floquinhos

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A madrugada é sempre mais doce com poesia...


Além da Terra

Além da Terra, além do Céu
no trampolim do sem fim das estrelas,
No rastro da aurora,
na magnólia das nebulosas.
Além, muito além do Sistema Solar,
até onde alcançam o pensamento e o coração.
Vamos!
Vamos conjugar o verbo fundamental, essencial,
o verbo transcendente, acima das gramáticas,
e do medo, e das moedas, e da política,
o verbo sempreamar,
o verbo pluriamar,
razão de ser e de viver.

(Carlos Drummond de Andrade)

Drummond... Sempre Drummond.


As rosas do tempo

Admirável espírito dos moços,
a vida te pertence. Os alvoroços,

as iras e entusiasmos que cultivas,
são as rosas do tempo, inquietas, vivas.

Erra e procura e sofre e indaga e ama,
que nas cinzas do amor, perdura a flama.


(Carlos Drummond de Andrade)

Seguindo os caminhos da vida...

É, são mesmo estranhos e inesperados os caminhos da vida e temos que aprender a segui-los com serenidade para que não nos pareçam intransponíveis, para que cheguemos ao nosso destino com uma carga bem positiva de atos, ações e sentimentos positivos, com a sensação de que valeu a pena cada passo, com nosso baú de memórias lotadinho de momentos significativos e assim possamos deixar atrás de nós um rastro que possa iluminar outros caminhos que cruzarmos na nossa jornada ou mesmo que sigam paralelos ao nosso.
Ah, claro que não é fácil, mas é bem compensador.

Por vezes, nas madrugadas insones, eu me pego viajando no tempo e no espaço para percorrer de novo trechos desse meu caminhar, para poder reviver momentos, encontrar pessoas queridas e com elas refazer alguns passos em longas conversas. Sento-me com elas em um banco qualquer colocado a beira do caminho e, parafraseando Mario Quintana, “eu mesmo preparo o chá para os meus fantasmas”... E enquanto saboreamos esse chá minha alma vai se aquietando e aprendendo a ser mais serena, mais doce,
E é com a alma renovada que retorno desse caminhar pelo tempo, pronta para continuar minha jornada amparada nos ensinamentos que a vida me proporcionou, no amor que sempre preencheu meus dias, na esperança de um amanhã sempre melhor, na imensa capacidade de sonhar que nunca me abandonou, na delícia de me sentir em paz comigo mesma, com a vida...
Assim vou seguindo meus caminhos... Doces ou tortuosos caminhos da vida...


terça-feira, 29 de setembro de 2009

Numa cinzenta manhã de primavera


Hoje o dia amanheceu enfarruscado, cinzento, com cara de triste, cheirando a saudade... Desses que joga a gente numa poltrona com um livro na mão e que nem o canto meio tristinho do bem-te-vi lá fora, no galho da árvore, convence que é primavera... O pobre bicinho deve estar todo molhado, cantando por obrigação...

O livro que tinha nas mãos, colocado aqui ao lado para que eu possa escrever, peguei-o na biblioteca de meu filho e é quase um tratado sobre o segundo império do Brasil, sobre Pedro II. Sempre gostei de ler biografias, ainda mais se for de personagens históricos e este certamente vai me prender. Mas meu estado de alma no momento pede algo mais intimista, mais próximo da fantasia, do romance, da poesia. Então vou perder-me entre Thiago de Mello, Manuel Bandeira, Cecilia Meireles, Pessoa e Drummond. Vou navegar nos sonhos alheios, vou buscar similaridades com meus pensamentos, parecenças com meus sentimentos, vou sonhar, vou divagar, vou entrar em sintonia com o dia e, certamente, sair dessa viagem ao centro de mim mesma com ares de primavera, para compensar o inverno lá de fora porque, como disse Cecília Meireles, "A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la."

Há o tempo da travessia...


"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos"

(Fernando Pessoa)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Um bloga que recomendo (3)


"Crônicas do Rochefo"

Em postagens anteriores falei-lhes sobre dois excelentes blogs, o "Foi desse jeito que eu ouvi dizer" e "Coisas do Arco da Velha", ambos merecedores de sua visita, pelo bom conteúdo de cada um. Hoje volto a recomendar um blog que talvez a maioria dos leitores e amigos do "Em Prosa e Verso" já conheça e, tenho certeza, vai endossar esta minha escolha. De conteúdo excelente, atual, dinâmico, trata os mais variados assuntos de forma clara, direta, lúcida, dando ao leitor uma panorâmica do que acontece não só em seu Portugal. Refiro-me ao "
Cronicas do Rochedo" brilhantemente conduzido pelo Carlos Barbosa de Oliveira. E nem preciso dizer mais nada. Basta clicar no link para chegar a um site que vale muito a pena ser visitado, ser lido.

domingo, 27 de setembro de 2009

Que foi feito de minhas noites?


