floquinhos

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

FELIZ ANO NOVO PARA TODOS


Aos queridos amigos e leitores do "Em Prosa e verso" meu melhor muito obrigada pela presença neste espaço durante todo este ano e pela amizade com que me acolhem sempre.
Para cada um de você um grande e carinhoso abraço e votos de um muito

FELIZ ANO NOVO!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Em casa, novamente...



De volta ao ninho, na doce companhia de minha filha e de meus gringuinhos. nesta tarde enfarruscada, já pensando nos preparativos para a noite de Ano Novo. Mas, antes de mais nada, vim ver meus amigos e desejar-lhes um bom finalzinho de ano e que o Novo Ano que se aproxima chegue carregadinho de amor e de paz para os seus corações.
Bom demais estar em casa, bom demais estar entre vocês.

E, para suavizar a tarde, deixo para vocês uma linda poesia de Cecília Meireles já apresentada aqui, mas como gosto muito, e tenho para mim que o que é bom nunca é demais...

Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.

Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.

Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
- Vê que nem te digo - esperança!
- Vê que nem sequer sonho - amor!


Nas proximidades de um novo ano...


Um pensamento de Mario Quintana:

"Bendito quem inventou o belo truque do calendário, pois o bom da segunda-feira, do dia primeiro do mês e de cada ano novo é que nos dão a impressão de que a vida não continua, mas apenas recomeça..."


segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Segundo Drummond...


"Entre as diversas formas de mendicância, a mais humilhante é a do amor implorado."

(Carlos Drummond de Andrade)

domingo, 27 de dezembro de 2009

Minha eterna saudade...


Durante décadas, lá em casa, a data de hoje foi de festa e alegria. Houve um dia de uma falsa alegria, então, quando comemoramos a data por última vez, que foi quando ele já se despedia da vida que só duraria mais quatro dias e, após isso este passou a ser um dia de saudades. Este data marca o aniversário de nascimento de meu marido, Ubirajara, minha eterna saudade...
Quando ele já estava bem doente, escrevi uma crônica que transcrevo aqui, agora, como homenagem a ele,

Olho para ele ali sentado, cabisbaixo, olhos cerrados, um ar de tristeza estampado em cada canto de seu rosto, coração mergulhado no passado, e não posso deixar de me entristecer, não posso evitar comparações entre o homem que foi e o que é agora... Não poso evitar, eu mesma, de mergulhar no passado e de lá resgatar lembranças e saudades...E volto décadas no tempo para vir lentamente caminhando com ele, passo a passo percorrendo de novo nossos caminhos, ora atribulados e pedregosos, ora suaves e plenos de luz, numa jornada ao mesmo tempo semelhante a tantas outras embora única, só nossa. Jornada que se prenunciou numa linda tarde de verão, no final dos anos dourados, quando, voltando do meu trabalho, dei com dois olhos castanhos, profundos, firmes, postos em meus olhos.
Nossos caminhos se cruzaram então, como se cruzavam os caminhos que tínhamos que percorrer todas as tardes, eu voltando do Senai, onde trabalhava, e ele voltando da IBM, onde fazia um curso técnico de manutenção de máquinas, na Rua Piratininga, no Brás. E durante uma semana, entre trocas de olhares e sorrisos, foi crescendo em mim uma expectativa, um sonho... Trago ainda bem viva em minha lembrança a sensação que tomou conta de meu coração quando o vi aproximar-se de mim por primeira vez, o som doce, suave de sua voz ao me dirigir as primeiras palavras, tão prosaicas, tão usadas pelos jovens de então, quando se aproximavam de uma moça, como se fora um pedido de licença para chegar: “Posso acompanha-la?” E tem me acompanhado pela vida afora, tem sido desde então namorado, noivo, marido, amante, companheiro, irmão, pai, amigo, servo e senhor...
Dez meses depois eu entrava na Igreja do Brás para, diante de Deus, tornar-me sua mulher. Começava então a longa jornada... Homem inteligente, amante do saber e da cultura, passou a dividir seu tempo entre os cuidados para com sua família, a formação de nossos três filhos, seu trabalho e seus estudos que seguiram constantes ao longo de todas estas décadas e que o tornaram conhecido entre os familiares e os amigos como uma pequena enciclopédia viva. Não há o que ele não conheça, o que não tenha ouvido falar... E nesse exemplo maravilhoso criamos nossos filhos e os vemos hoje buscando sempre novos conhecimentos, novas realizações.
Mas o tempo inclemente, unido à doença implacável, vergaram esse homem alto e forte, fizeram dele quase uma criança frágil, carente de cuidados e atenções constantes, de afeto, de companhia, já que nem seus livros tão queridos podem ocupar-lhe o tempo, pois seus olhos já quase não conseguem ler... E passa horas olhando para o nada, mergulhado no passado, encontrando algum lenitivo na música, nas vozes de seus interpretes favoritos. Abre-se, porém, em sorrisos quando da chegada dos netos ou dos filhos (e as noras e o genro estão incluídos na categoria de filhos), ou quando recebe amigos, porque é um contador de histórias nato e adora bater papo. Volta então a ser o Bira que conhecemos e aprendemos a admirar. E como é um lutador, e os lutadores vergam-se mas não se rendem, ainda vai ao computador trabalhar em suas pesquisas matemáticas, tentando terminar um projeto começado há algum tempo, evidenciando assim que ainda conserva acesa lá bem dentro de si a chama do conhecimento, o desejo de realizar os sonhos acalentados por tanto tempo e que o mantém vivo, apesar de tudo.

