floquinhos

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

VOLTANDO AO NINHO...

Voltando ao ninho

Estou em contagem regressiva... Em uma semana devo estar chegando de volta ao Brasil. Parafraseando a musica do coração – “de volta pro meu aconchego / trazendo na mala bastante saudade...”
Saudade dos que lá estão: meus filhos tão amados que quero abraçar muito, beijar, contar tantas coisas, ouvir tantas coisas que eles devem ter para me contar, rever netos e nora muito queridos, minhas amigas, estar de novo em meu cantinho... Minha poltrona favorita aonde me sento para ler ou ouvir musica quando a madrugada é de serenidade, ou meu sofazinho aconchegante, em cuja maciez me encolho, me enrodilho, quando das madrugadas em que a alma resolve se abrir e expor melancolias e ânsias contidas... Meu terraço... ah, meu terraço! Passaporte para o sonho, palco de algumas loucas fantasias aonde é servido, para os amigos mais queridos, café ao amanhecer e chá ao cair da tarde, aonde o beija-flor vem para beber água ou simplesmente me visitar, todas as manhãs, platéia para se namorar a lua mais linda que se esparrame por sobre Sampa, ou para viver a beleza de uma noite de chuva, aonde a luz dos faróis dos carros que passam lá embaixo, na rua, formam desenhos no asfalto... Um perfume de rosas no ar, uma musica do coração, Assim é meu terraço encantado, meu pequeno mundo da lua, aonde minha alma se liberta e de onde parte para viagens por sobre mares e continente, atravessando hemisférios, ao encontro de almas afins, em busca de entendimentos, de carinho, ternura, paz...
Mas se volto feliz para esse meu cantinho tão especial, levo também um aperto no coração e já muitas saudades deste outro canto que também me é especial, porque nele deixo minha filha tão amada, meus netos tão queridos, meus gringuinhos, meus kids... Aqui também tenho um lugar para namorar a lua, ver a chuva cair sobre o gramado, a neve cobrir a cidade num espetáculo inesquecível... Aqui vislumbrei as mais lindas tardes de outono, com suas cores, com seus tapetes de folhas cobrindo o asfalto e os gramados e desfrutei de muita paz em meus passeios pelo bosque, até o lago aonde me sento para, deixando meus olhos descansarem sobre as águas, poder libertar minha alma em caminhadas interiores, momentos de tanta serenidade...
Sou um coração partido ao meio. Sou uma alma com dois portos de abrigo. Sou um espírito em dualidade... Quero estar aqui, quero voltar para lá...
E assim vou vivendo meu outono da vida, entre tristezas de partidas e alegrias de chegadas, entre saudades de uns e de outros, entre paisagens tão diferente e tão igualmente minhas, entre amigos que me reclamam a presença e entre meus amores divididos em dois hemisférios... E meu coração agradece a vida por tudo isso, e minha alma segue feliz ou melancólica pelas madrugadas, ora em Sampa, ora em Winchester, sempre ao sabor dos sonhos...

Dulce Costa
Winchester, 14 de janeiro de 2009

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