Noite muito agradável, um céu de estrelas e luar, árvores não dançam ao sabor do vento, noite que convida ao passeio. Mas um passeio de carro seria um desperdício e um passeio a pé, uma temeridade. E não dá para não lembrar de outras noites como esta, noites que ficaram perdidas no tempo, noites em que a cidade fervilhava de gente num ir e vir, aproveitando a beleza da noite, saindo para tomar um sorvete, encontrar a namorada. As crianças brincavam nas calçadas enquanto os pais, sentados em cadeiras lá colocadas por eles mesmos, batiam papo com seus vizinhos, contavam casos, discutiam futebol.
Casais de namorados, de mãos dadas, davam voltas nos quarteirões, moças de braços dados passavam despreocupadas, sorridentes, mexendo com os corações doa rapazes parados de fronte ao bar da esquina, a mesma esquina que abrigava a carrocinha do pipoqueiro ou do vendedor de algodão-doce. Na “leiteria” do outro lado da rua, sorvetes e doces que faziam a delícia dos mais gulosos... A vida em movimento, a vida acontecendo com uma tranqüilidade muito própria dos “antigamentes”.
E nesta noite de passear de mãos dadas a luz do luar, de sentar num banco da praça para tomar um sorvete, comer pipoca, contar estrelas, namorar a lua, fico aqui perdida em pensamentos, em doces lembranças, perguntando a mim mesma como pôde o homem ter sido tão omisso, tão descuidado a ponto de permitir que o simples ato de ir e vir diante de sua casa, em seu bairro, tenha-lhe sido arrancado...

Sempre há poesia nos meus domingos...

(Foto Google)

Canção

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

(Cecilia Meireles)

Nesta manhã de domingo... Drummond


Poema que aconteceu

Nenhum desejo neste domingo
nenhum problema nesta vida
o mundo parou de repente
os homens ficaram calados
domingo sem fim nem começo.

A mão que escreve este poema
não sabe o que está escrevendo
mas é possível que se soubesse
nem ligasse.

(Carlos Drummond de Andrade)

sábado, 26 de setembro de 2009

O tempo e o vento


"O tempo é como um barco a vela. Nos dias em que o vento sopra pela popa, o tempo anda depressa. Mas quando o tempo navega contra o vento, então as horas parecem semanas e os meses, anos."

(Uma frase de Bibiana, em "O tempo e o vento", maravilhosa trilogia de Érico Veríssimo, uma de minhas leituras prediletas)

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Finalmente um céu de primavera


Hoje o dia amanheceu maravilhosamente azul, como se fosse o primeiro dia desta primavera. Um céu azul de brigadeiro, um friozinho gostoso, desses que não exige mais que uma blusinha de lã fina e uma meia no pé - corrigindo, duas meias, uma em cada pé... rs... Acordei com o canto dos pássaros e antes mesmo de abrir a janela sabia que havia sol porque o canto era alegre. Mas o vento foi chegando de mansinho e agora, um pouco mais ousado, faz dançarem as folhas das árvores. Se estivéssemos ainda nos anos dourados, esse vento indiscreto passaria levando chápeus de destraídas cabeças masculinas e levantando as saias rodadas das moças descuidadas que aos gritinhos as arrebanhariam com mãos agitadas, fingindo acanhamento. Mas homens hoje não mais usam chapéus - uma pena, porque era um acessório elegante e era delicioso ve-los tocando-os com as mãos ao cruzarem na rua com uma senhora, em sinal de cumprimento, ou tirando-os num gesto de cortezia para com as damas - e as meninas já não usam saias rodadas, trocaram-nas pelas calças compridas, pelos confortáveis jeans, além de que, as pernas agora andam livremente a mostra, sem que ninguém se escandaliza com isso. Bonitas ou feias, passam sobre saltos, tenis ou rasteirinhas. Como dizia Mestre Drummond, em seu Poema de Sete Faces: "O bonde passa cheio de pernas: pernas brancas, pretas, amarelas. Para que tanta perna, ..."
E o vento segue sua trilha agitanto as folhas, o céu continua azul e a primavera finalmente chega em nossas manhãs.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Enquanto a chuva cai...


(Manuel Bandeira)

A chuva cai. O ar fica mole . . .
Indistinto . . . ambarino . . . gris . . .
E no monótono matiz
Da névoa enovelada bole
A folhagem como o bailar.

Torvelinhai, torrentes do ar!

Cantai, ó bátega chorosa,
As velhas árias funerais.
Minh'alma sofre e sonha e goza
À cantilena dos beirais.

Meu coração está sedento
De tão ardido pelo pranto.
Dai um brando acompanhamento
À canção do meu desencanto.

Volúpia dos abandonados . . .
Dos sós . . . — ouvir a água escorrer,
Lavando o tédio dos telhados
Que se sentem envelhecer . . .

Ó caro ruído embalador,
Terno como a canção das amas!
Canta as baladas que mais amas,
Para embalar a minha dor!

A chuva cai. A chuva aumenta.
Cai, benfazeja, a bom cair!
Contenta as árvores! Contenta
As sementes que vão abrir!

Eu te bendigo, água que inundas!
Ó água amiga das raízes,
Que na mudez das terras fundas
Às vezes são tão infelizes!

E eu te amo! Quer quando fustigas
Ao sopro mau dos vendavais
As grandes árvores antigas,
Quer quando mansamente cais.

É que na tua voz selvagem,
Voz de cortante, álgida mágoa,
Aprendi na cidade a ouvir
Como um eco que vem na aragem
A estrugir, rugir e mugir,
O lamento das quedas-d'água!

Saudade trazida pela chuva...