Dulce Costa
Março/2001

sábado, 26 de dezembro de 2009

Mario Quintana - A vida é...


INSCRIÇÃO PARA UMA LAREIRA

A vida é um incêndio: nela
dançamos,salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas
se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
cantemos a canção das chamas!

Cantemos a canção da vida,
na própria luz consumida...

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Foi um Feliz Natal

(Clique na foto se preferir ve-la ampliada)

(Na chegada, no aeroporto, o cansaço está visivel no rosto do Philip)

A noite de Natal foi muito linda, com luzes, cores, música, alegria e muito amor. O dia de hoje foi muito especial. Afinal, minha filha e meus gringuinhos (finalmente) chegaram na manhã do dia 23. Meu filho mais velho e eu fomos esperá-los no aeroporto e de lá, depois de uma passada em casa para o almoço, seguimos para Campinas. Nem preciso dizer que nem demos bola para o trânsito congestionado das marginais e da estrada, porque tínhamos tanto a conversar... A chegada aqui foi outra festa e finalmente pude relaxar, tendo meus amores ao meu lado.
Ontem e hoje muita festa, agora os meninos derrubados pelo cansaço já dormem, minha filha, meu filho, minha nora e meu neto já se recolheram e eu aproveito para vir até aqui ver as novidades, antes de me recolher também, já que existem muitos planos para o final de semana e isso me diz que preciso de uma boa noite de sono... rs...
Esperando que cada um de meus queridos amigos e leitores deste cantinho tenham tido um Feliz Natal, gostaria de agradecer, de coração, todas as mensagens que me foram enviadas, bem como o carinho e a amizade com que me cercam. Obrigada a todos vocês, amigos muito queridos.


Drummond para a sua noite...


"Mas se desejarmos fortemente o melhor e, principalmente, lutarmos pelo melhor, o melhor vai se instalar em nossa vida. Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho da minha altura."

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009


Aos amigos e leitores do Em Prosa e Verso, meu carinhoso abraço e meus votos de um

FELIZ NATAL !

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Meus Poetas do Coração - Drummond


Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e, neste momento,houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.

Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR.

(Carlos Drummond de Andrade)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A alegria é sempre contagiante...

Tempo de festa, de alegria, de canto, de amor à vida.
Passando pelo blog da Si - "De Si para si", deparei-me com este vídeo. Fiquei tão encantada que passei lá pelo Youtube para pegá-lo e deixá-lo aqui para alegrar seu dia.

