Lembrando Dona Inês, minha mãe...
Neste 7 de janeiro minha mãe faria aniversário. Portanto, a data é de carinho, de saudade. Uma saudade doce, serena, como serenos foram seus passos pela vida. E fico aqui me lembrando de tantos aniversários dela, desde minha meninice, quando fazíamos lembrancinhas na escola para oferecer as mães, cartões, flores de papel, fosse lá o que fosse, e que ela recebia como se fora um diamante raro. Abria aquele sorriso doce, seus olhos se iluminavam e num abraço cheio de carinho dizia um muito obrigada que vinha da alma, como naquela vez em que, teria eu talvez doze anos, não sei bem, era Dia das Mães, e com a ajuda de minha professora, pintei uma flor num azulejo (ficou horrível!... rs), mas ela adorou e guardou-o por muito tempo, e por muito tempo aquele horror ficou pendurado na parede... Ela dizia que era lindo!... Coisa de mãe!
Depois, já maiorzinha, contava com a ajuda de meu pai para financiar o presente e lá ia eu na lojinha do Seu Chico, lá na Caetano Pinto, comprar uma lembrancinha pra ela, um lenço, uns panos de copa, qualquer coisa de mais bonitinho que ele tivesse. Depois que comecei a trabalhar, ai tirei a forra, e comprava o que ela precisasse, o que gostasse, mas nunca vi diferença na forma de receber os presentes. Sempre deu a impressão de que estava recebendo o melhor presente do mundo.
Minha mãe era uma mulher linda, cabelos negros, olhos verdes, feições finas, modos delicados, sempre serena, contida, e nem a passagem dos anos conseguiu mudar isso. Mesmo no final de sua caminhada, já presa ao leito, com momentos de não reconhecer nada nem ninguém, ainda conservava sua delicadeza, ainda falava baixo, ainda sorria docemente...
E hoje estou aqui, olhando suas fotos em meus arquivos, falando um pouquinho sobre ela e voltando ao passado, em flashes, em momentos... Uma almoço de domingo, quando ela se esmerava na cozinha e nos deliciava com seus pratos variados, sentada a maquina de costura consertando ou costurando alguma roupa, a tarde, sempre com as mãos ocupadas num crochê ou num tricô – fazia meias de lã maravilhosas, sem emendas nem costuras, com cinco agulhas, meias que aqueciam nossos pés nos frios invernos paulistanos, sentada ao lado de meu pai, conversando, ouvindo-o contar seus casos, sempre atenciosa,... Desvelava-se com os netos, amava os sobrinhos, vivia para os filhos. E deixou em nós uma doce saudade, uma amável lembrança.
Saudade que aquece meu coração e que me permite dizer obrigada a Deus, a vida, por terem-me permitido te-la como mãe...
Dulce Costa
Winchester, 06 de janeiro de 2009
Neste 7 de janeiro minha mãe faria aniversário. Portanto, a data é de carinho, de saudade. Uma saudade doce, serena, como serenos foram seus passos pela vida. E fico aqui me lembrando de tantos aniversários dela, desde minha meninice, quando fazíamos lembrancinhas na escola para oferecer as mães, cartões, flores de papel, fosse lá o que fosse, e que ela recebia como se fora um diamante raro. Abria aquele sorriso doce, seus olhos se iluminavam e num abraço cheio de carinho dizia um muito obrigada que vinha da alma, como naquela vez em que, teria eu talvez doze anos, não sei bem, era Dia das Mães, e com a ajuda de minha professora, pintei uma flor num azulejo (ficou horrível!... rs), mas ela adorou e guardou-o por muito tempo, e por muito tempo aquele horror ficou pendurado na parede... Ela dizia que era lindo!... Coisa de mãe!
Depois, já maiorzinha, contava com a ajuda de meu pai para financiar o presente e lá ia eu na lojinha do Seu Chico, lá na Caetano Pinto, comprar uma lembrancinha pra ela, um lenço, uns panos de copa, qualquer coisa de mais bonitinho que ele tivesse. Depois que comecei a trabalhar, ai tirei a forra, e comprava o que ela precisasse, o que gostasse, mas nunca vi diferença na forma de receber os presentes. Sempre deu a impressão de que estava recebendo o melhor presente do mundo.
Minha mãe era uma mulher linda, cabelos negros, olhos verdes, feições finas, modos delicados, sempre serena, contida, e nem a passagem dos anos conseguiu mudar isso. Mesmo no final de sua caminhada, já presa ao leito, com momentos de não reconhecer nada nem ninguém, ainda conservava sua delicadeza, ainda falava baixo, ainda sorria docemente...
E hoje estou aqui, olhando suas fotos em meus arquivos, falando um pouquinho sobre ela e voltando ao passado, em flashes, em momentos... Uma almoço de domingo, quando ela se esmerava na cozinha e nos deliciava com seus pratos variados, sentada a maquina de costura consertando ou costurando alguma roupa, a tarde, sempre com as mãos ocupadas num crochê ou num tricô – fazia meias de lã maravilhosas, sem emendas nem costuras, com cinco agulhas, meias que aqueciam nossos pés nos frios invernos paulistanos, sentada ao lado de meu pai, conversando, ouvindo-o contar seus casos, sempre atenciosa,... Desvelava-se com os netos, amava os sobrinhos, vivia para os filhos. E deixou em nós uma doce saudade, uma amável lembrança.
Saudade que aquece meu coração e que me permite dizer obrigada a Deus, a vida, por terem-me permitido te-la como mãe...
Dulce Costa
Winchester, 06 de janeiro de 2009
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