Um dia de misticismos, de crendices, de temores, de superstições... Sexta-feira 13!...
No Brasil, os terreiros estão em alvoroço, as encruzilhadas vão receber muitos "despachos", ninguém, ou quase ninguém vai passar debaixo de escadas, e todo mundo, ou quase, vai se persignar ao cruzar com um gato preto (pobrezinho). Sem contar que os astrólogos de plantão vão ter trabalho dobrado. Somos um povo dado ao misticismo, cultuamos nossas crendices.
Hoje encaro uma sexta-feira 13 como um dia qualquer, não carrego patuás, não me protejo atrás de uma figa de Guiné, não me importo com os pobres bichanos, mas tenho lá arraigadas em mim, mercê minha criação, algumas manias, confesso. Não deixo sapatos com as solas viradas para cima e digo a mim mesma que é por gostar de ordem nas coisas, por exemplo.
Mas minha infância foi pontuada por crendices que minha familia, vinda do interior, tinha como verdades. Minha avó sempre dizia que "na cama não se canta, na mesa não se assobia", pois dá azar. Uma de minhas tias, em dia de temporal, fazia cruzes de sal voltadas para a tormenta, escondia ovos, queimava palma benta, cobria espelhos, escondia tesouras e agulhas e rezava... Meu Deus, como rezava... Quase aos berros com medo que Santa Barbara não a ouvisse... Imaginem tudo isso na alma de uma criança!
Felizmente ainda consigo ver a beleza e a força da natureza quando explode em temporais... Conheço seu perigo, protejo=me, claro, mas embora liberta de suas crendices, não consigo evitar a lembrança dessa tia que chega forte num dia de temporal.
Hoje acho graça, rio-me daquelas situações que outrora apavoraram a alma de uma criança, mas é inveitável, em meio aos temporais, entre relâmpagos e trovões que ecludam sobre a cidade, pegar-me pensando em Santa Bárbara... Fé? Crendice? Força do hábito? Reação ao medo? Quem abe?
E vieram-ma a mente, uns versos de Fernando Pessoa que deixo aqui para vocês:
...
A chuva chovia do céu
E enegreceu os caminhos ...
No Brasil, os terreiros estão em alvoroço, as encruzilhadas vão receber muitos "despachos", ninguém, ou quase ninguém vai passar debaixo de escadas, e todo mundo, ou quase, vai se persignar ao cruzar com um gato preto (pobrezinho). Sem contar que os astrólogos de plantão vão ter trabalho dobrado. Somos um povo dado ao misticismo, cultuamos nossas crendices.
Hoje encaro uma sexta-feira 13 como um dia qualquer, não carrego patuás, não me protejo atrás de uma figa de Guiné, não me importo com os pobres bichanos, mas tenho lá arraigadas em mim, mercê minha criação, algumas manias, confesso. Não deixo sapatos com as solas viradas para cima e digo a mim mesma que é por gostar de ordem nas coisas, por exemplo.
Mas minha infância foi pontuada por crendices que minha familia, vinda do interior, tinha como verdades. Minha avó sempre dizia que "na cama não se canta, na mesa não se assobia", pois dá azar. Uma de minhas tias, em dia de temporal, fazia cruzes de sal voltadas para a tormenta, escondia ovos, queimava palma benta, cobria espelhos, escondia tesouras e agulhas e rezava... Meu Deus, como rezava... Quase aos berros com medo que Santa Barbara não a ouvisse... Imaginem tudo isso na alma de uma criança!
Felizmente ainda consigo ver a beleza e a força da natureza quando explode em temporais... Conheço seu perigo, protejo=me, claro, mas embora liberta de suas crendices, não consigo evitar a lembrança dessa tia que chega forte num dia de temporal.
Hoje acho graça, rio-me daquelas situações que outrora apavoraram a alma de uma criança, mas é inveitável, em meio aos temporais, entre relâmpagos e trovões que ecludam sobre a cidade, pegar-me pensando em Santa Bárbara... Fé? Crendice? Força do hábito? Reação ao medo? Quem abe?
E vieram-ma a mente, uns versos de Fernando Pessoa que deixo aqui para vocês:
...
A chuva chovia do céu
E enegreceu os caminhos ...
Quando os relâmpagos sacudiam o ar
E abanavam o espaço
Como uma grande cabeça que diz que não,
Não sei porquê — eu não tinha medo —
pus-me a rezar a Santa Bárbara
Como se eu fosse a velha tia de alguém...