Durante bem mais de meia hora fiquei olhando para a tela em branco, tentando buscar em mim palavras que compusessem meus pensamentos, que traduzissem meus sentimentos, que me fizessem entender a angustia que parecia sufocar minha alma inquieta. Não conseguira dormir e escrever sempre fora para mim uma maneira de me encontrar, de me acalmar...
Ah, se eu o tivesse ainda ao meu lado!... No quarto em penumbra, aconchegada em seus braços, repousaria minha cabeça em seu ombro e nesse momento não haveriam angustias, nem medos e sentindo a alma apascentada, o sono seria calmo, benfazejo. Adormeceria sentindo seus dedos correndo pelos meus cabelos, ouvindo sua voz sussurrando “boa noite, meu amor”, como se fora uma canção de ninar...
Fecho o laptop, apago a luz e encolho-me entre os lençóis da cama que foi nossa, e permanece agora e para sempre vazia de sua presença, de seu amor... Alma enrodilhada, olhos fechados, fico ouvindo o barulhinho da chuva que cai lá fora. Lembro-me do quanto gostávamos das noites de chuva. Parecia mesmo que ele as preferia às noites de luar e divertia-se ao ver-me namorando a lua, toda derretida quando sua luz esparramando-se pela cidade, atravessava a janela, invadia nosso quarto sem pedir licença vindo iluminar nossas recordações. Recordações que eram nossas... Recordações que hoje são minhas... Recordações que me embalam numa noite de muita saudade...

Dulce Costa
SP / 24 de setembro de 2009

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Na nostalgia desta manhã, um pensamento...

(Clique na imagem para ampliar)

"Que minha solidão me sirva de companhia. que eu tenha a coragem de me enfrentar. que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo."

(Clarice Lispector)

Um colar de contas venezianas...


Ao cair da tarde, o sol espalhava um suave tom dourado por sobre a cidade, colocando em cada rua, em cada praça, um cenário de romance. Ela caminhava calmamente, como se quisesse prolongar a beleza daquele por do sol quando seus olhos atraídos para uma vitrine, pousaram sobre um colar de contas venezianas colocado a um canto. Parou para olhar mais de perto e encantada, entrou na loja pedindo a senhora que veio atende-la que o mostrasse. Lindo, delicado, num suave tom de azul com arabescos dourados e florzinhas em tons de rosa muito suave desenhados em alto-relevo. Parecia-lhe que vira entre os guardados de sua mãe, num velho álbum de fotos, um colar semelhante a aquele enfeitando o delicado colo de sua avó, uma linda mulher cuja juventude ficara aprisionada no tempo através daquele retrato. Não conseguindo segurar o impulso, comprou-o. Poderia usa-lo logo mais a noite, para ir a um jantar em casa de amigos.

Quando recebia a caixa, envolta numa bonita fita dourada, ouviu uma voz atrás de si, cumprimentando-a pela compra e, ao virar-se para responder, deu com o mesmo homem que cruzara com ela naquela manhã quando saia da cafeteria e que a deixara impressionada pelo porte, pelo jeito de olhar. Apresentou-se como sendo o proprietário da loja e contou-lhe que aquele era um dos colares que recebera ainda naquela tarde e, como se fossem velhos conhecidos ficaram ali conversando por quase uma hora e só quando a vendedora veio perguntar ao patrão se poderia fechar a loja foi que ela se lembrou que tinha um compromisso naquela noite e que já estava atrasada. Despediu-se apressada, correu para casa para poder preparar-se para sair de novo e em pouco mais de meia hora já estava entrando num táxi que a levaria a casa dos amigos. E durante todo o tempo seu pensamento girara em torno daqueles olhos, daquele sorriso.
Ao chegar, tentando desculpar-se pelo atraso, ouviu da amiga que ela não era a única, que aquele seu primo que se transferira para o Brasil há pouco tempo e que estava com uma maravilhosa lojas de antiguidades no bairro, o homenageado daquela noite, ainda não chegara. Nesse momento ela ouviu atrás de si uma voz agora inconfundível desculpando-se pelo atraso. Virou-se e deixou que seu olhos se perdessem nos dele por um momento. Ela estendeu a mão que ele tomou carinhosamente e foram se encaminhando para a sala de jantar sob o olhar surpreso da anfitriã que, sorrindo, seguiu-os pensando que aquele seria, realmente, uma noite muito especial...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

As cores deste mundo


O Vento

O vento é um inveterado ledor de tabuletas. E, com toda aquela sua pressa, é exatamente o contrário do leitor apressado: não salta uma só que seja, não perde nenhuma delas, lê e passa - que o seu destino é passar -, mas guarda uma lembrança vertiginosa de todas, principalmente das verdes, das vermelhas, das de azul mais forte, sem esquecer, ó Van Gogh, as tabuletas amarelas...
Sabes? Passa no vento a alma dos pintores mortos, procurando captar, levar (para onde?) as cores deste mundo.
Que este mundo pode ser que não preste, mas é tão bom de se ver!

(Mario Quintana)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Primavera / Outono - Duas estaçoes de sonho...


(Lindas flores anunciando a primavera)


(Uma linda paisagem de outono - Cique na imagem para ampliar)

Estamos entrando na primavera aqui no hemisfério sul. E o dia amanheceu radioso, azul, ensolarado, os pássaros estão presentes com seu canto alegre ou irreverente, tornando a manhã ainda mais bonita. E a cidade vai se cobrir de lindas flores, os corações vão ficar mais sensíves já que é o tempo do amor, a beleza vai estar em toda a parte....
Está começando o outono lá no hemisfério norte, uma estação linda elegante, colorida. No ano passado, por esta época, estava em Massachusetts e pude vivenciar a passagem dessa estação e me maravilhar com suas cores, seu charme, sua beleza.
Então, cá e lá a vida se cobre de cores, luzes, beleza. Então, cá e lá vivemos as mais lindas estações do ano. Então, cá e lá, ao vivo ou em pensamento, venho desejar aos amigos e leitores do "Em Prosa e Verso" dos dois hemisférios, uma feliz Primavera / um feliz Outono, com todas as cores e alegrias que os próximos três meses possam lhes oferecer.

