floquinhos

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Mais um Réveillon sem você...

Pois é, meu amor, completam-se hoje oito anos de ausência, de uma ausência que se torna a cada dia mais e mais presença em minha vida. Você continua caminhando comigo em cada pensamento, em cada pequeno gesto, em cada palavra, contrariando o dito que afirma que o tempo vai apagando tudo, vai aplacando a dor, vai amainando a saudade...

Você havia prometido que envelheceríamos juntos, que juntos faríamos este difícil caminhar, apoiados um no amor do outro, felizes, lembra-se? Sei que não foi por sua vontade a partida antecipada, meu amor, você amava intensamente a vida, como amava este dia, de todos os dias de festa, o seu favorito... Com que alegria acompanhava os preparativos para a ceia, com que prazer juntava moedinhas a serem distribuídas depois da meia-noite para dar sorte, para que não faltasse dinheiro durante o ano todo, com que emoção estourava o champanhe a meia-noite para o brinde, enquanto os fogos espocavam ruidosamente por toda a cidade!... E em torno de você era só alegria...

Em nosso último Réveillon não houve alegria... Meu coração estava mergulhado na dor. Na dor da perda, na dor da, desde então, sentida ausência, na dor da separação definitiva e irremediável. E, quando os fogos começaram a espocar lá fora, havia lágrimas ao invés de risos, preces ao invés de votos, adeuses em lugar do “feliz ano novo”... Mesmo porque, dentro de mim, nunca mais poderia haver um “ano novo” feliz., posto que viria sem o seu riso, sem a sua voz, sem a sua presença...

Mas hoje a noite vou, no rosto a falsa máscara da alegria, juntar-me a nossa filha e a nossos netos para celebrar mais um Ano Novo, e prometo a você que será uma noite exatamente como você gostava, cheia de luzes, cores, musica, risos, abraços, e que, mantendo a tradição que você trouxe lá das suas Gerais, haverá até mesmo as moedinhas de boa sorte, com direito a contar aos kids de onde veio essa tradição. E assim o Vô Bira estará mais uma vez conosco num Réveillon...

( 31/12/2010)


quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Shall we dance?


Meus amigos, estamos em tempo de festa, dança, alegria... Por isso deixo aqui para vocês a música dançante de Harry James, um band-lider fantástico da primeira metade do século passado. Músicas maravilhosas... ouvir é querer dançar... E, de quebra, Frank Sinatra em seu inicio de carreira, quando crooner das orquestras de Harry James e Tommy Dorsey. e prestem atenção na voz de Helen Forest, a voz feminina da orquestra. É uma viagem no tempo. Para uns, ao tempo de seus pais... rs... Ou de seus avós...
Ouçam, deixem-se levar, peguem seus pares pela mão e saiam dançando a ternura de outras eras... E se não tiverem um par para dançar, sigam meu exemplo: dancem sozinhos, porque dificil vai ser resistir a magia desse som que vem chegando através do tempo...

E se alguém disser que é música de elevador, vai levar um puxão de orelhas, viu? hehehehe...


Um Feliz Ano Novo para todos !



E mais um ano vai se despedindo... Para uns é tempo de fazer um balanço pessoal, contar perdas e ganhos, projetar novos rumos, fazer promessas para o ano que está por vir, promessas que raramente acabam por serem cumpridas. Para outros é tempo de um certo alívio por um ano que foi ruím estar chegado ao fim, na esperança de que as coisas melhorem no próximo ano. Para outros, ainda, apenas uma virada no calendário de uma vida que não muda nunca, que segue sempre a mesma rotina pasmacenta, sem graça, sem maiores expectativas.
Mas, de maneira geral, todos (ou quase todos) festejam o novo ano, e lançam bons augúrios pelos ares, olhando para o futuro com uma certa esperança, achando que será a mudança no calendário que irá determinar essa mudança, sem se darem conta de que seja lá o que for que possa acontecer, terá partido deles mesmos, de seus atos, de suas atitudes, de sua própria vontade de mudar, ou não..
Pessoalmente, tenho encarado as mudanças no calendário com muita serenidade, deixando que a vida siga seu rumo e, como desejo pessoal para o novo ano, apenas o de viver plenamente cada dia, pois cada novo dia será recebido como um raro e delicado presente da vida, que deve ser saboreado com amor e alegria, Após uma longa caminhada pelo tempo, noto que a vida vai ficando a cada dia mais preciosa, mais bonita... Um por do sol, um amanhecer radioso, a chuva que molha as ruas e os campos, uma folha empurrada pelo vento sobre a neve, o sorriso de uma criança, um olhar de paz no rosto de um velhinho, uma canção que embale, uma poesia que comova, um abraço dos meus amores ou dos meus amigos, coisas que antes eram corriqueiras, são hoje manifestações de alegria para minha alma, são enlevos para meu coração... E em cada dia, sempre acontece um desses enlevos, fazendo a vida valer a pena.
Cada qual com seus desejos, cada um com suas expectativas... E para este novo ano, meus votos são para que cada qual consiga alcançar seus objetivos, realizar seus sonhos, viver seus encantos. E que tenham todos um...

