos tambem interpretar que a personagem personificou sua alma como um ser áparte de si mesma, reforcando a sua nocao de presenca e pessoa para nao se sentir tao sozinha.
Ambas as interpretacoes sao apaixonantes por retratarem a realidade de muitos de nós quando nos sentimos sozinhos e encontramos conforto em musicas ou pelo reforco da confianca e nocao em nós mesmos.
Espero que estes sentimentos tenham sido mesmo mto temporários ou mesmo fictícios Dulce. Apesar de por vezes necessarios ao ser humano, nem sempre sao agradaveis :)
Abraco!
Uwish4
Gostei muito de sua análise e devo confessar sua "outra" interpretação como correta. Minha alma me faz companhia e temos longas conversas em nossos madrugadas insones...
Abraço.
Dulce,
O comentário anterior diz tudo que se poderia querer dizer dos sentimentos do seu texto, ambos (texto e comentário), vindos da alma, falando desses momentos de reflexão que todos nós temos - “temporários, fictícios, nem sempre agradáveis” - onde buscamos nos entender com nosso interior, com nossas verdades, e que, certamente, podem também nos trazer crescimento, serenidade.
Quando você diz... “INVENTANDO VIDAS?” e fazendo referência aos prédios vizinhos, luzes se apagando, imaginando vidas para cada uma das janelas, lembrei do filme documentário EDIFÍCIO MASTER, que gostei muito, um grande prédio onde seus moradores são convidados a contarem suas histórias, seus sonhos, realizações e aspirações. Histórias de gente comum, cujo enredo poderia virar uma novela, ou romance, mas certamente não teria audiência na mídia – mas resultou num belo e interessante filme falando de vida.
Expor a alma é por si só uma vontade e coragem de buscar os melhores sentimentos, de crescer, de ser humana, solidária, honesta. É sentir a vida, perceber, constatar, conscientizar, dividir com outros, e saber-se não sozinha, mas num equilíbrio espiritual e físico e interagindo com o universo a nossa volta.
No poema que segue senti também um pouco esses sentimentos:
ANDA-ME A ALMA - CRUZ E SOUZA
Anda-me a alma inteira de tal sorte,
Meus gozos, meu pesar, nos dela unidos
Que os dela são também os meus sentidos,
Que o meu é também dela o mesmo norte.
Unidos corpo a corpo -- um elo forte
Nos prende eternamente -- e nos ouvidos
Sentimos sons iguais. Vemos floridos
Os sons do porvir, em azul coorte...
O mesmo diapasão musicaliza
Os seres de nos dois -- um sol irisa
Os nossos corações -- dá luz, constela...
Anda esta vida, espiritualizada
Por este amor -- anda-me assim -- ligada
A minha sombra com a sombra dela.
*******
ney/
Pico minha ilha,
Obrigada! uma linda e Santa Páscoa para você também.
beijinhos
Ney
Obrigada pelo lindo comentário. Como sempre, você deixa seu coração falar por você. Obrigada.
Lindo o poema e, realmente, tem mesmo esse sentir, a alma formando uma dualidade com o corpo, um interagindo e interferindo com o outro.
bjs.
Adendo:
Eu me referi ao comentário de "Uwish4", é que enquanto eu escrevia entrou um outro. Só para esclarecer. ney/
Isso também ficou bem claro, Ney.
Gosto muito de sentir essa solidão da noite e de me deixar envolver por ela. Quando tudo à minha volta é siêncio, os meus sentidos despertam. Pena que o trabalho dos últimos tempos não me tem deixado viver comigo, durante a noite.
Eu também, Carlos. Esse é meu momento, é quando me sinto inteira.
Obrigada ney, Dulce toca sempre ca dentro com suas palavras e é mto facil espelhar-me em tudo o que descreve, tao humanamente.
Abraco
Carlos... tirou-me as palavras da boca. Quem me dera ter mais tempo á noite para estar comigo mesma... por vezes chego a casa tao esgotada que nem tenho espaco para encontrar minha alma... o cansaco entrega-me a uma apatia assustadora. Espero que passe em breve.
Abraco
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