floquinhos

sábado, 30 de abril de 2011

O que o vento não consegue levar?


No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar: um estribilho antigo,
um carinho no momento preciso, o folhear de um livro de poemas, o cheiro que tinha um dia o próprio vento...


(Mario Quintana)

quinta-feira, 28 de abril de 2011

No dia dedicado a educação...


Abro os jornais e vejo que hoje é o "Dia da Educação". Coincidência!... Ainda ontem a noite, folheando uma revista, mais precisamente a Veja, minha atenção foi chamada para uma campanha que, desde já, o Prosa passa a encampar, campanha esta voltada para a  valorização dos bons professores. Já está mais do que na hora, porque todos sabemos que não há ensino de qualidade sem um bom professor. O lema da campanha é:


"Educação de qualidade, só com professores de qualidade" 


- Alunos, respeitem
- Pais, participem
- Governo, apoie
- Todos, valorizem.


<< todospelaeducacao.org.br  >>

(Lembrando dos maravilhosos professores que, com seu conhecimento e sua dedicação, ajudaram a abrir meus caminhos, e em homenagem a eles)


quarta-feira, 27 de abril de 2011

Nas voltas que o mundo dá...

(No lugar da antiga fazenda, o Residencial...)

A família de meu pai veio da Ilha da Madeira para a região de Campinas, no começo do século passado, para trabalhar nas fazendas de café, Meus avós traziam os filhos ainda pequenos, que cedo começaram a ajudar no trabalho - me pai contava que aos sete anos já ia com o pai e o irmão mais velho para a roça. Aqui cresceram, dentro de uma educação rígida e voltada para o trabalho, um trabalho duro, insano, de sol a sol, até resolverem mudar para São Paulo e tentar uma vida menos dura, com mais chance de crescimento profissional  para os filhos. 
E com que emoção meu pai, muitos anos depois, nas nossas noites ao redor da enorme mesa da sala de jantar, lá no velho casarão, contava-nos histórias desses tempos na fazenda, das agruras e das alegrias daqueles dias passados entre o árduo trabalho no campo e os momentos de descontração dos bailes de sábado, o ponto alto das diversões dos rapazes e moças do lugar. Gostava de contar como andavam distâncias muito longas para irem a esses bailes que sempre aconteciam em fazendas diferentes; dançavam a noite toda e nem sentiam cansaço... Era só alegria, essa alegria tão própria da juventude. Contava também que a fazenda que ele mais gostava era a do Chapadão, onde os bailes eram os mais animados...
O mundo vai lá dando suas voltas, o tempo vai passando e eis-me aqui, na antiga Fazenda Chapadão, hoje transformada em um bairro bonito, bem cuidado, onde meu filho mais velho (coincidência) mora com a familia, num residencial que leva o nome da própria fazenda...  E ontem, embevecida, enquanto ouvia meu neto tocando Beatles  ao violão e fazendo dueto com meu filho em lindas canções, só pensava em meu pai, em como ele adoraria estar aqui, neste lugar que lhe era tão caro, desfrutando de um momento de paz, de harmonia, de familia, exatamente como ele tanto gostava... Imaginava-o sorrindo, meneando a cabeça em assentimento, olhos brilhando a dizer: "sim senhor!... quem diria?... olha eu aqui, de novo, no Chapadão, vivendo um momento de alegria..." 
E na estranha sensação que me envolvia, cheguei mesmo a pensar que ele bem que poderia estar sentadinho na poltrona ao lado...

terça-feira, 26 de abril de 2011

Vou tentando entender...


"Tento entender a vida, o mundo e o mistério e para isso escrevo. Não conseguirei jamais entender, mas tentar me dá uma enorme alegria. Além disso, sou uma mulher simples, em busca cada vez mais de mais simplicidade. Amo a vida, os amigos, os filhos, a arte, minha casa, o amanhecer..."

(Lya Luft)

domingo, 24 de abril de 2011

Eterno...


"Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica."

(Carlos Drummond de Andrade)

sábado, 23 de abril de 2011

No Domingo de Páscoa...


Páscoa é tempo de renovação, de fé, de amor e de alegria...

Que haja pois, neste dia,  amor e muita paz nos corações dos leitores e amigos do Prosa...  
E que o Coelhinho seja generoso, trazendo muita doçura em forma de chocolates...

