Ao abrir as cortinas, uma vista da cidade vestida de branco... Foto tirada hoje cedo, da janela de meu quarto.
“Não sou nada
Nunca fui nada.
Não posso querer ser nada.
A parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo...”
Assim começa Tabacaria, uma maravilhosa criação de Fernando Pessoa,, numa dessas considerações postas pelo poeta que me caem como uma luva..
Também eu carrego em mim todos os sonhos do mundo, mesmo sabendo que são irrealizáveis, grandes demais para minhas reais possibilidades de vida. Tenho consciência da minha pequenez, vejo-me através do espelho de minha alma, sei o quanto as vezes consigo ser ridícula para comigo mesma, mas ainda assim, sonho. E como sonho...
Com isso vou palmilhando meus caminhos com a esperança que tais sonhos me permitem, e vou vislumbrando o meu inverno com menos medos, com mais serenidade, enfrentando ora turbulências e tempestades, ora dias calmos e ensolarados, ora trechos modorrentos, cheios de tédio, tentando sempre manter essa serenidade que minha alma precisa para não soçobrar.
Confesso que, vez por outra, considero a possibilidade de ser uma mulher totalmente pragmática, pés arraigados no chão da realidade do tempo marcadinho no relógio de minha vida, e digo enfaticamente para mim mesma: – “Não vou mais sonhar... chega! Que absurda perda de tempo! Que criatura ridícula estou me tornando...” E tento mesmo ser assim, mas me pego já na hora seguinte, desprevenida, olhos olhando através da alma, construindo castelos no ar, completamente esquecida de meus propósitos.
Exatamente como nesta manhã de domingo. Desde a madrugada tomara a tal resolução de fincar meus pés na realidade de meus dias, diante da tristeza que envolvia minha alma naquele momento, mas ao clarear do dia, ao chegar a janela e ao me deparar com a cidade completamente vestida de branco, a neve caindo suavemente, silenciosamente, formando delicada cortina diante de meus olhos, minha alma rendida diante da beleza do momento,, completamente esquecida de meus “firmes” propósitos da madrugada, desgarrou-se de mim para enveredar em novos e tresloucados sonhos...
Ah, desisto de tentar... Sou mesmo um caso perdido... vou continuar, mesmo sendo nada, mesmo nunca tendo sido nada, mesmo sem poder querer ter sido nada, ainda assim vou continuar carregando em mim todos os sonhos do mundo...
Dulce
Winchester, 11 de janeiro de 2008
Nunca fui nada.
Não posso querer ser nada.
A parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo...”
Assim começa Tabacaria, uma maravilhosa criação de Fernando Pessoa,, numa dessas considerações postas pelo poeta que me caem como uma luva..
Também eu carrego em mim todos os sonhos do mundo, mesmo sabendo que são irrealizáveis, grandes demais para minhas reais possibilidades de vida. Tenho consciência da minha pequenez, vejo-me através do espelho de minha alma, sei o quanto as vezes consigo ser ridícula para comigo mesma, mas ainda assim, sonho. E como sonho...
Com isso vou palmilhando meus caminhos com a esperança que tais sonhos me permitem, e vou vislumbrando o meu inverno com menos medos, com mais serenidade, enfrentando ora turbulências e tempestades, ora dias calmos e ensolarados, ora trechos modorrentos, cheios de tédio, tentando sempre manter essa serenidade que minha alma precisa para não soçobrar.
Confesso que, vez por outra, considero a possibilidade de ser uma mulher totalmente pragmática, pés arraigados no chão da realidade do tempo marcadinho no relógio de minha vida, e digo enfaticamente para mim mesma: – “Não vou mais sonhar... chega! Que absurda perda de tempo! Que criatura ridícula estou me tornando...” E tento mesmo ser assim, mas me pego já na hora seguinte, desprevenida, olhos olhando através da alma, construindo castelos no ar, completamente esquecida de meus propósitos.
Exatamente como nesta manhã de domingo. Desde a madrugada tomara a tal resolução de fincar meus pés na realidade de meus dias, diante da tristeza que envolvia minha alma naquele momento, mas ao clarear do dia, ao chegar a janela e ao me deparar com a cidade completamente vestida de branco, a neve caindo suavemente, silenciosamente, formando delicada cortina diante de meus olhos, minha alma rendida diante da beleza do momento,, completamente esquecida de meus “firmes” propósitos da madrugada, desgarrou-se de mim para enveredar em novos e tresloucados sonhos...
Ah, desisto de tentar... Sou mesmo um caso perdido... vou continuar, mesmo sendo nada, mesmo nunca tendo sido nada, mesmo sem poder querer ter sido nada, ainda assim vou continuar carregando em mim todos os sonhos do mundo...
Dulce
Winchester, 11 de janeiro de 2008
4 comentários:
Também aqui em Portugal tem estado a nevar intensamente, até em zonas onde normalmente não costuma acontecer. Apesar do frio, a paisagem é maravilhosa.Quanto ao seu post, não desista de sonhar. Sonhe muito.
"Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
Chegamos? Não chegamos?
Partimos. Vamos. Somos."
(Sebastião da Gama)
Lourdes,
obrigada pela visita, pelas palavrss, pelos lindos versos. Seríamos tão vazios sem nossos sonhos, não é mesmo?
Um abraço.
Dulce, nao se aquiete por nao ser nada, como diria Sartre, ser nada é ser um ser em um todo....Mas todos estamos envolvidas no nada de Pessoa, da Clarice... E até o Drummond já sentiu também todas as dores do mundo e no mesmo instante que achava aguentá-las disse que nao poderia.... Também sou nada e assim temos todos a parte de um todo.... Beijos anine
PS. Gostaria da sua Permissão para postar alguns de seus contos no Poesia Expressao da Alma vida e obra....
Obrigada, Anine. Fico muito feliz por estar em tão boa companhia... rs...
E muito honrada com sua solicitação. Claro que pode publicar em seu Poesia Expressão da Alma o texto que quiser. Fique a vontade e muito obrigada.
Beijos
Postar um comentário