Deixa a xícara de chá repousando sobre a mesinha lateral enquanto folheia o livro que tem entre as mãos. Abre-o aleatoriamente e ao começar a ler um dos poemas, sente apertado o coração lembrando-se de outras vezes em que a leitura desse mesmo poema enchera-lhe a alma de sonhos. Sonhos que se desfizeram como se desfaz a rendilhada espuma das ondas quando o mar avança por sobre a areia... Mas ao contrario do mar que ao recuar remove as marcas da areia, os sonhos, ao se desfazerem deixaram marcas, cicatrizes profundas cravadas dentro de si.
Desses sonhos, nada restara. Nada alem da dolorida constatação de que ela não fora senão um brinquedinho que o ajudara a vencer o tédio, a monotonia de uma solidão que ele não admitia sentir. Um brinquedinho do qual logo se cansara e que, sem o menor constrangimento, deixara de lado para sair em busca de novos objetos de devoção, que seriam igualmente abandonados, algum tempo depois...
Imaturidade? Pura maldade? Descaso pelos sentimentos alheios?. Talvez... Ou, talvez, apenas uma enorme solidão que ele jamais admitiria sentir, um desamor a turvar-lhe a alma e os sentidos, a colocar dentro de si uma sensação de andar meio perdido, sem coragem para enfrentar a passagem irrevogável do tempo, embora jamais admitisse isso. Nem para si mesmo.
E antes que a tristeza volte a envolver-lhe a alma, fecha o livro e dirige-se a biblioteca em busca de uma outra leitura mais apropriada para aquele momento...
Dulce Costa
Na madrugada do dia 25 de junho do ano de dois mil e nove.
Desses sonhos, nada restara. Nada alem da dolorida constatação de que ela não fora senão um brinquedinho que o ajudara a vencer o tédio, a monotonia de uma solidão que ele não admitia sentir. Um brinquedinho do qual logo se cansara e que, sem o menor constrangimento, deixara de lado para sair em busca de novos objetos de devoção, que seriam igualmente abandonados, algum tempo depois...
Imaturidade? Pura maldade? Descaso pelos sentimentos alheios?. Talvez... Ou, talvez, apenas uma enorme solidão que ele jamais admitiria sentir, um desamor a turvar-lhe a alma e os sentidos, a colocar dentro de si uma sensação de andar meio perdido, sem coragem para enfrentar a passagem irrevogável do tempo, embora jamais admitisse isso. Nem para si mesmo.
E antes que a tristeza volte a envolver-lhe a alma, fecha o livro e dirige-se a biblioteca em busca de uma outra leitura mais apropriada para aquele momento...
Dulce Costa
Na madrugada do dia 25 de junho do ano de dois mil e nove.
18 comentários:
Querida Dulce,triste mas lindo o seu
texto.Lê-los dá prazer e prende-nos
a si.
Tenho 2 coisas para lhe dizer.
1ª- a minha nora q. ñ tem filhos esteve cá e disse-me que achava a Dulce liiiinda.
Fiquei toda orgulhosa,por si.
2ª- Os meus netos estão em Portugal
e ficam hoje comigo:a Maria 5 meses
e o Sebastião 5 anos.
Estou radiante! Pedi à D.Júlia para ficar mais um pouco, para qq.coisa k seja necessário.
Beijo.
isa.
Isa
Obrigada! Mas diga à sua gentil amiga que eu sou muito fotogênica, mais nada (como diria o seu pequeno Sebastião... rs) Mas ainda assim fico toda prosas... rs
Então minha amiga está hoje de "vovó em tempo integral"? Que delícia. ao final do dia está-se cansada, mas tão feliz!... Não é? Isso acontece comigo a cada duas semanas quando os filhos do filho que mora comigo vêm para estarem com o pai... Aí a casa vira de cabeça para baixo (a avó também... rs) mas é tão bom!!!
Beijos e lindo dia para você e seus pequerruchos.
Existem momentos que não fazem felizes aqueles que absorvem certo género de literatura. O mais sensato... é procurar uma leitura leve... que não faça pensar ...
Tenho o blog fechado.. mas aberto para os convidados.. e você está entre eles...minha querida amiga!
Beijos no seu coração.
Maria
Há uma literatura propría para cada momento... Você está certa.
Obrigada, Maria, fico feliz em constar da sua lista de amigas. Conte com minha presença em seu cantinho, sempre.
beijos.
E fez muito bem. Alimentar dores e saudades é masoquismo não?
Um abraço
Quando a tristeza bate não há leitura certa. O que acontece é que volta-se inúmeras vezes ao início da página até que acabamos por desistir.
boa tarde Dulce com chuva e temperatura caindo.
Boa tarde!
Quero agradecer-lhe, em nome da organização da blogagem colectiva Aldeia da minha vida, por ter participado, na qualidade de leitora e eleitora e pelo seu contributo para o sucesso da mesma.
Dia 30 de Junho serão publicados os resultados.
Até lá, um bom fim de semana!
Susana Falhas
Elvira,
Claro que sim, minha amiga... Claro que sim.
beijos
Boa tarde, Pitanga
Acabo de chegar de uma visita a uma amiga muito querida, lá do outro lado da cidade que, apesar do horário e da ameaça de chuva, mas graças ao jodo da Seleção, estava com trânsito livre... Coira rara em SP a esta hora da tarde. E melhor ainda encontrar recados de amigas queridas...
Quanto à leitura, é exatamente isso... é que ficamos arrumando desculpas... rs...
beijos
Susana
Obrigada pela atenção.
Dulce já passa da meia noite e ainda estou acordada. Você também? Hoje há noite de Inverno.Não no frio que é pouco mas na chuva fina e no vento que faz meus sininhos da varanda tocarem. Vou dormir e tentar sonhar com outras varandas em outros Invernos.
boa noite e fica bem
Pitamga
Estar acordada, eu estava sim, mas meu PC estava no maior sono, porque deve ter havido algum problema no meu servidor que me deixou sem conexão até a madrugada.
Espero que os sininhos de sua varanda tenham embalado lindos sonhos com seu delicado tilintar. E que seu dia amanheça azul e ensolarado.
beijos
Olá amiga.
Seu tema de hoje faz pensar, pois muitas vezes há marcas dolorosas que pensamos estar bem arrumadinhas e esquecidas e, de repente qualquer acontecimento as faz reviver. Até mesmo a leitura dum livro.
Que fazer? Trocar de livro talvez seja realmente a melhor solução.
Beijinhos
Lourdes
É exatamente isso que sempre faço, minha amiga. Procuro um outro livro...
Beijos
Querida Dulce,tem no meu canto uma presente.
http://isa-selosemimos.blogspot.com
Acho k gostará
Beijo.
isa.
Isa
Mas que gentil, minha amiga, muito obrigada. Claro que vou gostar.
Vou já, já, buscá-lo.
Beijos
Magnifico... Bem escrito, lindo e triste, parece até o inicio de um romance.
Beijinhos,
Ana Martins
Muito obrigada, Ana
Vindas de você, essas palavras significam muito para mim, porque você é sensibilidade em todos os seus versos.
Obrigada
Beijinhos
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