A quem você daria um cartão vermelho?


Em passeio ontem pelo "
Crônicas do Rochedo" fui praticamente intimada pelo Carlos Barbosa de Oliveira a dar Cartão Vermelho a dez pessoas que considerasse merecê-lo, sob pena de perder minha licença de caminhar naquele pedaço da blogosfera (rs) e como nem posso pensar nisso, corri a preparar tanto minha lista dos dez merecedores desse cartão (como exige o desafio) quanto a dos que desafio também a passar para a frente o referido cartão.

E como "conto o pecado, mas não conto o pecador", para não criar um mal estar no meu cantinho, ai vai a lista dos dez contemplados pelo cartão, sem citar nomes, porque cada um sabe se a carapuça lhe serve... (rs)

Aceno sem titubear um cartão vermelho...

- Ao que tendo sede de poder vai levando de roldão tudo e todos que encontra pela frente, sem pensar no mal que vai causando com sua desastrosa ascenção
- Ao que mente descaradamente
- Ao egoista que pensando que o mundo foi criado para servi-lo jamais se preocupa com seu semelhante
- Ao dissimulado que veste uma máscara que lhe cobre um carater duvidoso.
- Ao manipulador que se sente o dono da verdade e quer que o mundo gire levado pelo toque de suas mãos
- Ao fraco que se deixa levar sem sequer tentar um caminho
- Ao preguiçoso que fica estagnado na vida esperando que a oportunidade lhe caia do céu
- Aos pais que já não mais educam seus filhos, legando a humanidade cicadãos irresponsáveis, despreparados
- Ao falso profeta que usa a fé das pessoas para construir seu enganoso império
- Ao insencível, que nunca se comove, que fecha os olhos para as necessidades de seu próximo

Meus amigos, a lista dos merecedores de um cartão vermelho seria enorme, mas deixo espaço para que nos digam a quem o legariam, caso queiram aceitar este desafio, para os seguintes blogs:

- "Coisas daqui e dali" - Carlos Albuquerque
- "Mundo e Vida" - Daniel Costa
- "Mar de Chamas" - Lisa (Agulheta)
- "Na Casa do Rau" - Fernanda
- "Wallarte" - Waléeria
- "In FocO" - Vivian
- "Pico Minha Ilha" - Salomé
- "Foi desse jeito que eu ouvi dizer" - Silvana Nunes
- "Africa em Poesia" - Lili Laranjo
- "Tal Qual Sou" - Maria Emilia

domingo, 20 de setembro de 2009

Numa noite de chuva...


Noite de domingo, casa tranquila... Sem querer sentir em mim nostalgias ou recordações, apenas vivendo um momento de recolhimento, um momento de música que vem suavemente envolver minha noite, enrodilho-me na poltrona de meu quarto. Há horas em que preciso estar assim, só. Horas em que me deixo levar suavemente pelo mundo do irreal, quando as notas musicais que preenchem o ambiente vão formando imagens em minha mente, vão inventando histórias, criando fantasias.
E como minha alma é pródiga em fantasias!...
Imaginava que o passar do tempo colocasse um pouco de juízo nessa alma insana, obrigando-a a ficar mais presa a realidade, fazendo-a enxergar que a passagem dos anos tira-nos o "direito" a cometer loucuras, ainda que doces loucuras cometidas apenas em pensamentos, em desvairados sonhos e, fazendo-a então perceber o ridiculo de certas situações, ve-la finalmente portar-se como é devido a uma senhora. Porque, abrigada no corpo de uma mulher que caminha para o final do outono de sua vida, como pode uma alma imaginar-se com direito a sonhos e ilusões de uma adolescente?
Mergulhando dentro de mim mesma, procuro ter com ela uma conversa e, quando tento traze-la a realidade ela sorri tristemente e me confidencia que numa noite de chuva como esta, com o doce barulhinho dos pingos contra a vidraça, sentindo-se frágil, absolutamente desamparada, sozinha, precisa mergulhar nos sonhos para não se perder nas sombras da solidão que anda rondando seus domínios. Então eu me calo e corto as amarras para que ela possa partir em busca de seu momento de paz...

Agradecendo a todos...

Meus queridos amigos, quero agradecer por terem festejado comigo uma data tão especial na minha vida e, encerrando a festa, ai estão meus "meninos' assoprando as velinhas...


E eu e meus "meninos" estamos aqui para agradecer os parabens, os votos de felicidades e a presença de cada um de vocês na nossa festa.
Muitissimo obrigada, queridos amigos, por tudo. Beijos de nós todos para todos vocês.

sábado, 19 de setembro de 2009

Meus aniversariantes, antes da festa...



Olhem ai meus amores, meus "meninos", hoje a tarde, entre um momento e outro de correria.
Agora, vamos lá nos engalanar para receber os convidados. Prometo mandar fotos da hora do "parabéns". Meus amigos, adoro repartir cada momento feliz da minha vida com vocês...

Inquietudes das madrugadas...


A noite era de vento, barulhento, revolvendo tudo, balançando as árvores, cantando sua canção de chuva. A noite ia alta, já madrugada e o sono recusava-se a vir fazer-lhe companhia. A alma começava a ficar inquieta, pedindo aconchego, pedindo carinho... No silêncio da casa não ousava sair do quarto para não incomodar o sono dos que precisavam descansar. E a alma, sedenta de aconchego, cantava uma doce canção, volteando pelo quarto, trazendo lembranças, saudades, nostalgia. A noite que avançava, pouco a pouco foi se fazendo triste, tão triste quanto ela, aqora envolta nas saudades que a maldade da alma irriquieta e atrevida despertara dentro de si...