Eu sentia-me ainda mais simples
Do que julgo que sou...
...
30 comentários:
Que lindo leerte tomando el café..
Excelente..
Un beso
Un abrazo
Con mis
Saludos fraternos...
Que tengas un buen fin de semana..
Adolfo,
Obrigada. Muito bom rcebe-lo por aqui.
Um bom dia para você, também.
beijos
Dulce,
Li o teu texto com uma certa nostalgia do tempo em que acreditavamos em tudo o que nos diziam.
Ainda rezo a Stª Bárbara quando faz trovoada... sugestão ou não, a trovoada passa mesmo!
Muito bom este poema de Fernando Pessoa. Obrigada pela partilha.
Ahhh... Tenho-me esquecido de dar-te os parabéns pelo novo Template... está lindissimo.
Bom final de semana.
Beijos para ti, minha querida.
Maria Valadas
Acho que, bem lá no fundo, as crendices nunca nos abandonam de todo... rs. Já Sta, Barbara não pode ser clasificada como crendice. É religiosidade. E essa, a maioria de nóa traz dentro de si.
Que bom que gostou do template, a intenção é deixar a casa bem bonita para receber os amigos.
Obrigada, beijos e boa tarde.
Dulce querida, fernando Pessoa conhecia a sua tia? rs
Brincadeiras à parte nosso povo tem muitas crendices mesmo...
Mas eu particularmente adoro gato preto e tenho medo é de gente viva mesmo!
Bj
beta
Amiga Dulce
Apesar de ter nascido e crescido numa família ligada a misticismos e credencices (a que não escapava a Sexta-Feira dia de azar), não sou supersticioso. O único medo que me assusta é o bicho-homem, da espécie a que pertencemos.
Ao ler este texto, escrito como sempre com uma elegância insuperável, recordei-me de duas práticas em minha casa quando menino. Minha mãe nunca deixava virar o pão ao contrário sobre a mesa. Meu pai, sempre que a tempestade caía (em África como elas eram!),estendia pneus na sala mandava que puséssemos os pés em cima e invocava Santa Bárbara!
Aí como aqui, não é?
Beijos, bom fim-de-semana.
Querida Dulce! Sendo crendice ou não,em certos lados ainda se acredita em algumas coisas,a de Santa Bárbara,a minha mãe dizia e pedia quando fazia trovoada.
Beijinhos e bfs
Lisa
Beta,
Você acaba de descovrir um segredo familiar... Fernando Pessoa e minha tia... hehehehehe... Quem dera!... rs
Também não me importo com a cor dos gatos e meu medo é mesmo da maldade dos vivos...
Beijos e obrigada...
Dulce
Gostei do texto, trouxe-me recordações...eu sou do Alentejo e lá também se rezava a Santa Barbara.
Gostei muito.
Beljos
Carlos Albuquerque
E você, meu amigo, como sempre, traz-nos comentários preciosos. O pão voltado para cima era também exigência de minha mãe, já os pneus, sendo a borracha isolante, protegia sim em lugares aonde certamente não existiam para-raios. E Santa Barbara era a força da fé, exatamente como aqui... Tão lindas tradições, tão doces lembranças...
Obrigada, Carlos.
Beijos
Liza
Até hoje Santa Barbara é sempre invocada nas trovoadas e até hoje somos, por aqui, cercados de crendices, de mesticismo... São usos e costumes cá da terra que devemos respeitas, ainda que não sejam nossos.
Beijos
Sonhadora
creio que por ser toda a minha familia gente de Portual, do norte, la de Trás-os-Montes o pessoal de minha mãe, e da Madeira, o pessoal de meu pai, fui criada nas tradições portuguesas, dai termos lembranças semelhantes, você, eu e todos esses amigos lindos que aqui estão.
Beijos
DULCE
adoro fernando Pessoa
vim aqui para dar um beijinho e dizer que realmente qualquer dia é bom para a felicidade.
Eu gosto dos numeros ímpares.
depois o dia treze sexta-feira é é realmente um dia bonito para nós podermos relembrar as crendices de antigamente...
um momento para a poesia.
tenho selo de NATAL e adorei vê-lo aqui......
beijinhos
Lili Laranjo
Quando passei por seu espaço, hoje cedo, vi seu lindo selo que você oferecia aos amigos, então eu o trouxe comigo, deixando meu agradecimento nos seus comentário,
Mas agradeço de novo, o selo, a amizade e esta sua visita.