FELIZ ANO NOVO !

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Fernando Pessoa na tarde Fria...


Estou consado

Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto —
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.

(Álvaro de Campos)

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

E o dia amanheceu azul...


Hoje o dia amanheceu azul, lindo, com um céu de brigadeiro, o sol radioso derramando-se sobre a imensidão branca formada pela neve dos dois últimos dias, num espetáculo de encher os olhos, do qual deixo aqui uma pequena amostra... Lembrando que, com toda essa luminosidade, estamos com temperaturas de oito graus centígrados abaixo de zero... brrrr...

(Clique nas fotos para ampliar)






Gostaria que vissem este telhado que parece recoberto por um daqueles glacês de bolo de casamento. Vejam como, com a força do vento, a cobertura de neve parece dobrar-se, moldar-se em curvas...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Todo momento pode ser especial...

Toda essa beleza do inverno aqui em New England, causa encanto para nós que vivemos em um pais tropical e que só conhecemos a neve através de cartões postais, fotos, filmes, ouvir dizer. Mas para quem vive aqui, essas nevascas são um terrível transtorno. As escolas fecham - agora, coincidentemente, é época das férias de Natal, então os kids ficam sem aulas até o dia quatro de janeiro - muitas pessoas não têm como irem para o trabalho, enfim, a vida dá uma paradinha.
E, se quiserem sair de casa, têm que abrir caminho pela neve, ou melhor, saindo ou não de casa, por lei municipal, cada morador é responsável pela frente de sua casa e deve obrigatóriamente manter a entrada da garagem e a entrada da casa livres do acúmulo de neve. E o pior é que as vezes, assim que se limpa o caminho, a neve volta intensa e... pois é, tem que começar tudo de novo.
Nas fotos, Angélica e os kids tiram a neve da entrada da garagem, abrindo passagem até a rua, fazendo o mesmo depois na entrada da casa. A neve chegava a mais de trinta centímetros de altura.

A entrada da casa estava assim, com a escada sumida sob a neve.

E a entrada da garagem, assim...

Angélica chamou os kids e...

puseram mãos a obra.

Num trabalho árduo, mas necessário...

Para desobstruir as entradas da casa e da garagem.

E a vovó? ah, a vovó está velhinha, precisa ser poupada (rs), então coube a ela preparar um chocolate bem quentinho e uns pãezinhos de queijo para aquecer o trio ao término do serviço... E o melhor é que os meninos e a Angélica acabaram por transformar o que seria um árduo trabalho, num momento muito gostoso de convivência familiar. Um momento que ficará guardado no bauzinho das lembranças.

It's Snowing... it's Snowing, it's Snowing...

Pois é, meus amigos, tudo o que vocês leram sobre nevascas em New England, continua acontecendo desde ontem a tarde. Falar sobre o lindo (embora cruel) espetáculo da natureza é desnecessário, quando algumas fotos podem mostrar uma pequena parte do que acontece. Fotos tiradas através das vidraças glaçadas pela força do vento que faz grudar os flocos de neve nelas, fazendo parecer pequenas flores agrupadas. Ah, claro... Todas tiradas de dentro de casa, onde está bem quentinho, aconchegante... E quem se atreve a sair da casa para fotografar tanta neve?...

O forte vento varre os telhados, não permitindo o acúmulo da neve

As pequenas árvores que crescem ao lado da casa, desnudas, mergulhadas na neve.