Fechou os olhos e, rendendo-se ao momento, saiu pelo tempo e pelo espaço a procura de um sonho perdido, um sonho que acalentara um dia, mas que, esquecido no fundo de seu ser, deixara-se ficar por tanto tempo entorpecido, para retornar descolorido, sem graça e, via agora, sem nenhuma razão de ser. Então já não havia sonho? Ah, não, ela nunca deixaria de sonhar. Apenas não se permitiria colecionar sonhos inúteis, enganosos, impossíveis... Apenas precisava aquietar a alma, domar um coração tolo que jamais aprenderia a lição... E retomar o caminho da esperança.
A madrugada foi dando lugar ao dia, a alma foi se aquietando, o sono veio finalmente envolvê-la num doce e reparador abraço que a acalentaria até que o som do rádio-relógio viesse avisá-la de que estava na sua hora de sair dos lençóis e ir enfrentar um novo dia que, certamente, seria lindo...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Uma pausa para a alma...


E o que há de melhor para a alma que a doçura de Mario quintana?

Tempo perdido

Havia um tempo de cadeiras na calçada, Era um tempo em que havia mais estrelas. Tempo em que as crianças brincavam sob a claraboia da lua. E o cachorro da casa era um grande personagem. E também o relógio da parede! Ele não media o tempo simplesmente: ele meditava o tempo.

Continuam os preparativos...

A azáfama continua, todo mundo trabalhando para que a festa seja linda, para que tudo esteja perfeito.
E para as minhas amigas que conhecem a Dona Conceição (lembram-se da orquidea Sapatinho de Nossa Senhora), aí está ela, com a Vilma, uma amiga muito querida, confeitando o bolo dos aniversariantes.

Nos preparativos para a festa...


Como vocês sabem, meu filho e meu neto estão festejando aniversários nesta semana. Pai e filho nasceram no mesmo dia – 16 de setembro. E já fiz o maior estardalhaço há alguns dias
aqui, anunciando que meu filhote completava cinqüenta anos e meu neto, dezoito. Pois bem, para festejar com eles datas tão especiais foi que voltei ao Brasil mais cedo e ontem vim de São Paulo para cá. A casa está num azafama de todo tamanho, com os preparativos para a festa que acontecerá amanhã. Um jantar vai marcar a data e vai reunir amigos mais chegados e parentes.

Maria Antonieta, minha nora, é pessoa de muito bom gosto, atenta aos mínimos detalhes, vem cuidadosamente preparando essa festa que antevejo linda. Louças, talheres, cristais, tudo já devidamente preparado, doces feitos, bolo em andamento – hoje, Dona Conceição (que vocês já conhecem e que foi boleira de mão cheia) vem para confeccionar o bolo, enfim, tudo correndo conforme o esperado. As flores serão compradas amanhã e os arranjos para as mesas ficam por minha conta, afinal, trabalhar com flores já foi ocupação em minha vida por uns tempos quando, filhos adolescentes ainda, confeccionar flores em tecido e montar os arranjos, guirlandas, grinaldas ocupava parte de meu dia. Vocês nem imaginam quanta coisa diferente eu já fiz durante esta minha longa caminhada... Flores, artesanato, pintura, cursos e mais cursos, inclusive de idiomas, tudo para não ficar paradinha no tempo, até que, filhos criados e saindo de baixo de minhas asas para enfrentar o mundo, voltei ao trabalho fora de casa e a novos estudos.
Mas eu falava sobre os preparativos para amanhã e já vou me desviando do assunto... Na verdade, já ouço movimento pela casa, o que significa que o “dia” já começou e que é hora de descer para o café da manhã. Mas volto sempre que tiver uma folguinha.

CECILIA MEIRELES - Poesia na minha madrugada


Reinvencão

A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... — mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só — no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva,
fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Um blog que recomendo...

Faz alguns dias recomendei aqui o cantinho lindo da Silvana Nunes "Foi desse jeito que eu ouvi dizer", um apanhado de lendas e tradições. Hoje volto a recomedar um blog merecedor de toda a atenção pelo conteúdo interessantíssimo. Como seu autor mesmo define, "uma coletanea de frases, brocardos, ditos, locuções..." de nos encantar a cada vez que lá vamos. Refiro-me ao maravilhoso "Coisas do Arco da Velha", que vem assinado pelo Tinta Permanente Vale a pena fazer uma visita a esse blog a cada semana que é quando seu autor vem nos trazer seus conhecimentos e suas pesquisas tão interessantes.
Hoje vocês encontram por lá "Lengalengas e trava-línguas". E quem, em criança, não gostava dessa brincadeira? Quem não se deliciava em soltar um "Era uma vez uma mafagafa, com sete mafagafinhos. Morreu a mafagafa, ficaram os sete mafagafinhos"... Lembram-se? E o "Hoje é domingo / pede cachimbo / cachimbo é de barro...
E vasculhem as postagens anteriores; vocês vão lá encontrar, sem a menor dúvida, coisas do arco da velha.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

De malas pronta, lá vou eu... (De novo?)


E lá estou eu, de novo, fazendo malas, empacotando coisas, preparando-me para mais uma viagem. Claro que não há nem termos de comparação, já que vou aqui pertinho, a não mais de cem quilômetros, mas é preciso o mesmo cuidado para não esquecer nada, para não levar o desnecessário, enfim. lá vou eu, amanhã cedo para a acolhedora cidade de Campinas.
Vou, mas continuo aqui, da mesma forma, com vocês, exatamente como foi durante o tempo em que estive em Massachusetts. Através de meu laptop, este amigo inseparável, vamos poder continuar conversando, vou continuar recebendo amigos e amores com o mesmo carinho e vou visitá-los tambem em seus blogs, com esse mesmo carinho.

