floquinhos

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Como é que é?....


"A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... E, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita."

(Mario Quintana)

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Nuvens nos céus de julho...


A sexta-feira chega prometendo um final de semana luminoso. Um sol quase de verão vem iluminando a cidade nos últimos dias, um presente para a garotada que vive um período de final de férias escolares e que, a partir da próxima semana volta às aulas. 
Quando menina, era este um período encarado com uma certa tristeza, uma vez que os dias modorrentos, sem nenhuma responsabilidade com relação a horários e tarefas escolares, eram todos voltados para as brincadeiras, para a companhia das amigas, entre risos e despreocupadas alegrias. E o azul maravilhoso dos céus de julho serviam de cenário a uma das mais lúdicas brincadeiras que costumávamos fazer: adivinhar figuras nas nuvens. 
Nas escadas que davam para o quintal, nas calçadas, em quase final de tarde, sentadas, pescoços espichados para o céu, íamos descrevendo o que nossos curiosos olhinhos desvendavam entre os flocos brancos e tecendo possíveis histórias que se desenrolariam por lá: um castelo que abrigava uma princesa solitária, um velhinho desdentado que sorria ante as lembranças de outrora, uma pastora que tangia ovelhinhas formadas em outras nuvens... Haja imaginação!... rs...  
A verdade é que, a menina que mora em mim busca ainda encontrar castelos nas nuvens, em tardes modorrentas, mas já não os encontra com tanta facilidade... Ainda que os sonhos teimem em permanecer na alma, as nuvens, misturando-se aos gases da poluição da vida moderna, acabam por tirar o brilho, a magia do momento, e a desfazer quase que por completo o encantamento de um por de sol. E, como já foi dito e comprovado antes, na vida, como na natureza, "nada se cria, nada se perde; tudo se transforma..."

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Reflexões...


A vida assim nos afeiçoa


Se fosse dor tudo na vida,
Seria a morte um grande bem.
Liberdade apetecida,
A alma dir-lhe-ia, ansiosa: - Vem!


"Quer para a bem aventurança
"Leves de um mundo espiritual
"A minha essência, onde a esperança
"Pôs o seu hálito vital;


"Quer, no mistério que te esconde.
"Tu sejas tão somente o fim;
"- Olvido imperturbável, onde
"Não restará nada de mim!"


Mas horas há que marcam fundo...
Feitas, em cada um de nós,
De eternidade de segundo, 
Cuja saudade extingue a voz.


Ao nosso ouvido, embaladora,
A alma de todos os mortais, 
A esperança prometedora.
Segreda coisas irreais.


A vida vai tecendo laços
Quase impossíveis de romper:
Tudo o que amamos são pedaços
Vivos do nosso próprio ser.


A vida assim nos afeiçoa,
Prende. Antes fosse toda fel!
Que ao se mostrar às vezes boa,
Ela requinta em ser cruel...


(Manuel Bandeira)

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Fora de prumo...


Está ficando, a cada dia, mais difícil!... Parte bem grande da humanidade está sendo composta por criaturas anti-éticas, amorais, insensíveis, tresloucadas, que parecem terem vindo ao mundo para estraçalhar sentimentos, roubar, enganar, trair, matar impiedosamente e sem causa alguma. Abra seu jornal matinal, ligue sua TV e me diga se não tenho razão. 
O que leva um jovem aparentemente diferenciado, inteligente, tido como um dos mais brilhantes alunos de sua turma vestir-se de terror e invadir um cinema atirando contra tudo e contra todos? O que impele uma mulher a esquartejar seu marido, o pai de seu filho, sem sequer pensar nessa pobre criança que vai carregar na alma, para todo o sempre, a tragédia de sua criação? O que leva jovens aos vícios e aos atos selvagens pelas ruas da cidade? O que provoca tanto desamor, meu Deus? 
Hoje acordei assim, chorando com pena deste nosso mundo que anda virado de pernas para o ar, cabeça mergulhada no ódio, na inveja, na ganância, completamente perdido nas voltas que anda dando num universo em caos. 
Uma das causas de o Prosa andar assim "macambúzio" é o clima de dor, tragédia e sofrimento que anda invadindo os ares, cobrindo de sombras a esperança em dias melhores. Será que ainda temos salvação? Como viverão os netos de meus netos? Quem viver, verá!...

