floquinhos

domingo, 25 de janeiro de 2009

DEPOIS DE SEIS MESES, UM SABADO EM SAO PAULO


Meu primeiro sábado em São Paulo, apos seis meses de ausência e já estava achando que ficaria placidamente em casa, entre meus livros, meus CDs e DVDs, diante de minha pequena janela para o mundo, a telinha de meu computador, pois não quisera marcar nada com minhas amigas para o final de semana, só para me deliciar com o simples fato de estar em meu canto, vagar por minha casa, aconchegar-me no meu sofá, enfim, ficar em casa do jeitinho que eu gosto.
E a manhã corria tranqüila, eu colocando coisas em ordem, quando meu filho chegou e me convidou para almoçarmos fora. Claro que aceitei, nunca recuso a doce companhia de qualquer dos meus filhos, e resolvemos que iríamos a um dos restaurantes do Shopping Villa Lobos, que fica bem perto de casa. Juntando a palavra a ação, lá fomos nós e escolhemos um restaurante italiano. E não é que minha alma portuguesa foi logo escolhendo um “pene ao bacalhau desfiado”? risos... Ah, não tinha erro, porque bacalhau torna qualquer prato super gostoso. Na verdade, se era para ser bacalhau, a escolha deveria ter recaído sobre qualquer um dos maravilhosos restaurantes portugueses que temos na cidade... mas estava bom, o almoço foi ótimo e saindo de lá meu filho quis passar numa loja de vinhos, no pavimento inferior e... Ah, maravilha olhar todas aquelas garrafas, vindas de tantas partes do mundo, contando tantas histórias ocorridas desde a escolha da terra, da casta da uva, dos métodos de fabricação, tantos caminhos até chegar ali, nas prateleiras daquela elegante loja de vinhos...
E enquanto meu filho escolhia os vinhos que queria levar para casa eu fui passeando pelo mundo através daqueles rótulos. Consagrados e caríssimos uns, respeitados e um pouco mais acessíveis outros, desconhecidos vários... E fui caminhando pelas Américas entre os vinhos da Califórnia, da Argentina, os apreciados chilenos, os nossos, que andam ganhando seu espaço... Ora, veja, estou na África do Sul, agora, e logo passo pela Austrália, também... Hummm... os italianos, encorpados chiantis, os espumantes... Agora estou em Portugal e meus dedos deslizam sobre o Dão, e vão tocando cada região vinícola da terra de meus antepassados. Vejo-me na Alemanha, mas derreto-me diante dos franceses... E numa hora assim eu lamento não ser um conaisseur de vinhos...Minha viagem seria muito mais interessante, adivinhando o sabor apenas pelas descrições contidas nos rótulos...
Meu filho terminou sua escolha e saímos da loja, deixando a compra para ser retirada depois porque queríamos ir a Livraria Cultura. Outro passeio pelo mundo, desta vez um pouco mais conhecido para mim, e logo na entrada o livro do Saramago que estava procurando e que logo coloquei na minha cesta e fui em busca de um novo exemplar de um dos meus livros de cabeceira que, emprestado, nunca mais foi devolvido (porque é que algumas pessoas acham que livros não são para serem devolvidos? Se elas soubessem o valor que lhes damos, devolveriam rapidinho, ou nem pediriam emprestados... Comprariam uns para si...). Ah, lá estava ele – “Cem anos de solidão”... Finalmente minha noite iria ter momentos lindos em companhia de Garcia Marques!...
Ainda rodamos um pouco mais pela loja, depois tomamos um café e deixamos o shopping. No caminho ainda visitamos uma loja de cozinha, só para conhecer e fomos para casa. Assim passei meu primeiro sábado do ano em Sampa, fazendo o que mais o paulistano gosta de fazer, almoçando num bom restaurante, depois visitando lojas e livrarias... rs... Claro que faltou um cineminha, um bom espetáculo de teatro, mas fica para um outro sábado... Por hoje foi suficiente e agora, depois de conversar um pouco com vocês, pacientes leitores do meu blog, na maioria das vezes esporádicos, vou me enrodilhar no sofá lá da sala para reler, pela não sei qual vez, Garcia Marques... Ou começo a noite por Saramago? Oh! Dúvida cruel!... risos... Não, na verdade não estou em dúvida. Hoje a noite é colombiana...

“Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendia havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo...”

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