E não posso sair sem deixar algo bonito para sua noite/madrugada,... Assim, fiquem com Mario Quintana, para sua sensibilidade e a rosa linda, perfumada pelo doce aroma da amizade, para seu coração.

DO AMOROSO ESQUECIMENTO
Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...

Mas será que nunca deixo

De lembrar que te esqueci?

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Clarice Lispector para você...


Que minha solidão me sirva de companhia.
Que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Meu refúgio


Os meus sonhos são refúgios... É neles que me escondo da solidão, do desamor, do tédio.
Neles o mundo quase alcança a perfeição e meu carinho, que se derrama por todos os lados, retorna a mim em forma de amor correspondido, de ternura infinita, de paixão, até... Neles ainda posso ter o frescor da juventude, a beleza de meus trinta anos e o encanto de minha maturidade.
Por tolo que isso possa parecer, é mergulhando nos meus sonhos que eu me encontro e deles consigo emergir com muito mais forças para enfrentar a pasmaceira de minha realidade. Graças a eles vivo sozinha, mas não sou solitária, não amargo em mim o desespero da solidão. Graças a eles a esperança ainda faz parte de mim, ainda norteia meus passos.
Ah, a magia dos meus doces sonhos... Ah, o acalanto de tua presença constante neles... A ternura do teu amor tão distante e tão próximo de meu coração... Vivesse eu mil anos e viveria meu coração em sonhos, em busca de tua presença...

Na cinzenta manhã de segunda-feira...

Um pensamento...

"Mas se desejarmos fortemente o melhor e,
principalmente, lutarmos pelo melhor...
O melhor vai se instalar em nossa vida.
Porque sou do tamanho daquilo que vejo,
e não do tamanho da minha altura."

(Carlos Drummond de Andrade}

domingo, 13 de setembro de 2009

MEUS POETAS DO CORAÇÃO - Florbela Espanca (Sempre)


Folhas de rosa

Todas as prendas que me deste, um dia,
Guardei-as, meu encanto, quase a medo,

E quando a noite espreita o pôr-do-sol,
Eu vou falar com elas em segredo ...

E falo-lhes d'amores e de ilusões,

Choro e rio com elas, mansamente...

Pouco a pouco o perfume do outrora
Flutua em volta delas, docemente ...

Pelo copinho de cristal e prata
Bebo uma saudade estranha e vaga,

Uma saudade imensa e infinita

Que, triste, me deslumbra e m'embriaga

O espelho de prata cinzelada,

A doce oferta que eu amava tanto,

Que reflectia outrora tantos risos,

E agora reflecte apenas pranto,

E o colar de pedras preciosas,

De lágrimas e estrelas constelado,

Resumem em seus brilhos o que tenho

De vago e de feliz no meu passado...

Mas de todas as prendas, a mais rara,
Aquela que mals fala à fantasia,

São as folhas daquela rosa branca

Que a meus pés desfolhaste, aquele dia...

Sábado à noite, a alma inquieta...


Noite de sábado, avançando para o domingo e estou aqui estranhando o barulho que vem da rua, pois há uma festa no prédio em frente e o som não respeita limites de propriedades. Durante dois meses a noite foi absurdamente silenciosa, tranquila e linda, porque de verão, porque numa cidade pequena do interior de Massachusetts. Na verdade, hoje, aqui em São Paulo, a noite também é linda, prenunciando a chegada da primavera. Só não a sinto tranquila...
E atribuir à noite, aos vizinhos que estão felizes, aos carros que circulam na rua, a culpa pela agitação que começo a sentir em mim e que prenuncia mais uma madrugada passeando pela casa, entre chás e música, entre livros de poesia e momentos de reflexão, é tirar de uma alma inquieta e incorrigível a culpa que lhe cabe.

sábado, 12 de setembro de 2009

Hoje é dia de J G de Araújo Jorge...


"Parece coisa de louco
Como explicar na verdade
Que o amor, que durou tão pouco
Me doa uma eternidade"

A poesia de J G de Araujo Jorge

O lado bom

Quero ser uma ilha,

um pouco de paisagem,
uma janela aberta,
uma montanha ao longe,
um aceno de mar.

Quando precisares de sonho,
de um canto de beleza,
de um pouco de silêncio,
ou simplesmente
de sol... e de ar...

Quero ser o lado bom
em que pensas,
isto que intimamente
a gente deseja
mas nem sempre diz
- quero ser, naquela hora,
o que sentes falta
para seres feliz...

Que quando pensares
em fugir de todos
ou de ti mesma, enfim,
penses em mim...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

De novo em casa...


"Estou de volta pro meu aconchego
Trazendo na mala bastante saudade,

Querendo um sorriso sincero, um abraço
Para aliviar meu cansaço...
"

De volta ao ninho, depois de uma viagem boa, embora cansativa, hora de matar saudades.
Já no aeroporto, dois braços a minha espera... E, claro, como não poderia deixar de ser, a Marginal congestionada, mas vínhamos conversando, contando coisas e o tempo não se fez sentir.
Desfazer as malas (com o auxîlio de minha fiel escudeira), um banho quentinho, um almoço especial...
Minha casa, meu canto, minha vida... ou, parte dela, já que se divide entre três lugares diferentes e igualmente amados...
São Paulo está azul, convidativo para um passeio, mas tudo o que eu quero e curtir meu mundinho, sentar-me na minha poltrona favorita para abrir a correspondência, tomar um café a tarde no terraço, passear pelos cômodos que ficam em silêncio ao anoitecer e se a madrugada for insone, aconchegar-me no sofá para ouvir música, sonhar... Porque afinal, estou de volta pro meu aconchego...