PS: Esta é a primeira vez, em quase quatro anos, que o Prosa se ocupa de assunto tão doloroso, mas não dá para fingir indiferença, esconder a cabeça na areia desse deserto insano, como se o que acontece não nos dissesse respeito, como se nos sentíssemos indiferentes diante dos passos incertos por onde caminha hoje a humanidade... Peço aos nossos amigos e leitores que me desculpem por este desabafo... Prosa amena e poesia voltarão em nossas próximas postagens...

sábado, 21 de julho de 2012

Nas manhãs de julho...


Sábado iluminado por um sol que vai entrando pelas janelas, que vai iluminando a casa, alegrando a vida!...
Depois de muitos dias cinzentos, frios demais, molhados e brumosos, julho mostra sua verdadeira cara. Dias frios, mas iluminados, tornando as férias da garotada muito mais alegres. 
Espetáculo marcante até algum tempo atrás, já não há tantas pipas nos céus de julho, mesmo porque esse tornou-se um brinquedo bastante perigoso quando o cerol passou a fazer parte quase integrante dele. No afá de cortar a linha dos outros "papagaios", a garotada anda expondo muita gente ao perigo, principalmente essa legião de motoqueiros que percorre a cidade de manhã à noite em seu estafante trabalho e que, como se não bastasse terem que driblar carros e gente, expondo-se ao perigo de nem chegar ao seu destino (não se passa um dia, nesta cidade, sem que haja muitos acidentes de motos, sem que pelo menos duas ou três pessoas venham a se ferirem gravemente e até mesmo a morrerem), ainda correm o risco de terem seus pescoços cortados pela linha assassina que, envolta em cerol, corta como navalha.
Já notaram que tudo, hoje, envolve perigo? Até as brincadeiras mais lúdicas!... As crianças já não brincam mais nas ruas, já não jogam bola nas esquinas, já não andam de bicicleta, as meninas não sabem mais nem brincar de roda, pular amarelinha, passar o lenço!  Ficam a maior parte do tempo em frente ao aparelho de TV, ao computador. Afinal, há tantos perigos lá fora...
Os tempos são outros, os prazeres infantis também. Tantas mudanças seriam para melhor? Para pior? Sinceramente, não sei. O mundo segue seu caminho, a humanidade busca seu melhor, nem sempre encontrado, mas assim é a vida e temos que caminhar por ela, sem muitas lamentações, entendendo, ou pelo menos procurando entender esse caminhar. E é tão bom poder caminhar pelas claras, alegres, ensolaradas e invernais manhãs de julho!...

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Viver seus sonhos...


"Cada um tem de mim exatamente o que cativou e cada um é responsável pelo que cativou; não suporto falsidade e mentira, a verdade pode machucar, mas é sempre mais digna. Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida e viver com intensidade. Perder com classe e vencer com ousadia, pois o triunfo pertence a quem mais se atreve e a vida é muito para ser insignificante. Eu faço e abuso da felicidade e não desisto dos meus sonhos. O mundo está nas mãos daqueles que têm coragem de sonhar e correr o risco de viver seus sonhos."

(Charles Chaplin)

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Os olhos das crianças...

Em meu coração cabem tantos poetas!... Hoje trago para vocês Jorge de Lima (União dos Palmares, AL, 23 de abril de 1893 - Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1953). Foi político, médico, poeta, romancista, biógrafo, ensaísta, tradutor e pintor brasileiro. Inicialmente autor de belíssimos alexandrinos, transformou-se, posteriormente em um modernista.