FELIZ PASCOA!...

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Numa noite de quinta-feira...


Quinta-feira que é Santa, ja recolhida ao quarto que me acolhe quando estou com meus amores, aqui em Campinas, noite quente, ventilador do teto refrescando  um pouco o ambiente, cortinas paradas, sem nem uma brisa a entrar pela janela a dentro para agitá-las... Da casa ao lado chegam risos de alegria de uma família que, certamente, está aproveitando o  prolongado dos feriados para se reunir, um ladrar distante de um cão nas vizinhanças, a música toca suave, baixinho, só para os meus ouvidos, preenchendo minha alma com uma certa nostalgia, trazendo lembranças, saudades de outras quintas-feiras nem sempre santas, que o tempo guardou para si em qualquer uma  de suas esquinas...
O cansaço vai me vencendo, um  leve torpor vai me invadindo, meus olhos vão se fechando na semi-obscuridade do quarto, a alma se deixa levar pela música... Melhor ir fechando meu laptop, antes que o sono me domine... Boa noite, saudade... Desta vez, o sono chegou mais forte e talvez traga com ele um sonho...  E, no sonho, uma presença... Talvez... Quem sabe?...

O passado não...


"O passado não reconhece o seu lugar: esta sempre presente."

(Mario Quintana)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Numa manhã de sol...




(Manhã dos outros) 

Manhã dos outros! Ó sol que dás confiança
            Só a quem já confia!
É só à dormente e não à morta, ‘sperança
            Que acorda o teu dia.

A quem sonha de dia  e sonha de noite, sabendo
            Todo sonho vão.
Mas sonha sempre, só para sentir-se vivendo
            E a ter coração.

A esses raias sem o dia que trazes, ou somente
            Como alguém que vem
Pela rua, invisível ao nosso olhar consciente,
            Por não ser-nos ninguém.

(Fernando Pessoa)

terça-feira, 19 de abril de 2011

Onde não se espera nada em troca...



"O amor verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca."

(Antoine de Saint-Exupéry)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Dia de Preguiça?...

Segunda-feira

Mas o sol brilha lá fora, há música no ar, então vamos começar mais uma semana que, por ser santa, vais ser de projetos de viagens para uns, de idéia de descanso para outros, e de religiosidade para muitos. Mas, com uma semana útil de três dias, quem é que vai ter coragem de reclamar? De qualquer forma, é tempo de começar a formular votos de Boa Páscoa, com muito chocolate e com muita paz entre os homens.

E, cá pra nós, há coisa que combine mais com uma segunda-feira do que a voz doce e preguiçosa de Dean Martin? rs...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Às portas da Semana Santa...



Abro a janela e dou com uma manhã assim meio indecisa, sem saber se vai nos oferecer sol ou chuva, se vai nos brindar com um céu lindo, todinho azul ou se vai nos impor um cinza cobrindo esta sexta-feira que antecede a Semana Santa.
A Semana Santa? Já? Pois é!... O tempo já não passa.... Voa! E nesse voo vai levando nossa vida, nossos usos e costumes, deixando em seus lugares novas formas de viver, novos hábitos, novos conceitos.
Os que estão há mais tempo neste caminhar pela vida hão de se lembrar de outras Quaresmas, cobertas de cinzas, de respeito pelo Criador e de amor por Seu filho, quando nos preparávamos para viver a Semana da Paixão, o Sábado de Aleluia, o Domingo da Ressurreição...  Para os mais religiosos, o jejum e a abstinência nas sextas-feiras, lembram-se? E havia a missa e a procissão de Ramos no domingo que antecedia a Páscoa e era nessa missa que levávamos as palmas para serem bentas, as mesmas palmas que eram colocadas atrás de um quadro do santo protetor da casa, a mesma palma que era queimada nos dias de grandes temporais, para afugentar os raios... Misticismo? Não... Costumes de uma época. Como era costume ir à igreja, cumprir os ritos de cada um dos dias da semana que era considerada santa. Na quinta-feira, à noite, a Cerimônia do Lava Pés, na sesta-feira, a visita ao Senhor Morto e a procissão, à noite, contida, emocionante, com a voz da Verônica linda, clara, ao chorar a morte de Jesus, ao mostrar seu rosto estampado em sangue numa alva toalha, os anjos, a Virgem, as três Marias, os apóstolos, as rezas, as beatas, o povo comum em sua religiosidade, e até a banda que vinha atrás, tocando as músicas que os fiéis cantavam com fervor. Procissão que, de tão importante, trazia cavalarianos vestidos em trajes de gala, montados em garbosos cavalos brancos, abrindo os caminhos...
Mas o tempo, esse algoz impiedoso, levou consigo a religiosidade de um povo, um povo que hoje encara a Páscoa como uma festa onde há a troca de ovos de chocolate, e a Semana Santa como uma oportunidade para ir bronzear seus corpos nas escaldantes areias das praias ou descansá-los na tranqüilidade do campo. Perdeu-se a fé, perderam-se tradições, nessa guinada que a humanidade deu em direção ao progresso, com louvores à tecnologia. Foi melhor? Foi pior? Não sei.. Acho que apenas foi mais um passo da humanidade em direção ao seu destino...