(Por favor, desligue o som do blog - no final da página - antes de rodá-lo)

E o tempo continua MUITO enfarruscado por lá...


Estas fotos foram tiradas na véspera do Natal de 2008, lá em Winchester, quando pela primeira vez vivi um "White Christmas"

Pois é, meus amigos, ainda estou esperando que o tempo melhore lá pelas terras do Tio Sam e que minha filha possa viajar... Os meus gringuinhos estão indóceis, minha filha e eu um tantinho estressadas, já que o Natal está batendo às portas, mas o jeito é esperar e tentar levar tudo isso com a maior serenidade possível... Ai, ai, ai... será que eu consigo? Sei não!... Quando se trata de meus amores eu fico sempre mais, digamos, insegura.
Enquanto isso, fico mais tempo por aqui, onde me sinto rodeada de bons e queridos amigos. Que bom que os tenho!

E vou deixando aqui a letra da linda música que aqui serve de fundo, na voz de Sinatra, para quem quiser cantar junto. É que minha mãe dizia que, "quem canta, seus males espanta"... rs...

I'm dreaming of a white Christmas
Just like the ones I used to know
Where the tree tops glisten
And children listen
To hear sleigh bells in the snow

I'm dreaming of a white Christmas
With every Christmas card I write
May your days be merry and bright
And may all
Your Christmases be white

Merry, Merry Xmas!!!

FELIZ NATAL PARA TODOS VOCÊS!...

sábado, 19 de dezembro de 2009

Um sábado no Bixiga

Numa das ruas do tradicional Bixiga, a Cantina da Conchetta.

Música ao vivo durante o almoço, com muita alegria

O Proprietário anima o ambiente, durante uma tarantela, batendo tampas de panela

E concordou em me ensinar o ritmo... rs...

Nas paredes, retratos dos famosos que por lá passaram...

Foi bom demais.

Meu filho resolveu que hoje almoçaríamos numa cantina italiana no Bairro do Bixiga (Bela Vista), um dos tradicionais redutos da colônia italiana em São Paulo. Um bairro tradicional onde se concentram muitas cantinas e padarias tipicas, alem de muitos teatros, tornando-o um dos pontos de maior movimento na vida noturna da cidade, E até uma das mais famosas Escolas de Samba paulistas tem nele sua sede.. Para conhecer um pouco da história e da vida desse bairro, clique aqui - Vale a pena.
Logo na entrada da cantina fomos recepcionados com muita simpatia e um enorme sorriso do cantor, um senhor com uma boa voz e um repertório de encher o coração. Claro, música italiana, mas misturada a alguns tangos e boleros que despertavam saudades nos corações das senhoras mais velhas (rs). E quando, num determinado momento ele atacou com uma tarantela... Ah, a alegria tomou conta da sala e, de repente, um senhor muito simpático que estava ao fundo do começou a marcar o ritmo com tampas de panela e todos acompanharam com as mãos batendo palmas. Era o proprietário da cantina que dava ao ambiente o clima alegre e descontraido tipico das festas italianas. Um almoço que se estendeu por um bom tempo e que certamente vamos repetir qualquer outro dia.
E na saída, pendurado na porta, um sino cujo toque significava um pedido - um toque, para pedir um amor, dois toques, para pedir sucesso, três toques um pedido de saúde e paz para a familia e quatro toques, dinheiro. E foi com muito entusiasmo que bati por três vezes o badalo contra as bordas do lindo sino... Divido agora com vocês esse meu sábado no Bixiga,

(Para ver melhor as fotos, é só clicar em cada uma delas.)

Quando a neve atrapalha...


Pois é, meus amigos, o tempo anda matreiro lá pelo hemisfério norte. Tanto que deu para armar uma nevasca tão forte a ponto de terem que fechar o aeroporto de Washington, que é exatamente aonde meus amores tomariam o avião para o Brasil... Resultado? Voo cancelado e passageiros jogados para outros voos, no dia seguinte... snif... snif...
Isso significa que meus gringuinhos, ao invés de chegarem amanhã (domingo) chegam na segunda de madrugada. E eu fico mais um dia na expectativa... O jeito é ter paciência e esperar até depois de amanhã... E torcer para que não volte a acontecer um "storm".
Até lá, fico por aqui, prazeirosamente. E como hoje almocei numa deliciosa cantina italiano lá no tradicional Bairro do Bixinha (Bela Vista), logo volto para contar-lhes com foi o almoço.