Obrigada e beijos
Dulce
Não sou supersticiosa, mas mesmo que fosse... Meu filho nasceu numa sexta-feira 13 .A minha filha não nasceu a 13, mas a 31 e a minha neta, por acaso foi mesmo a 13. Por isso, para mim, o dia 13 é dia de sorte.
13 beijinhos
É só ir a Bahia e quando volto está tudo mudado! Tem nunvens e um alazão e céu azul. Não te disse que o mundo é Azul? Pois é. Continua... heheh
beijos Dulce e "não creio em bruxas mas que as há, há". hehehe
Querida amiga Dulce,
aqui também há pessoas assim, dadas ao misticismo.
Eu minha querida amiga não perco tempo com essas coisas embora seja um pouco como você e relembro as crendices de alguns antepassados, chego até a rir e a sentir saudade de ouvir as suas histórias.
Beijinhos,
Ana Martins
Para mim sexta feira 13 é um dia como outro qualquer...
Tenha um ótimo fim de semana!
Lourdes
Mas quantas coincidência, amiga!... De fato você tem todas as razões do mundo para gostar do numero 13, para considera-lo seu numero de sorte...
Beijos
Pitanga
Mas que maravilha!!! Tudo azul!...
Então, vamos mergulhar nesse azul, Mila, montar no alazão branco da vida para galopar pela esperança, pela alegria, pelo amor que anda preenchendo corações...
Las brujas... Esta noite é delas. Nem vou olhar a luz para não ve-las cavalgando suas vassouras em busca do tempo perdido... rs...
Beijos e boa noite, Mila
Ana
Também sinto saudades desses tempos tão distantes, das pessoas, principalmente, e até do medinho que nos acometia, a nos crianças... Ficou a saudade, a lembrança e, claro, as crendices que continuam em outras pessoas...
beijos
Dora Regina
Para mim também... Mas é de se reparar o comportamento das pessoas num dias assim...
Beijos
Bom dia, Dulce.
Sempre tentei saber as razões que levam à superstição.Da minha infância
retive e mantenho...(estranho,ñ é?):
o pão virado para baixo, facas cruzadas,chapéu em cima da cama ou cadeira...Mas há uma de q. tenho verdadeiro horror: espelhos partidos.
Mas há uma razão.Depois contarei.
Como sempre gostei do que escreveu e da forma como terminou o seu belo texto.
Beijo.
isa.
Isa
Essas coisas, idéias, ficam arraigadas na gente desde criança, depois fica mesmo dificil superar. Mesmo que se passe por cima, sempre fica lá no fundo um certo temor.
Obrigada, minha amiga e um lindo dinal de semana para você.
Beijos
Ola Amiga!
Pegue o acesso pela Curiosa e venha buscar seus selos, que estão pelos blogs.
Te espero, lá minha Linda.
Tenho um otimo sábado.
Com muito carinho
Sandra
Sandra,
Muito obrigada, vou sim.
Neste final de semana ainda estou em casa de meu filho e não estou tendo muito tempo livre para o blog, mas a partir de segunda-feira, já em casa, vou por tudo em dia por aqui.
Muitissimo obrigada,
Beijos
Querida Dulce,
Não sou de crendices, de todo.
Mas tenho pavor a trovoada.
Ontem aqui esteve uma tarde e uma noite assustadoras.
Sei que muita gente por aqui queima ervas, tipo alecrim e reza a Santa Bárbara. São coisas que vão passando de geração em geração.
Beijos
Ná
Ná
Vê-se pois que as crendices não se foram... e dizemos crendices quando talvez devessemos dizer usos e costumes, tradições populares.
E veja que continuam em muitos lugares não só além, mas aquém-mar tambem.
Beijos
Pois por cá, cara Dulce, lá bem no Norte há gente a divertir-se nas extas-feiras 13 e o mais curioso, como contei ontem lá no CR, é que o grande mentor desta festa que se está a tornar um cartaz turístico, é um padre!
Ontem, apesar da chuva, houve folia até às tantas...
Carlos
Mas isso é ótimo. E ainda mais com as benção de um padre.. rs...
Li seu post a respeito da festa da noite das bruxas e imaginei se não teria uma semelhança com a festa dos mortos, lá do México, já que me parece diferente do Halloween.
Espero que tenha participado dessa folia, que tenha sido uma grande festa também para meu amigo...
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