Sei bem que ainda existe muita fé e muita religiosidade entre nosso povo, mas de um modo geral, tais sentimentos andam se perdendo aí pelos novos caminhos do homem.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Tudo vale a pena se...


"As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido."

(Fernando Pessoa)

terça-feira, 12 de abril de 2011

A felicidade é...


"Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade."

(Mario Quintana)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Em viagem pelo tempo...


Sempre gostei de viajar no tempo, de ir lá no fundo de minhas memórias e de lá resgatar fatos, lembrar pessoas, reviver emoções. E sei que não sou só eu! Todas as pessoas com as quais convivo e que já tenham passado por mais de 50, 60 dessas estações do tempo, sempre me afirmam esse mesmo gosto.

     Meu marido e eu, por exemplo, costumávamos ficar, já em seus últimos tempos de vida, relembrando e rindo de situações que até nos haviam parecido difíceis quando de suas ocorrências, mas que então, vistas através de um outro prisma, multicolorido pela passagem do tempo, tornavam-se pitorescas, até engraçadas.
     Nos dias mais quentes do verão, buscando um pouco mais de frescor, costumávamos  sentar-nos no terraço, ao cair da tarde, em longas conversas, quando eu aproveitava para colher material abundante para muitas crônicas, ouvindo as histórias de meu marido que, como todo bom mineiro, era um maravilhoso contador de “causos”,  e coisas de sua terra. Numa dessas tardes,  por exemplo, falávamos sobre nossos netos, sobre como Gabriel, na época com  6 anos, um garoto carinhoso, gentil, amante da paz, tinha em seu pequeno irmão César, de menos de 4 anos, um defensor ferrenho, que sempre tomava sua defesa e que partia para cima de qualquer garoto que ousasse tentar agredir seu irmão. Como um assunto sempre traz outro, veio à baila uma história vivida pelo Bira que achei bem merecer uma crônica.



“Estudantes na Escola Agrícola de Barbacena, meu marido e meu cunhado, em plena adolescência, pequenos galinhos de briga, podiam ter lá suas diferenças, mas quando alguém mexia com um deles, estava comprando briga com o outro. 
Numa determinada tarde, Ubirajara, meu marido, estava jogando bolinhas de gude com alguns outros garotos quando um menino veio correndo até ele dizendo:
      -    Bira, corre lá ajudar o Danilo que o “Cobrinha” tá dando a maior surra nele!...
     Ao que meu marido teria respondido, todo cheio de empáfia:
     -    Vou só terminar esta jogada e vou mostrar pra’quele frangote o que acontece com quem se mete com a gente... 
     Dito e feito! Terminada a jogada, saiu correndo em defesa do irmão, mas... Levou ele também, a maior surra. O tal “Cobrinha” não era brincadeira, não! Humilhados, voltaram para casa jurando vingança, mas o tempo foi passando, eles foram crescendo, saíram de Barbacena, procurando novos rumos para suas vidas e o incidente ficou esquecido... Ou quase, porque no fundo de suas memórias havia o brio ferido, a humilhação de serem dois contra um e de terem apanhado pra valer.
     Anos depois, em visita à cidade, avistaram alguém que lhes era familiar que vinha descendo a rua. Os irmãos se entreolharam... 
     -    Mano, aquele baixinho ali, não é o Cobrinha? 
     -    Ele mesmo, Mano, o safado... Vamos lá dar um susto nele?
     Agora, homens feitos e já cheios de responsabilidade, aquela molecagem das brigas e dos desacatos já não fazia mais sentido. Queriam apenas fazer uma brincadeira com um velho camarada. Ambos muito altos, fortes, comparando-se ao antigo desafeto que não crescera tanto quanto eles, sabiam o que iria acontecer e já foram rindo por antecipação.        Aproximando-se cada um por um lado, caras fechadas, cenhos  franzidos, seguraram-no pelos braços, um de cada lado,  e foram logo dizendo:
     -    Eu sou o Danilo, lembra-se de mim?
     -    E eu sou o Bira, está lembrado?
      O outro, começando a empalidecer, preso entre aqueles dois homens que pareciam querer esganá-lo, gaguejou:
     -    Claro, claro que me lembro, mas o que houve?
     -    O que houve? Lembra daquela vez que você deu uma surra em nós dois?
     -    Não, não me lembro disso, não, gaguejou o indefeso Cobrinha... Imagine... Eu bater em dois amigos?... 
     -    Bateu sim e agora nos vamos tirar a forra...
     Dizendo isso e antes que alguma coisa pior acontecesse, explodiram em estrondosas gargalhadas e, abraçando o antigo desafeto, que ria aliviado, foram todos comemorar o encontro e a “vingança” numa rodada de cerveja num bar da cidade."