E a partir de agora, é com esse carinho que os recebo em minha casa para nossos bate-papos, para nossas trocas de idéias, para nossos desabafos. Sejam bem vindos ao meu cantinho paulistano.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Qual é o tempo que o tempo tem?


Meus amigos, parece que foi ontem mesmo que cheguei aqui cheia de saudades de minha filha e dos meus gringuinhos... O tempo não passou depressa, não... O tempo voou!... E durante praticamente dois meses fiquei aqui contando coisas, mostrando fotos, partilhando com cada um de vocês estes momentos. Mas é chegada a hora da volta ao ninho!... E lá vou eu pelas asas da United em regresso ao Brasil
E o que ameniza um pouco minha tristeza em partir é saber que lá no outro hemisfério esperam-me filhos e netos tão saudosos como eu... Já no aeroporto dois braços longos e fortes esperam-me para um abraço. Fábio (como diria minha mãe quando se referia a mim) meu filho do meio, mora comigo desde que terminou seu segundo casamento, mas dificilmente está em casa. Divide-se entre seus pacientes no hospital e (imagino) sua namorada, e ai me sobram duas ou três noites por semana para um delicioso jantar que ele mesmo prepara (seu hobby é a gastronomia) sempre acompanhado de meia taça de um bom vinho, depois uma prosa amiga ou pega lá sua guitarra ou seu violão e enfeita minha noite. Seus três filhos (do primeiro casamento) moram bem perto e sempre estão conosco nos finais de semana. Ah, não seria justo esquecer da minha “fiel escudeira” a Nilda, que cuida da casa com carinho, que merece nosso respeito pela pessoa linda que é. E tem ainda o Bill, um schinauzer que foi lá para casa contra a minha vontade, pois acho terrível prender animais em apartamento, ainda que tenha todo aquele espaço lá de casa, mas ao chegar de minha viagem anterior lá estava ele e é tão dócil, tão amigo que conquistou não só minha simpatia, mas meu coração também.
Mas, uns dias depois de chegar, lá vou eu pé na estrada de novo... Desta vez sigo para a Campinas, linda cidade distante cem quilômetros de SP, para a casa do (de novo como minha mãe costumava dizer) meu mais velho... Lá vou estar com ele, o Ubirajara jr, com minha nora que tenho como filha, Maria Antonieta e com meu neto Caio. E o motivo desta vez é extremamente gratificante e alegre para mim. Meu filhotinho, o garotinho que me chegou numa noite de setembro, vai completar 50 anos!... Já imaginaram a dádiva da vida e de Deus que é ver seu filho completar 50 anos? Lembro-me que quando meu marido fez cinqüenta anos minha sogra caiu em pranto e quando perguntamos porque chorava, ela disse soluçando que uma mulher com um filho cinquentão é uma velha... Convence-la do contrario foi impossível,,, Já minha mãe só viu a mim fazer cinqüenta anos pois seus dois outros filhos foram-se muito antes de os completar...
Diante disso, meu coração se enche de gratidão a Deus e a vida, por este momento tão especial, tão lindo. Ainda mais estando eu tão lúcida, viva, participante da vida e do mundo, senhora de mim, dona de meus caminhos... E tem mais, Caio, filho do “meu Bira” exatamente no mesmo dia, completará dezoito anos!... Não é lindo demais? Pai e filho aniversariando no mesmo dia? Haja festa!...

Pois ai está meus amigos... E agora lá estão vocês pensando: mas se tem um filho de cinqüenta, quantos anos tem então essa senhora? Ora... Tenho a idades que cada um de vocês quiser me atribuir, mesmo porque, há dias em me sinto fresca, viçosa, como se tivesse vinte anos. Em outros sou mulher na força da idade, resolvida, forte. Dias há em que estou madura, senhora de mim, cheia de sonhos e namorando a lua. E ha ainda outros, bem poucos, é verdade, em que, frágil, tenho cem anos e aí a vida me carrega nos braços...

Dulce Costa
Na madrugada de Winchester, no dia dez de setembro do ano de dois mil e nove.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

EU RECOMENDO

(Foto foi copiada do blog para ilustrar este post)

Se você gosta de lendas, folclore, histórias populares, faça uma visita so lindo blog "FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER", carinhosamente mantido pela Silvana Nunes. Imperdivel!
E ainda recebe amigáveis "Saudações Florestais"!

E hoje é dia de Paulo Bonfim


"Há pessoas que, para subirem, descem tanto, que a vitória se transforma em derrota."

(Paulo Bonfim)

A poesia de Paulo Bonfim (2)


Soneto XIII

Pastor já fui desse rebanho alado,
Que pelos céus caminha, pensativo,
A ruminar a grama azul do prado
E a desmanchar-se em pensamento vivo.

Pastor já fui de olhar perdido e calmo,
Guardando as reses pelo campo etéreo,
Entoei sobre a campina cada salmo
De um livro que perdi sobre o mistério.

Já fui pastor fora de certo espaço,
Das loucas dimensões em que me banho,
Não sei se é no futuro em que me abraço

Ou no passado desse meu rebanho!
Pastor já fui, hoje arrebanho a mágoa
Do meu rebanho a desfazer-se em água.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Apenas um desabafo...