Na doce expectativa...

Neste sábado que antecede a semana do Natal amanheço cantando, não uma música natalina, ainda que ela, ou elas, pairem o tempo todo em minha cabeça, mas uma cantiga de ninar com a qual embalava minha menina, já lá se vão quarenta anos...

"É tão tarde / a manhã já vem / Todos dormem / a noite também / Só eu velo / por você meu bem..."

Um acalanto que Dorival Caymmi fizera para sua filha, Nana, e que eu costumava cantar para minha filha, Angélica, como cantei, mais tarde, para embalar meus netos. E porque esse acalanto hoje? Porque estou feliz, na doce expectativa da chegada deles ao Brasil, amanhã, logo pela manhã. Já preparei os quartos para recebe-los, claro que comprei vários livros de história e de aventuras para entreter meus gringuinhos, alguns jogos, crayons para desenhos, e uma programação de passeios e visitas durante os dias que aqui estiverem. Além de um cardápio especial, cuidadosamente elaborado, com comidinhas brasileiras e, alguns doces, que também, ninguém é ferro... rs... E muita fruta, que eles adoram.
E se, durante as próximas três semanas eu não me fizer muito frequente por aqui, por favor, me perdoem e lembrem-se que é por uma boa causa: paparicar meus amores do hemisférios norte... rs... Depois disso, eu prometo tirar a diferença... rs...

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Para vocês, Vinícius de Moraes


À você, com amor

O amor é o murmúrio da terra
quando as estrelas se apagam
e os ventos da aurora vagam
no nascimento do dia...
O ridente abandono,
a rútila alegria
dos lábios, da fonte
e da onda que arremete
do mar...

O amor é a memória
que o tempo não mata.
a canção bem-amada
feliz e absurda.

E a música inaudível.

O silêncio que treme
e parece ocupar
o coração que freme
quando a melodia
do canto de um pássaro
parece ficar...

O amor é Deus em plenitude
a infinita medida
das dádivas que vêm
com o sol e com a chuva
seja na montanha
seja na planura
a chuva que corre
e o tesouro armazenado
no fim do arco-íris.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Drummond - Sempre...


"Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim."

[Carlos Drummond de Andrade]

Dezembro, magia, luzes...


A cidade fica tão bonita em dezembro! Luzes, cores, músicas natalinas ecoando no ar, dentro das lojas, as pessoas sempre com um sorriso nos lábios e um pacote colorido nas mãos, um ar de esperança no olhar, como se alguma coisa tivesse mudado para melhor dentro delas... Dezembro deveria durar o ano todo, não no calendário, mas na alma das pessoas.
É em dezembro que elas se lembram de amigos e parentes próximos ou distantes que não vêm há muito, é quando as saudades ficam dançando dentro de cada um, mas uma saudade doce, de momentos doces, de pessoas que fizeram a diferença, em algum momento de suas vidas... Lembram-se então de saírem em busca de um cartão para enviar-lhes, de uma pequena lembrança para um presente que as reaproxime, um telefonema cordial... É quando voltam à memória histórias e momentos vividos, é, enfim, quando a alma se enternece e o maravilhoso Espírito de Natal paira sobre os corações... Espírito que deveria perdurar durante cada dia de nossas vidas, espalhando amor e solidariedade pelos quatro cantos do globo, espalhando alegria e paz em cada coração... Utopia? Claro que sim, mas sonhar não custa nada, não é?...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Para vocês, Fernando Pessoa...

(Alvaro de Campos)

Cruz na porta da tabacaria!
Quem morreu? O próprio Alves? Dou
Ao diabo o bem-'star que trazia.
Desde ontem a cidade mudou.