Olhemos os olhos das crianças, que eles encerram mistérios;
dentro de suas pupilas moram selvagens bons,
pairam neles as lendas das terras desconhecidas.
Olhemos os olhos das crianças;
quando com eles cruzamos os nossos olhos,
há reconhecimentos súbitos
e reminiscências que revivem.
Que ausência de ouro e prata existe neles!
Que verde potros relincham em suas colinas!
Que indiferença pelas arcas ricas!
Como se parecem com os olhos dos poetas!
Olhemos os olhos das crianças,
desprevenidos de crimes e borrascas,
inconscientes entre o Bem e o Mal,
sempre transparentes como a água e o mel.
Olhemos os olhos das crianças,
com seus horizontes claros, claros,
capazes de deixar transparecer
o avô curvado e trêmulo,
o pai de sobrecasaca e a menina mãe.
Fitemos os olhos das crianças
como quem fita um écran
e vê desenrolar-se lá dentro
uma história familiar.
Olhemos os olhos das crianças
para repousar nestes céus sem pensamento
a angústia de procurar pátrias distantes
e as constelações que já morreram.


(Jorge de Lima)

segunda-feira, 16 de julho de 2012

É preciso sempre lembrar que...


"Na queremos perder, nem deveríamos perder: saúde, pessoas, posição, dignidade ou confiança. Mas perder e ganhar faz parte do nosso processo do humanização."

(Lya Luft)

quinta-feira, 12 de julho de 2012


O sol que aquecia a cidade nestes últimos dias, fazendo deste inverno um tempo de outono, resolveu encolher-se, escondido atrás de nuvens pesadas que prenunciam um frio que voltou com tudo... Voltam às ruas agasalhos pesados, botas, guarda-chuvas e, claro, reclamações; afinal, reclamar do tempo é uma constante na alma humana. Ora faz calor demais, ora o frio acaba com a saúde da gente, ora as chuvas atrapalham o ir e vir de quem precisa se locomover pela cidade, enfim, nunca se está satisfeito ou, nem é bem assim: o clima é apenas e simplesmente uma forma de iniciar ou de tentar manter uma conversa, é uma desculpa para quebrar a monotonia...  
O fato é que, olhando pela janela e vendo a cidade envolta em cinza, fico muito feliz por não ter que sair às ruas hoje, por pode ficar na doce companhia de um bom livro, no aconchego do ninho.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Um dia cheio de sabores...


Vocês já repararam que tem dia "pra" tudo? Dia dos Pais, das Mães, da sogra, dos namorados, do amigo, etc... etc...? Pois hoje é Dia da Pizza! Acreditam? Pois é! Dia Mundial da Pizza! 
E numa cidade como São Paulo, com mais de 5 mil pizzarias, este dia deve mesmo ser festejado, ainda mais que é voz corrente que, por aqui, em terras de Cabral, "tudo acaba em pissa". rs...
Na verdade, dona pizza é o que se costuma chamar, em gíria corrente, "o maior quebra galho". Quando chega uma visita inesperada à hora do jantar, manda-se pedir uma pizza. Quando não sabemos o que vamos fazer para o jantar, ou quando não temos a menor disposição para enfrentar uma cozinha, a pizza é nossa opção primeira. Quando saímos de um cineminha, ou mesmo de um teatro com aquela fominha inesperada, e não temos muita disposição para enfrentar tempo de espera em restaurantes (quase sempre lotados), o jeito é passar numa das pizzarias sempre de plantão pela noite a dentro...
Chegada da Itália, fez morada em terras paulistanas, modificando-se aprimorando-se ao gosto da gente do lugar e hoje há uma variedade sem fim de sabores, doces ou salgados, a deliciar paladares a qualquer hora. Dizem as estatísticas que São Paulo e Nova York são as cidades, no mundo, onde elas são mais apreciadas e consumidas, mas em qualquer lugar onde eu tenha estado, lá estava ela ajudando numa hora de mais pressa ou de uma certa indecisão quanto ao cardápio. 
Quando menina (faz tanto tempo...), meu pai gostava de levar-nos para comer pizza aos sábados a noite. E pensa que íamos assim, do jeitinho que estávamos em casa, como se costuma fazer hoje? Na, na, ni, na, não... Paramentávamo-nos todos! Meu pai envergava terno e gravata, minha mãe punha-se toda bonita e as crianças vestiam-se com capricho. Afinal, era um acontecimento. A pizza ainda era um prato especial e não muito comum, e costumávamos ir saborea-la num tradicional restaurante lá da Av. Rangel Pestana, esquina com a Rua Piratininga, onde eramos servidos por garçons muito bem postos, cheios de pose, porque afinal, sair para comer fora, naquele bairro, era um acontecimento. 
O tempo passou, a cidade metamorfoseou-se, internacionalizou-se, virou polo mundial de gastronomia, e a pizza consagrou-se como um dos pratos mais apreciados pela população. Não há quem não goste de uma fatiazinha de pizza, nem que seja de vez em quando...