Ontem o Brasil comemorou o “Dia da Pátria” e viajando no tempo como costumo fazer sempre, voltei aos anos 50 quando, adolescentes, estudantes, desfilávamos orgulhosamente nesse dia. Era uma festa. Nós nos sentíamos tão importantes! Lembro-me bem que no último desfile de que participei a festa foi no Pacaembu, e foi a primeira e ultima vez que entrei naquele estádio. Fiquei deslumbrada com o tamanho dele. E foi marcante também porque pela primeira vez não me senti desajeitada, patinho feio entre as meninas da minha classe, todas tão lindinhas, porque havia perdido uns quilinhos que me atormentaram durante os primeiros tempos de minha adolescência. E foi quando, pela primeira vez percebi olhares interessados dos rapazes que desfilavam conosco... Ainda demorei um tempo para ter meu primeiro namoradinho, mas já não me sentia deslocada... Ah tempos bons, aqueles... Tão lúdicos, tão diferentes dos de hoje...

Hoje os alunos já não desfilam, não aprendem a cantar corretamente o Hino Nacional, muito menos o Hino a Bandeira, e nem sei como poderiam pensar em hinos se os pobrezinhos não conseguem nem aprender matemática... Português, então!... Claro que não me refiro as crianças das classes mais favorecidas, essas nem podem ser referência para um pais como o nosso, com tanto interiorzão, sertão, vilas e cidades distantes para serem atendidos.
Mas o 7 de setembro não deveria ser um dia de louvor a Pátria, de orgulho cívico? Então que é que eu tenho que ficar lembrando probleminhas de uma adolescência que se perdeu num passado distante, ou de crianças que não conseguem aprender porque, subnutridas e esquecidas pelas autoridades "competentes' acabam tendo um futuro de cartas marcadas? E porque será que enquanto estou escrevendo fica bailando na minha cabecinha uma imagem triste, vergonhosa, de uma senhora que um dia já foi ídolo de adolescentes, uma cantora que não sabia a letra da musica que cantava e que, para vergonha da nação era o Hino Nacional, uma senhora que deveria responder pelo impensado ato de desrespeitar seu hino e seu país, juntamente com uns tantos assistentes que ao final da triste apresentação ainda ensaiaram um aplauso?... Ah, pobre do meu pais, deste chão que me enternece, desta Pátria que ainda há de ser grande, maior ainda do que já a sinto dentro de mim...

Dulce Costa
Na madrugada do dia oito de setembro do ano de dois mil e nove.

E hoje é dia de Quintana...


Poema da gare de Astapovo

O velho Leon Tolstoi fugiu de casa aos oitenta anos
E foi morrer na gare de Astapovo!
Com certeza sentou-se a um velho banco,
Um desses velhos bancos lustrosos pelo uso
Que existem em todas as estaçõezinhas pobres do mundo
Contra uma parede nua...
Sentou-se ...e sorriu amargamente
Pensando que
Em toda a sua vida
Apenas restava de seu a Gloria,
Esse irrisório chocalho cheio de guizos e fitinhas
Coloridas
Nas mãos esclerosadas de um caduco!
E entao a Morte,
Ao vê-lo tao sozinho aquela hora
Na estação deserta,
Julgou que ele estivesse ali a sua espera,
Quando apenas sentara para descansar um pouco!
A morte chegou na sua antiga locomotiva
(Ela sempre chega pontualmente na hora incerta...)
Mas talvez não pensou em nada disso, o grande Velho,
E quem sabe se ate não morreu feliz: ele fugiu...
Ele fugiu de casa...
Ele fugiu de casa aos oitenta anos de idade...
Não são todos que realizam os velhos sonhos da infância!

(Mario Quintana)

Da Felicidade...

Mario Quintana

Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Quase de volta ao ninho...

(Numa tarde fria, na vespera de minha vinda para cá, Bia e eu aproveitamos para um momento juntas e o Bill não se fez de rogado e pegou carona na foto...)

Estava aqui arrumando umas fotos e deixando a saudade ir apertando um pouquinho meu coração porque mais quatro dias e já vou estar de volta no ninho, já vou poder rever meus amores de lá e... ai começa a saudade dos amores de cá... C'est la vie... ou melhor, c'est ma vie...
Coração pedindo, ligo para casa e lá vem meu filhote dizendo que... wow... o modem do PC la de casa (ou o roteador) está com problemas. E porque ele não manda acertar? Ahhh... como todo filho que se preza, ele não tem tempo... (rs) Pacientes graves o tem retido mais tempo no hospital!... Por que será que filho nunca tem tempo? (rs)... Então significa que quando chegar a SP vou ter que providenciar assistência técnica se quiser minha internet de volta... Então significa possivel ausência do meu blog (snif... snif...) por uns dias? Não sei, pode ser, mas já deixo um avisinho aos meua amigos para que não estranhem se ficar o próximo final de semana fora da blogosfera.
E ja que falo em saudade, vou apresentando a vocês minha neta Ana Beatriz (Bia), neta-afilhada primeira e única, porque os outros cinco são "varões"... rs... E como ela torcia, a cada irmão ou primo que fosse nascendo para que não fosse menina, só para não perder o status de princesinha da familia... rs...
Ah, meus amigos, esta familia, como qualquer outra, tem muitas histórias... rs

domingo, 6 de setembro de 2009

O importante é,,,


"O mais importante de tudo não é o que fizeram de você, mas o que você vai fazer com o que fizeram de você."

(Jean Paul Sartre)