Que era? Ora, era quem eu via.
Todos os dias o via. Estou
Agora sem essa monotonia.
Desde ontem a cidade mudou.

Ele era o dono da tabacaria.
Um ponto de referência de quem sou.
Eu passava ali de noite e de dia.
Desde ontem a cidade mudou.

Meu coração tem pouca alegria,
E isto diz que é morte aquilo onde estou.
Horror fechado da tabacaria!
Desde ontem a cidade mudou.

Mas ao menos a ele alguém o via,
Ele era fixo, eu, o que vou,
Se morrer não falto e ninguém diria:
Desde ontem a cidade mudou.


É tão estranho imaginar Fernando Pessoa sentindo-se apenas "o que vou"... Talvez o maior poeta da língua portuguesa e, no entanto, achava que ninguém sentiria sua falta, que a cidade não mudaria sem ele... Enganou-se tanto!... Não só sua Lisboa, mas todo o mundo de língua portuguesa chora ainda sua falta e muda a cada dia mercê sua obra...


terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Um pensamento...


"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."

(Charles Chaplin)

Música do Chico dançando na cabeça... ai, ai, ai...


Sabem aqueles dias que acordamos com uma determinada música dançando em nossas cabeças? Pois hoje acordei assim. Ainda entre os lençóis e lá vinha o Chico com sua vozinha peculiar esbanjando sensibilidade, cantando lá no fundo de minha alma:

"Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode as seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã..."

Saio da cama e vou ao banheiro em busca do creme dental que vai deixar em minha boca um gostinho de hortelã e, durante o banho, a canção continua:

"Todo dia ela diz que é pr'eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher
Diz que está me eperando pro jantar
E me beija com a boca de café..."

Chico fala de um cotidiano que é de tanta gente, um cotidiano tão bem captado por ele quando ainda era quase um menino. Esse cotidiano que derruba tantos casamentos, mas que palmilha tantos caminhos... Esse cotidiano que pertence a cada casal e que vai (ou não) se modificando com o passar do tempo, pois pode chegar o dia em que ela o acorde pela manhã com um "levanta, homem, senão vai perder a sua hora. E vê se não faz muita sujeira na cozinha quando for preparar o café. Não aguento mais essa sua desorganização... " E la vai ela, filha no colo, para o seu trabalho diário. Criança deixada na creche, enfrenta o ônibus ou metrô superlotados, chega ao escritório atrasada, ouve a reprimenda do chefe e passa o dia pensando na lista do supermercado, nas compras para o Natal, na saúde da mãe, no mau humor do marido...
Ai, ai, ai... veja só aonde a música do Chico foi me levar... Do encontro de um casal ao desencontro de outro... Coisa do cotidiano de cada um...
E o Chico continua ecoando lá dentro de mim:

"Todo dia eu só penso em poder parar
Meio-dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão

Seis da tarde, como era de se esperar
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão

Toda noite ela diz pr'eu não me afastar
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pr'eu quasse sufocar
E me morde com a boca de pavor...

Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode as seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã...
..."

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Diante da janela...


Numa dessas segundas-feiras de preguiça, em que até a alma pele acalanto, fico aqui olhando pela janela o dia meio encoberto, nem quente nem frio, tão morno quando meus pensamentos que não vão a lugar algum...Lembranças? Muitas! Saudades? Claro, tenho-as sempre, mas são boas companheiras. A música embala o espírito e acolhe o coração... Assim é sempre que as baladas românticas de Elvis enchem o espaço em que me encontro. E quando Elvis está presente, é sinônimo de que alma quer vagar pelo tempo, pelo espaço, mas só lhe permito essas escapadelas nas madrugadas insones. À luz do dia ela que fique por aqui mesmo, muito atenta ao que se passa ao redor de nós. E são tantos os acontecimentos. Chegam-nos pelo rádio ou pela TV, estão nas páginas dos jornais e revistas colocados sobre a mesa, vem pela internet, ou na voz de um amigo, ao telefone... O mundo gira vertiginosamente, os acontecimentos se sucedem, em turbilhão, e é preciso discernimento e calma para separar o que queremos, ou não, ouvir, o que merece, ou não, nossa atenção.
Mas esta semana é de preparativos para a chegada de filha e netos que vêm para as festas de Natal e Ano Novo, então não dá para ficar aqui, "al dolce fare niente", diante de uma janela. Deixo a preguiça de lado, deixo os devaneios para as madrugadas e volto meus pensamentos para a prosaica lista de compras de supermercado, para abastecer a casa, afinal meus gringuinhos adoram uma coisinha ou outra diferente que a vovó, apesar de não mais estar "in love" com a cozinha, vai sim fazer para eles. Com carinho, com açucar e com muito afeto.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Apenas um pensamento