     Não seria maravilhoso se todas as vinganças terminassem assim?... 


PS : Esta crônica foi escrita e publicada no site do Bira, pouco antes do seu falecimento, e é postada  aqui, hoje, com ligeiras modificações nos tempos verbais, mantido porém na íntegra seu conteúdo que os irmãos garantiam ser verdadeiro, palavra por palavra. Mais um desses deliciosos causos que meu amor adorava contar e relembrar em nossos momentos de bate-papo..

domingo, 10 de abril de 2011

E é bem verdade...


Li, e já nem sei onde,  que se leva um minuto para conhecer uma pessoa especial, uma hora para apreciá-la,um dia para amá-la, mas mais do que uma vida inteira para esquecê-la.  Que grande verdade!...

sábado, 9 de abril de 2011

O tempo - sombras de perto e sombras na distância...



Sonata do amor perdido

Onde estão os teus olhos – onde estão? – Oh – milagre de amor que escorres dos meus olhos!
Na água iluminada dos rios da lua eu os vi descendo e passando e fugindo
Iam como as estrelas da manhã. Vem, eu quero os teus olhos, meu amor!
A vida... sombras que vão e sombras que vêm vindo
O tempo... sombras de perto e sombras na distância – vem, o tempo quer a vida!
Onde ocultar minha dor se os teus olhos estão dormindo?

Onde está tua face? Eu a senti pousada sobre a aurora
Teu brando cortinado ao vento leve era como asas fremindo
Teu sopro tênue era como um pedido de silêncio – oh, a tua face iluminada!
Em mim, mãos se amargurando, olhos no céu olhando, ouvidos no ar ouvindo
Na minha face o orvalho da madrugada atroz, na minha boca o orvalho do teu nome!
Vem... Os velhos lírios estão fanando, os lírios novos estão florindo...
(Vinícius de Moraes)

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Os acasos da vida...


"Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha; é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso."

(Charles Chaplin)

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O Rio cobre-se de luto...


O Rio chora suas crianças e,  diante dessa dor, o Prosa  se cala e  reza. 
Pedimos aos nossos amigos e leitores que se juntem a nós em orações pelas crianças mortas, pelas crianças feridas, pelas familias desoladas...

Apenas Vinícius... Apenas?!!!


Ausência


Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces.
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada.
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada. 



(Vinicius de Moraes)

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Lembranças que a música traz...

