floquinhos

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Santa incompetência!...

Lugares assim, ainda que em fotografia, me acalmam...

Não é tão fácil assim "me tirar do sério"... Na maior parte das vezes procuro entender as razões de cada um, ponderar, antes de ficar muito irritada, mas hoje... Ah, hoje eu tive que me segurar em todo o meu "aplomb" para não por para fora o que  estava sentindo, e que traduzo como indignação pura e simples pela incompetência ou, na melhor das hipóteses, despreparo de certos funcionários desses grandes laboratórios de exames clínicos e de imagens. Explico: dois dias antes, pedido médico na mão, liguei para agendar o tal exame (um ecodopplercardiograma tridimensional - nomezinho complicado, não?), depois de muitas pesquisas para saber onde ele poderia ser realizado. No tal Laboratório, confirmada a realização, agendados dia e horário, tudo certinho. Como só tinha horário para as sete da manhã, levantei super cedo para poder estar lá meia hora antes, conforme exigência. Triagem feita, subi para as salas de exames. Chamada, entrei na sala, despi minha blusa, coloquei o avental que eles oferecem e já ia me acomodando na maca quando a médica que faria o eco olhou para mim dizendo que aquele exame não era feito lá, nem em qualquer outra unidade daquele laboratório, aliás, ela nem sabia onde aquele exame poderia ser realizado, talvez só no   INCOR ou no HCOR, que lá eles só realizavam o eco bidimensional, cheia de desculpas e rapapés. Pode isso? Claro que eu disse a ela que a menina que agendou o exame e a menina que fez a triagem deveriam saber disso, etc e tal, que com tanto erro elas empatavam não só o meu tempo, mas o da médica também. Mas de que adianta falar? Desci, cancelei o pedido e voltei para casa meio inconformada. Se fosse apenas um erro, vá lá... Mas passei pela atendente que marcou o exame, pela recepcionista que fez o encaminhamento (após ligar para o meu convênio e confirmar se eu teria direito a tal exame, etc etc...  e ninguém prestou atenção ao nome do exame?... 
Ah, Santa Incompetência, como andas grassando neste nosso Brasil varonil!...

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Os doces de nossas mães... Quem faz melhor?


Em uma gaveta, entre papéis esquecidos em uma velha pasta, alguns já amarelados pelo tempo, dormia uma receita antiga, muito antiga. Lembro-me de te-la copiado, ou melhor, anotado, para depois transcrevê-la no caderno que caprichosamente estava montando, de doces e salgados que minha mãe tão bem fazia para nos deliciar em cada refeição, em cada sobremesa. Minha mãe tinha mãos de fada para tudo que se referisse ao lar. Era uma mulher talhada para a família, para a criação dos filhos, para os cuidados para com meu pai... E como cozinhava!... Ainda hoje, quando provo algum prato daqueles que ela costumava fazer, feito por mim ou seja lá por quem for, fico com a sensação de que falta alguma coisa, uma pitada qualquer de sei lá o que. Na verdade, acho mesmo que falta o amor da mãe... rs... Ninguém cozinha como sua mãe cozinhava em seus tempos de criança... Isso não é um fato? O doce de abóbora, o arroz-doce, o bolinho de chuva das tardes de domingo, depois da matinê no cinema do bairro... E os bolos? Meu Deus!... Aqueles bolos! De fubá, de laranja, ou de nada... simplesmente um bolo, saído do forno para acompanhar o chocolate das tardes frias de um inverno sempre garoento... 
A princípio cheguei a pensar que esse sentimento fosse coisa minha, mas aos poucos fui vendo que todo mundo acha que a mãe foi cozinheira de mão cheia. Se até Drummond assim o disse!... Bom, na verdade, a senhora mãe de nosso poeta maior era lá das Minas Gerais, terra de quitutes e quitandas de dar água na boca, da comidinha com gosto de quero mais...  Mas acho que com o passar do tempo, ele chegou, como eu, à conclusão de que comidinha de mãe é sinônimo de amor. Vejam estes versos:

Suas Mãos

Aquele doce que ela faz
quem mais saberia faz-lo?

Tentam, insistem, caprichando. 
Mandam vir o leite mais nobre.
Ovos de qualidade são os mesmos,
manteiga, a mesma,
iguais açúcar e canela.
É tudo igual. As mãos (as mães?)
são diferentes.

(Carlos Drummond de Andrade)

sábado, 25 de agosto de 2012

Momentos tão simples, tão mágicos...