"Mas os meus escritos são as minhas horas de felicidade. Mesmo naquilo que eles tiverem de cruel. Preciso escrever assim como preciso de respirar, porque o corpo me exige."

(Albert Camus)


Um coral, um cenário de Natal...


Esta é uma época de magia e encanto.
Ontem era dia de meus netos ficarem aqui em casa, mas era também o dia do encerramento de mais um ano das aulas de violão do César e do Gabriel, então lá fomos nós assistir o recital dos meninos, Claro, avó e pai, os dois muito prosas com o desempenho deles. Depois fomos buscar minha neta (tarde de vestibulares) e dali rumamos para um shopping da cidade em busca de uma livraria, pois ela precisava de um livro e, comprar livros é com esta familia mesmo... É um dos nossos maiores prazeres, então a visita a Livraria Cultura foi um momento muito agradável, depois jantar e quando já pensávamos em retornar para casa ouvimos o som mavioso de um coral que se apresentava como parte dos festejos de Natal. Claro que fomos ver,.
Em meio a um cenário grandioso e muito lindo, cores, luzes, flores, árvores enfeitadas, duendes, fadas, enfim, um recanto do Noel, o grupo estava num palco colocado, ou melhor, o palco era parte desse cenário de Natal e isso dava uma sensação de irreal. As vozes afinadíssimas, as músicas lindas, e o maestro, antes de cada música contava um pouco da história dessa música, situando-a no tempo. Em meio ao burburinho do shopping, um recanto de beleza e harmonia, no conjunto de luzes, cores e sons que era puro encanto, magia... A Magia do Natal.


sábado, 12 de dezembro de 2009

Manhã de sábado pede poesia...


CANÇÃO DE OUTONO

O outono toca realejo
No pátio de minha vida.
Velha canção, sempre a mesma
Sob a vidraça descida.

Tristeza? Encanto? Desejo?
Como é possível sabê-lo?
Um gesto incerto e dorido
De carícia a contrapelo...

Partir? Ó alma, que dizes?
Colher as horas, em suma...
Mas os caminhos do Outono
Vão dar a parte nenhuma!

(Mario Quintana)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Duas almas não se encontram ao acaso...


"Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui outra. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai só nem nos deixa sós. Leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam muito, mas há os que não levam nada. Essa é a maior responsabilidade de nossa vida, e a prova de que duas almas não se encontram ao acaso."

(Antoine de Saint-Exupéry)

Cecília Meireles - Meus Poetas do Coração

CANÇÃO

Não sou a das águas vista
nem a dos homens amada;
nem a que sonhava o artista
em cujas mãos fui formada.
Talvez em pensar que exista
vá sendo eu mesma enganada.

Quando o tempo em seu abraço
quebra meu corpo e tem pena,
quanto mais me despedaço,
mais fico inteira e serena.
Por meus dons divinos faço
tudo a que Deus me condena.

Da virtude de estar quieta
componho o meu movimento.
Por indireta e direta,
perturbo estrelas e vento.
Sou a passagem da seta
e a seta - em cada momento.

Não digas aos que encontrares
que fui conhecida tua.
Quando houve nos largos mares
desenho certo de rua?
E de teres visto luares,
que ousarás contas da lua?