    Dick Farney


Cyl Farney

É assim mesmo... Uma coisa leva a outra, e essa coisa, a outra, e assim leva-se a vida... 
Hoje cedo, procurando uma música para servir de fundo a blogagem do dia, buscava a voz doce de Maysa Monjardim interpretando Inútil Paisagem, que não encontrei, mas acabei descobrindo interpretações lindas de Caetano e Milton Nascimento para essa música, como encontrei também a voz de Dick Farney e, com ele,  lembranças de uma adolescência vivida nos anos dourados. quando os dias eram cheios de sonhos, quando o mundo era só esperanças. E envolta nessas doces lembranças, optei por deixar hoje o Dick cantando para vocês...
Para quem não se lembra, ou não conhece, para as gerações mais novas dos amigos do Prosa, vou relembrando aqui os irmãos Farney, Dick e Cyl, na verdade, Farnésio e Cilênio Dutra e Silva - não admira que tenham buscado nomes artístico, pois seria bem difícil atingir o estrelato nos anos 50 com nomes assim - pois, os irmãos Farney eram um encanto para os olhos e os ouvidos das meninas de então. Dick, num estilo americanizado, ao piano, cantando músicas dolentes, Cyl, nas telas de cinema, galã pra ninguém botar defeito, arrancando suspiro das moçoilas, dois homens bonitos, cheios de charme. Retalhos de uma era de romantismo, retratos em branco e preto de uma saudade.

Numa manhã azul...

As primaveras ainda enfeitam o terraço

O sol entrando pela janela espalha-se por sobre os cristais que enfeitam a mesinha de centro fazendo refletir as cores de um arco-iris. A primavera que cresce prisioneira em um vaso, a um canto do terraço ainda está florida e a lavanda começa a mostrar suas delicadas flores junto a porta da sala... O dia é todo harmonia, lindo, azul, mas dentro dela baila uma certa nostalgia, um desencanto, que não combinam com toda aquela luz. E como o sol que parece dançar entre os cristais, uma doce canção do Tom chega devagarinho, parecendo dançar em sua alma... E num rodopio mais forte, a alma deixa escapar os versos que mesmo sem querer ela vai cantarolando enquanto se dirige para cozinha, para o café da manhã, antes de iniciar mais um dia que sabe, de antemão, será longo, vazio...


"Mas pra que
Pra que tanto céu
Pra que tanto mar,
Pra que


De que serve esta onda que quebra
E o vento da tarde
De que serve a tarde
Inútil paisagem


Pode ser
Que não venhas mais
Que não voltes nunca mais
De que servem as flores que nascem
Pelo caminho
Se o meu caminho
Sozinho é nada

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Nós somos...


Willian  Shakespeare disse que...

"Nós somos do tecido de que são feitos os sonhos."



E é bem possível que ele tenha razão!... Acho até que é esse o motivo pelo qual, quando perdemos a capacidade de sonhar, perdemos a alegria de viver, passamos a olhar a vida e a nós mesmos de uma maneira tão sem graça...

domingo, 3 de abril de 2011

Num domingo enfarruscado...


Dan Stulbach - um maravilhoso ator

Domingo cinzento, sozinha em casa, resolvi dar uma olhadinha nos canais de filme da TV. Afinal, um bom filme sempre é um bom programa para uma manhã de domingo enfarruscada, e parei ao ver Dan Stulbach contracenando com Tony Ramos num cenário meio sombrio. O filme já ia pela metade, mas as primeiras cenas que vi me prenderam e, daí para a frente foi um encantamento a interpretação forte, marcante de dois excelentes atores, principalmente a de Stulbach... 
O filme era "Tempos de paz", sob a direção de Daniel Filho, e já  não é novo; foi lançado em  2009. A história mostra Segismundo (Tony Ramos), um ex-oficial da polícia política de Vargas que agora teme que suas vítimas resolvam se vingar. Ele trabalha como chefe da seção de imigração na Alfândega do Rio de Janeiro e sua função é a de evitar a entrada de nazistas no país. Numa averiguação habitual, interroga Clausewitx (Dan Stulbach), um ex-ator polonês que, por recitar Carlos Drummond de Andrade, fora-lhe enviado por um subalterno. Para convencer que não é nazista, e não ser deportado, Clausewitz vai precisar usar todo o seu talento de ator.
E interpretando Clausewitz, Stulbach esbanja talento e força de interpretação... Maravilhoso ator! Se os amigos e leitores do Prosa ainda não viram esse filme, eu recomendo, sem pestanejar... Eu, certamente, vou procurar ver de novo e, desta vez, desde o comecinho.


Tony Ramos e Dan Stulbach - Talento em dobro, força de interpretação...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Dê asas à sua imaginação...



"A imaginação oferece às pessoas consolação por aquilo que não podem ser e humor por aquilo que efectivamente são."

(Albert Camus)