Da janela da sala, onde a nave acumula-se, a paisagem toda branca.

As árvores do bosque, vestidas de inverno...

A parte externa da janela da cozinha, vista através da porta da área...

que, por sua vez, parece recoberta por pequenas flores brancas...

num capricho da natureza.

Parece estranho que eu esteja embasbacada diante deste inverno em Massachusetts? Não se esqueçam que moro no Brasil, onde a neve quase nunca chega, e quando chega, é só como se fosse uma amostra grátis da natureza para matar a curiosidade das suas gentes... rs...

domingo, 26 de dezembro de 2010

Nas mudanças do tempo...


EU ESCREVI UM POEMA TRISTE

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

(Mario Quintana)

sábado, 25 de dezembro de 2010

Na noite de Natal

Pois é, tanta expectativa, tanta correria e, no entanto, a Noite de Natal passa tão depressa... rs.

Estava tão bom, mas agora... só no próximo dezembro voltará a magia, o encanto, a musicalidade desta quadra do ano. A noite transcorreu alegre, afinal, estávamos em muito boa companhia, tínhamos aqui amigos que Angélica gosta muito, pessoas especiais, que completaram nosso Natal. Por isso vou pedir licença aos amigos e leitores do Prosa, e postar especialmente para Taubaté (SP), Montevidéo e Porto Rico, lugar de origem desses amigos. Longe das famílias, ou de parte delas, estas fotos vão levar um pouco do Natal de cada um a seus familiares.


Com alegria, recebemos os amigos para o Natal.


O pequeno Ignácio, ajudado pelo pai, saboreia a apple pie.



Mãe e filha, um mesmo sorriso


Urbano veio de Taubaté e Ana, de Montevideo, mas o amor quebra fronteiras...



Hora de abrir os presentes que Papai Noel deixou para os pequenos.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Porque é Natal, as lembranças dançam na alma...


Nasci e cresci num bairro de imigrantes europeus onde a religiosidade estava presente nas menores coisas e não havia casa que não ostentasse em suas paredes algumas imagens sacras como a que ilustra este post e que ficava, geralmente, sobre a cabeceira da cama do casal. Para a sala de jantar era sempre reservada uma cópia da Santa Ceia. Havia ainda o "Coração de Jesus", o "Coração de Maria" e uma infinidade de outros quadros decorando e abençoando a casa...
Até a minha família, que não era muito religiosa, apesar de cumprir os preceitos da "Santa Madre Igreja", como cabia a qualquer bom cristão, tinha lá seus quadros na parede. Lembro-me de um Santo Antonio antiquíssimo, um quadro bem grande, que ficava no quarto de meus pais, na parede de frente para a cama, que era motivo de minha devoção de menina, e com o qual eu ia conversar quando tivesse alguma coisa que me incomodasse, que me deixasse triste... Um dia meus pais trocaram a mobília do quarto (que era linda) por outra mais moderna e que sempre achei muito feia, e nessa troca lá se foi meu Santo Antonio nem sei para onde, o que me deixou meio desamparada e me ensinou a falar comigo mesma em meus momentos difíceis.
Mas é assim mesmo, o tempo vai passando e levando consigo tradições, usos e costumes que vão sendo substituídos tão paulatinamente que só bem mais tarde é que nos apercebemos dessas mudanças. Bem como vem ocorrendo com as comemorações de Natal, uma festa puramente religiosa que com o passar do tempo foi se transformando num evento familiar, com grande atividade comercial, onde o ir a igreja para dar graças ao Menino-Deus transformou-se em idas e idas aos shoppings em busca de presentes, comidas, bebidas, para a grande festa da noite, noite que já não leva muita gente as igrejas para a tradiconal "missa do galo", noite em que já não tem a oração feita antes de se iniciar a ceia, noite em que já quase ninguém mais se lembra daquele que seria o homenageado, do aniversariante...
Mas, apesar das mudanças, paira ainda no ar, em cada noite de Natal, um ar de doçura, de amor, de encanto, uma grande magia... E o que chamamos de Espírito de Natal toma conta dos corações humanos tornando-os mais brandos, como se fora o amor de Deus abençoando os homens, porque afinal, Deus é Pai e os pais nunca deixam de abençoar seus filhos, mesmo os mais rebeldes...