Acordo preguiçosa nesta manhã de sábado de um agosto todo ensolarado, azul, como se fosse um mês de primavera... O dia amanhece ainda, ao som peculiar do cantar dos bem-te-vis que, para meu encanto, moram entre as árvores das praças e jardins da redondeza. Vou me deixando ficar entre os lençóis, alma em paz, pensamentos livres, soltos, girando pelo quarto, pela vida... E o recital dos bem-te-vis, na medida em que o dia se faz claro, vai pouco a pouco diminuindo. E o pensamento solto traz à memória uns versos de Drummond, certamente criados em um momento meio mágico, como este...


O PASSARINHO EM TODA PARTE

Bem te vi, bem-te-vi
bem te ouvi recitando
e repetindo nítido
um bentibemtivismo.
Bem te vi na roça.
bem te vi na cidade
que prolongava a roça,
bem te vi no jardim
da República sobre
o cupim das cutias
estátuas no gramado, 
bem te vi na Argentina
quando o chá na planície
chamava a revoada
de borboletas trêmulas
sobre o azul da piscina,
bem te vi, bem te vejo
na vasta galeria 
de bichos e de coisas
irmãos de nossa vida
a esvoaçar na voz
dos mais velhos que ensinam
o almanaque da terra,
bem te vi, bem te vejo
presente entre as ausências
que me vão rodeando
e quando bem te avisto
e te ouço, eis que me assisto
devolvido ao primeiro
bem-ver-ouvir do prístino
bem-te-vi bentevisto.

(Carlos Drummond de Andrade)

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Mais uma vez;;;


Há um poema de Fernando Pessoa que não há quem não conheça, mas que sempre me encanta. Lírico, delicado, lindo. Esta não será a primeira vez que o trago ao Prosa, mas sempre o faço com uma certa emoção. E como hoje o dia está lindo, azul, ensolarado, levando o coração a pedir lirismo.....

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a sentir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só as que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Este comboio de corda
Que se chama coração.

domingo, 19 de agosto de 2012

As árvores, os pássaros...

O beija-flor repousa na rede do terraço antes de voltar a ganhar os ares...

Domingo de sol, temperatura amena, casa em pleno sossego... Subo ao terraço para que o Bill possa se exercitar um pouco, correndo para pegar a bola, incansável. Depois de 5 minutos só quero sentar no banco e abrir o livro, mas o cãozinho só quer mesmo é brincar. Ao ver minha "indiferença", parece resignar-se e vai beber água. Volta e, em nova tentativa, traz a bola, jogando-a a meus pés. Finjo não ver e ele desiste. Fecho o livro e vou regar as duas arvorezinhas que são meu xodó, um pé de romã e uma jabuticabeira.

Meu pé de jabuticbas

Meu pé de romãs...

Mesmo sabendo que dificilmente elas consigam desenvolverem-se em vasos, acho que a tentativa é sempre válida. E vejo, encantada que a romã está dando seus primeiros frutos. Também sei que os pássaros dificilmente deixarão as frutas crescerem, mas alimentar pássaros também é coisa que gosto de fazer. 

... e seus primeiros frutos. Lindo demais!...

No terraço da sala mantenho bebedouros que atraem beija-flores lindos, para enfeitar a vida... E não são só os beija-flores que vem nos visitar. Há um grande número de pássaros nesta cidade que, a primeira vista, parece cinza, fria... Mas esta é uma região muito bem arborizada, com parques, jardins, vasos em quase todas as sacadas ou terraços, que acolhem muitos pássaros, o que nos dá o prazer de acordar na quase madrugada com o chilrear dos passarinhos, com o canto arreliento do bem-te-vi... 
Domingo tranquilo, tempo de leitura, tempo de mergulhar num bom filme, tempo de se estar em paz...

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Definindo o encanto...


"Você sabe o que é o encanto? É ouvir um sim como resposta sem ter perguntado nada."

(Albert Camus)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Ecos do domingo...

Agora... é inegável que é um Batman para ninguém botar defeito... rs...