As feitas em forno de lenha são imbatíveis...

Então, que seja este dia muito festejado pelos apreciadores de uma napolitana, calabresa, quatro-queijos, marguerita, à moda da casa, romeu e julieta, chocolate com morangos, maçã, etc... etc... etc... Bom apetite a todos!.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O Prosa reabre suas portas...

(Foto da Estação da Luz, onde está instalado o Museu da Língua Portuguesa. Tirada por sobre a capota do carro, o céu nela refletido, mostra-nos uma imagem bastante curiosa do conjunto arquitetônico, marco de uma outra era nesta Paulicéia sempre desvairada...)

O Prosa andou por aí, em férias, durante a semana passada. 
Meus amores de Campinas resolveram curtir Sampa durante uns dias e, claro, delicie-me com a visita e fomos todos, bancando turistas, aproveitar um pouquinho do que a cidade pode oferecer a quem se dispõe a visitá-la. 
O tempo era pouco, então tivemos que selecionar o que  poderia ser feito nesse pouco tempo. Fomos ao Museu da Língua Portuguesa, uma viagem ao mundo das palavras e letras, um lugar que recomendo e recomendo de novo a quem ainda não esteve por lá. Depois, em outras postagens,  vou falando sobre o que por lá vi, nessa visita. Fomos ao MASP, onde havia uma exposição de Modigliane e, claro, aproveitamos para rever parte do acervo incrível desse museu. Fomos ao teatro para ver "A Família Adams" - engraçadíssimo, excelente musical vindo dos palcos da Brodway, em montagem totalmente brasileira, com interpretações primorosas como a de Claudio Galvan vivendo um Tio Fester de arrasar. E como estar em Sampa e não ir a alguns de seus restaurantes típicos? Depois do teatro rumamos para a Rua Avanhandava, para jantar no Famíglia Mancini... hummm!... que delícia. No sábado, fomos ao Consulado Mineiro, que ninguém resiste a uma comidinha típica lá das Alterosas... E, evidentemente, fomos às compras, sem as quais um passeio à Terra da Garoa não fica completo, mas não aos shoppings, já que esse passeio é bem comum em qualquer cidade. Visitamos algumas lojas de rua, livrarias e feiras de antiguidades. Só não deu tempo para ir à Liberdade, curtir um pouco a culinária e as tradições orientais daquele pedacinho da cidade. Ficou para a próxima vez.
Agora, com a volta dos meus amores ao seu ninho, a casa está vazia, parecendo tão maior... O que é bom sempre parece durar tão pouco, não é mesmo? Adorei inverter um pouco o que normalmente acontece, quando sou eu quem vai visitá-los, e recebe-los aqui em casa, te-los aqui comigo. Com tudo isso, o Prosa acabou mantendo suas portas fechadas por uns dias. Mas já estão novamente escancaradas para o mundo da Blogosfera, a espera de nossos queridos amigos e leitores.