Noite de domingo, casa tranquila... Sem querer sentir em mim nostalgias ou recordações, apenas vivendo um momento de recolhimento, um momento de música que vem suavemente envolver minha noite, enrodilho-me na poltrona de meu quarto. Há horas em que preciso estar assim, só. Horas em que me deixo levar suavemente pelo mundo do irreal, quando as notas musicais que preenchem o ambiente vão formando imagens em minha mente, vão inventando histórias, criando fantasias.
E como minha alma é pródiga em fantasias!...
Imaginava que o passar do tempo colocasse um pouco de juízo nessa alma insana, obrigando-a a ficar mais presa a realidade, fazendo-a enxergar que a passagem dos anos tira-nos o "direito" a cometer loucuras, ainda que doces loucuras cometidas apenas em pensamentos, em desvairados sonhos e, fazendo-a então perceber o ridiculo de certas situações, ve-la finalmente portar-se como é devido a uma senhora. Porque, abrigada no corpo de uma mulher que caminha para o final do outono de sua vida, como pode uma alma imaginar-se com direito a sonhos e ilusões de uma adolescente?
Mergulhando dentro de mim mesma, procuro ter com ela uma conversa e, quando tento traze-la a realidade ela sorri tristemente e me confidencia que numa noite de chuva como esta, com o doce barulhinho dos pingos contra a vidraça, sentindo-se frágil, absolutamente desamparada, sozinha, precisa mergulhar nos sonhos para não se perder nas sombras da solidão que anda rondando seus domínios. Então eu me calo e corto as amarras para que ela possa partir em busca de seu momento de paz...
E como minha alma é pródiga em fantasias!...
Imaginava que o passar do tempo colocasse um pouco de juízo nessa alma insana, obrigando-a a ficar mais presa a realidade, fazendo-a enxergar que a passagem dos anos tira-nos o "direito" a cometer loucuras, ainda que doces loucuras cometidas apenas em pensamentos, em desvairados sonhos e, fazendo-a então perceber o ridiculo de certas situações, ve-la finalmente portar-se como é devido a uma senhora. Porque, abrigada no corpo de uma mulher que caminha para o final do outono de sua vida, como pode uma alma imaginar-se com direito a sonhos e ilusões de uma adolescente?
Mergulhando dentro de mim mesma, procuro ter com ela uma conversa e, quando tento traze-la a realidade ela sorri tristemente e me confidencia que numa noite de chuva como esta, com o doce barulhinho dos pingos contra a vidraça, sentindo-se frágil, absolutamente desamparada, sozinha, precisa mergulhar nos sonhos para não se perder nas sombras da solidão que anda rondando seus domínios. Então eu me calo e corto as amarras para que ela possa partir em busca de seu momento de paz...
8 comentários:
Olá Dulce!
Achei o texto lindo e não resisti a intrometer-me nos seus pensamentos.
É verdade; a música tem esse extraordinário condão de nos conseguir tranportar para fora de nós mesmos, para um mundo de fantasia procurada, onde tudo nos é permitido, e tudo é possível durante momentos; onde pomos em confronto "o que somos, com o que gostaríamos de ser", "o que temos, com que gostaríamos de ter".
O se pensamento traz-me à mente uma das canções dos Beatles(julgo que não me engano)em que é dito: "We are older but none wiser", e eu tenho que concordar que eles sabiam o que diziam.E consigo já tinha concordado, mesmo antes de ter lido o texto.
Um abraço.
Vitor Chuva
Vitor
Muito obrigada. Sempre é um prazer te-lo aqui e contar com seu comentário.
Concordo, e penso que para a maioria das pessoas a música seja mesmo a varinha de condão que as transporta ao mundo do sonho e da fantasia. Além de ter o poder de acalmar a alma, de elevar o espírito. Ou de libertar as angustias, os sentimentos represados, os pequenos demônios que alguns carregam dentro de si...
De qualquer forma, suave ou agressiva, sempre nos envolve e está presente em cada momento de nossas vidas.
Um abraço
Olá Dulce!
Desta vez è só uma adenda ao anterior comentário: Afinal, a expressão pertence à letra de "Those were the days", de Mary Hopkin,e não aos Beatles. Mea culpa; "A César o que é de César"...
Um abraço.
Vitor Chuva.
Vitor
Obrigada.
De qualquer forma não a conhecia e vou procurar conhecer.
um abraço
Querida amiga Dulce,
Temos muito mais em comum do que imagina. Sendo eu um bocadinho mais nova, nada invalida o que me deixa em estados de alma em tudo semelhantes ao seu.
Concluindo amiga, sozinha ou acompanhada, a solidão existe sempre, o sentimento de se ser mal amada ou nada amada é algo que atormenta a nossas almas românticas, sempre ávidas de amor.
Ridículas??? não amiga, felizmente muito vivas!!!
Beijinho muito grande,
Ná
Ná
Conheço bem essa solidão a dois, minha amiga. Mas a alma segue sonhadora, pouco se importando com nossas preocupações ou com a passagem do tempo... E quer saber, Ná? Gosto muito de minha alma inquieta; ela me renova, me acalenta, me mantém viva.
E vamos em frente, amiga, as duas, vivendo, sonhando, amando o lado doce de nos mesmas...
Beijos
O texto é muito bonito, como de resto já nos habituou. O meu problema é tempo para acompanhar a sua produção.
Um abraço
Elvira,
muito obrigada.
É que em madrugadas insones, escrever faz-me bem.. Vou tentar ir mais devagar.
Beijinhos
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