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Feliz Natal para todos...


O "Em Prosa e Verso" deseja a todos os seus amigos e leitores um Natal de Luz, com muita Paz e Alegria. Tenham todos uma Noite Feliz, abençoada com a presença de seus amores, de seus amigos, de Deus.

FELIZ NATAL para todos vocês.


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

E no meio de um inverno...


"E no meio de um inverno eu finalmente aprendi que havia dentro de mim um verão invencível."

(Albert Camus)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Num dia de neve...


E a neve veio pra ficar. Mas a vida continua em sua rotina. Os kids agasalhados até os ossos, colocam suas mochilas nas costas e saem para as respectivas escolas, aproveitando cada momento, cada minuto, para uma brincadeira, até o ônibus passar para pegá-los.

O dia amanheceu em branco...

... com as árvores do bosque cobertas pela neve.

Mas os kids não se intimidam e saem para a escola,

Tão agasalhados, que só os olhos e o nariz ficam descobertos.

Philip aguarda a passagem do ônibus escolar.

Uma hora mais tarde, é a vez do Alexander sair para espera o ônibus.

Mas criança nunca perde uma oportunidade de brincar. Então, ele anda para trás, deixando marcas na neve que dão a impressão de que ele está se aproximando e não se afastanto da casa.
(clique nas fotos para ampliar)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Let it snow... let it snow... let it snow...

E a neve começa a cair sobre a cidade, anunciando a chegada do inverno... E ruas, praças, jardins, tudo vai ficando branquinho, lindo como um cartão postal, desses que a gente recebe no Natal, lá no Brasil, como se em nosso país a neve fosse presente de Natal.
Tínhamos, minha filha e eu, ido as compras de Natal e na saída da loja, a surpresa... os primeiros flocos de neve caiam sobre nós, numa delicadeza ímpar, mas na medida em que foram se tornando mais intensos, um vento cortante começou a soprar, penetrando pelas fibras da roupa, chegando quase a alma, e chegar até o carro no estacionamento aberto foi suficiente para as mãos mesmo enluvadas enrijecerem, gelarem... As pessoas daqui nem se abalam, seguem suas rotinas como se nada fosse, mas para quem vem de um pais tropical, tudo isto é uma novidade, tudo é muito lindo. Mais lindo ainda quando, como agora, dentro da casa quentinha, vejo a cidade ir embranquecendo pouco a pouco, a neve caindo mansamente, enquanto a música sugere...

Oh the weather outside is frightful,
But the fire is so delightful,
And since we've no place to go,
Let It Snow! Let It Snow! Let It Snow!

It doesn't show signs of stopping,
And I've bought some corn for popping,
The lights are turned way down low,
Let It Snow! Let It Snow! Let It Snow!

When we finally kiss goodnight,
How I'll hate going out in the storm!
But if you'll really hold me tight,
All the way home I'll be warm.

The fire is slowly dying,
And, my dear, we're still good-bying,
But as long as you love me so,
Let It Snow! Let It Snow! Let It Snow!



assim está a paisagem vista pelas janelas da casa, agora...

domingo, 19 de dezembro de 2010

Na Árvore de Natal, minhas saudades...


Distante do meu canto, distante dos meus amores e dos amigos que lá estão, minha alma, nostálgica, sente saudades... Saudade de quem lá está, saudade dos que se foram, saudade de mim, saudade de outros Natais, os da minha infância, os de outros tempos, quando ainda podia te-los todos em volta de mim, quando a saudade era (apenas) parte do coração dos mais velhos, dos que, como eu, agora, já tinham trilhada uma longa caminhada. Eu os olhava sem entender como seria possível dar tanto espaço ao que já havia passado, quando o presente era tão luminoso... Sem entender que ao longo da tal caminhada, o passado vai se tornando, por vezes, muito mais luminoso do que o presente, quando a ausência toma corpo e vai se tornando a mais constante presença.
Mas é tempo de Natal e vivê-lo bem, em companhia de pessoas muito amadas, é uma dádiva, um imenso presente de Deus. É, portanto, tempo de envolver as tais saudades em lindos e coloridos papéis de seda, atados com delicados laços de fita para que não se partam, e pendurá-las todas nos galhos da árvore, junto aos outros presentes... Transferidas de meu coração para a árvore, ainda assim estarão presentes, como presentes estão todos os que nelas vivem, mas será uma presença doce, iluminada, E quando na manhã do dia 25, na hora de abrir os presentes, eu as tomar de volta, será para solta-las, permitindo-lhes que voem leves pelo tempo levando meu carinho e meu sorriso aos donos de cada uma delas... Partem felizes por aqui terem estado, deixando a promessa de voltarem no próximo Natal, um pouquinho mais intensas...
E fico eu aqui pensando com os meus botões que Natal, além de uma festa de luz e cores, de alegrias e presentes, de amor ao Deus-Menino, é também um tempo de saudade, intensa e nem sempre doce saudade... A que habita hoje meu coração é bem doce e anda iluminando meus passos... E há de ser, sem dúvida, o mais valioso ornamento de nossa árvore.