Pois é! O domingo esteve "comme il faut"! Meus netos vieram passá-lo com o pai que se esmerou na cozinha, num cardápio de dar água na boca: suculentos filés acompanhados de ovos sobre ninhos de espinafre ao creme, arrumados sobre deliciosas torradas, cobertos com queijo parmesão ralado e levados ao forno para gratinar, nhoque puxado na manteiga e salada de folhas verdes... Bom demais! Um bom vinho para os adultos, suco de frutas ou refrigerantes  para os mais jovens. Depois do almoço, uma preguicinha própria de quem está de bem com a vida e com o estômago (rs), uma boa conversa nos sofás da sala e no final da tarde uma seção de cinema numa das salas de cinema do Shopping Villa Lobos, que fica bem perto de casa. Para assistir o que?...  O que?...  Dá até para adivinhar. Meu filho e a garotada, todos doidinhos para ver o Batman, Minha nora e eu, em minoria, sem a menor chance de mudar o jogo... (rs...) Mas foi uma sensação muito boa essa de estar ali, lado a lado com três de meus netos, meu filho, minha nora e a filha dela, num convívio maravilhoso, observando o ar de suspense que pairava no cinema; os garotos que nem piscavam...


E fiquei pensando que afinal, Batman nunca fora mesmo um dos meus super-heróis favoritos! Gostava mais do mistério que pairava sobre o Fantasma em seu tosco trono de madeira adornado por cabeças de caveiras, encravado numa caverna  no meio das selvas,  enigmático mascarado cujo noivado com a bela Mirian parecia tão eterno quanto ele; vivendo entre pigmeus, cortando a mata em sua ridícula vestimenta vermelha, sobre seu soberbo cavalo que, se minha memória não está me pregando nenhuma peça, chamava-se Herói e um lobo, o Capeta, seu cãozinho de estimação... E aqueles anéis em forma de caveiras que deixavam sua marca nos rostos do vilões? (rs...) E gostava também do Mandrake, com seu musculoso assistente, o Lothar e a (também eterna) noiva, Narda!... Super-heróis das revistas em quadrinhos que, já no início da adolescência, foram totalmente substituídos, em minha predileção, pelos melosos livros da Biblioteca cor-de-rosa. 
Foi um dia dos pais, dos filhos e... da avó, que curtiu cada momento de alegria de seu filho com alegria igual, agradecendo à Deus e à vida poder te-lo vivido...

sábado, 11 de agosto de 2012

No Dia dos Pais

FELIZ DIA DOS PAIS !


Aos leitores e amigos do Prosa, nossa carinhosa homenagem neste dia que é de todos vocês que vivem a alegria de ser pai!

Um bosque na alma...


"Plantar um bosque na alma e curtir a sombra, o vento, as crianças, o sossego. Não precisam ser reais. Eu até acho que a realidade não existe: existe o que nós criamos, sentimos, vemos ou simplesmente imaginamos."

(Lya Luft)


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Eu faço versos como...

                                                   
Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... Remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre.

(Manuel Bandeira)

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O privilégio de um caminhar...

É, sem dúvida, um presente muito valioso, de Deus, chegar até aqui cercada de tanto amor, de tantos amigos... Obrigada a todos!

Neste último domingo, filhos, netos e amigos muito queridos vieram festejar mais um inverno desta minha caminhada. Um inverno que tem sido iluminado e aquecido pelo amor e pelo carinho de meus amores e de meus amigos. Só faltaram a Angélica e os meus gringuinhos, impossibilitados pela distância tão grande... Não fosse o Skype e meu coração não suportaria tanta saudade.
Mas foi uma imensa alegria receber minhas melhores amigas e primos-irmãos que têm caminhado a par e passo comigo nesta longa e linda jornada. Foi bom demais!.

Meus filhos - a Angélica, mesmo de longe, participou da nossa alegria.

Quatro de meus netos - Gabriel, Bia, Caio e César... Philip e Alexander fizeram falta.

Filhos e noras - o senhor ao fundo,  pai de minha nora Maria Antonieta, é um exemplo de vida em seus 93 anos...

Preciosos amigos de tantas décadas!... Que bom que os tenho em minha vida!

Pois é, meus amigos, hoje resolvi partilhar com vocês um pouco da minha alegria. E assim como tenho amigos tão queridos na vida real, tenho-os na vida virtual, e como gostaria de poder , um dia, reuní-los assim, num momento tão doce e alegre... Mas tive-os, a cada um de vocês, em meu coração, em meu pensamento, viu?

sábado, 4 de agosto de 2012

Solidão...


Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência

Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade.

Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio.

Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida... Isto é um princípio da natureza.

Solidão não é um vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância.

Solidão é muito mais do que isto. Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão a nossa alma.

(Francisco Buarque de Holanda)

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Os fios que tecem a vida...


"Nossa vida é tecida pelos mesmos fios dos nossos sonhos. Aprende a construir todas as tuas estradas de hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão."

(William Shakespeare)