sábado, 18 de dezembro de 2010

A vida assim nos afeiçoa...

A vida assim nos afeiçoa

(Manuel Bandeira)

Se fosse dor tudo na vida,
Seria a morte o sumo bem.
Libertadora, apetecida,
A alma dir-lhe-ia, ansiosa: - Vem!

Quer para a bem-aventurança
Leves de um mundo espiritual
A minha essência, onde a esperança
Pôs o seu hálito vital;

Quer no mistério que te esconde,
Tu sejas, tão somente, o fim:
- Olvido, imperturbável, onde
"Não restará nada de mim!"

Mas horas há que marcam fundo...
Feitas, em cada um de nós,
De eternidades de segundo,
Cuja saudade extingue a voz.

Ao nosso ouvido, embaladora,
A ama de todos os mortais,
A esperança prometedora,
Segreda coisas irreais.

E a vida vai tecendo laços
Quase impossíveis de romper:
Tudo o que amamos são pedaços
Vivos do nosso próprio ser.

A vida assim nos afeiçoa,
Prende. Antes fosse toda fel!
Que ao se mostrar às vezes boa,
Ela requinta em ser cruel...

Para entender a alma dos poetas...

A noite silenciosa e fria vai caminhando lentamente para a madrugada. Mergulhada em um livro de poesias fui deixando minha alma vagar pelos sonhos e pela fantasia através de cada frase, de cada linha, de cada sentimento expresso com ternura ou ódio, com amor ou paixão, com desespero ou tristeza, muitas vezes em prantos de saudade ou de desencanto...
E a alma vai vivendo cada momento descrito pelo poeta que tem , hoje, como cúmplice, uma lua em crescente que parece colocada lá no firmamento para provocar almas solitárias e faze-las sonhar, amar, divagar... Uma lua traiçoeira que invade o quarto através da vidraça e que, esgueirando-se pelas cortinas entreabertas, acaba por instalar-se em meu coração...
Ah, mas o que é que eu queria? Abri a guarda... Abri as janelas e o meu coração para os poetas numa noite de solidão e, como dizia o Poetinha, "junta-se a isso uma lua desvairada"...

Como nos versos de Florbela...

..
Ai as almas dos poetas
Não as entende ninguém;
São almas de violetas
Que são poetas também.

Andam perdidas na vida,
Como as estrelas no ar;
Sentem o vento gemer
Ouvem as rosas chorar!

Só quem embala no peito
Dores amargas e secretas
É que em noites de luar
Pode entender os poetas

E eu que arrasto amarguras
Que nunca arrastou ninguém
Tenho alma pra sentir
A dos poetas também!

(Florbela Espanca)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Num passeio pela noite...

Numas voltas pela cidade, esta noite, passamos por umas ruas lindamente iluminadas e não pude resistir a tirar umas fotos, mesmo sabendo que, com o carro em movimento, sendo noite, não conseguiria nada que encantasse. Escolhi as menos ruíns e testo com elas a boa vontade dos amigos e leitores do Prosa... rs... Mas coloco-as principalmente para minha nora, Maria Antonieta, para que ela possa ter uma pequena idéia de como estão estas ruas, tão bonitas, nestes dias que antecedem o Natal. E faço-o porque sei o quanto ela gosta de decoração, o quanto curte a beleza desta época.
Assim, vamos todos passear pelas ruas de Winchester, nesta noite gelada, com o aconchego da amizade e do Espírito do Natal em nossos corações...