Envelhecer é um processo que leva uma vida toda.
Começamos a envelhecer no momento mesmo em que nascemos e vamos ficando a cada ano “um ano mais velhos” (não é assim que dizemos?) E esse passar do tempo, a infância, encarado com alegria e a que chamamos crescimento nada mais é do que um preparatório para o resto de nossas vidas.
Os primeiros passos, as primeiras palavras, as primeiras letras... Entramos então na adolescência, tempo de turbulências, de descobertas, de insatisfações para conosco mesmos, de rebeldia, de tentativas desesperadas de auto-afirmação, e dela emergimos para um período de plenitude, convencidos de que o mundo é nosso e podemos fazer dele o que bem entendermos. E vamos para as universidades cheios de idealismos, de sonhos, de energia. Vivemos então o que mais tarde chamaríamos de “os anos inesquecíveis”, mas que no momento em que são vividos podem nem sempre nos parecerem realmente assim. Dai partimos para a vida, propriamente dita, o inicio de uma carreira, a construção de uma família, os planos traçados com segurança para o futuro. E o processo continua.
Chegamos aos trinta anos no auge de nossa força, de nossa capacidade, somos senhores de nos mesmos, de nossos destinos. Aos quarenta temos nosso primeiro baque e possivelmente é ai que fica definido como será encarado realmente nosso processo de envelhecimento, porque só ai é que começamos mesmo a nos preocuparmos com ele.. Aqueles entre nós que conseguirem olhar para si mesmos encarando com naturalidade a passagem do tempo, sentindo que o caminhar foi, ate ali, compensador, os que estiverem em paz consigo mesmos e com a vida, vão chegar aos cinquenta, aos sessenta, e a todos os “entas” muito bem, vão circular pelo outono da vida com serenidade, vivendo cada momento com a devida alegria, com a devida emoção, com a certeza de que a vida é um eterno aprendizado e que a cada dia, novas descobertas de si mesmos e do mundo em que vivem virão para enriquecer-lhes o caminhar. E esse caminhar poderá ser sereno, compensador.
Mas para aqueles que o chegar aos quarenta anos for não mais que uma fonte de medos, de insegurança, de desespero diante de uma simples mecha de cabelos brancos que surja em suas têmporas, de cada ruguinha que surja em seus rostos, onde a academia, o cirurgião plástico, os potes e potes de cremes passem a ser fatores de suma importância em suas vidas... Ah... Ai o processo de envelhecimento torna-se um pesadelo e dai para a frente não haverá paz interior alguma.
Pessoas para as quais a aparência física é extremamente importante certamente vão sentir de forma muito mais aguda o processo e, muitas vezes inconformadas com ele, vão entrando pela maturidade como se ainda fossem jovens adolescentes, sem se darem conta de que há beleza em todas as idades. Belezas diferentes, que podem fazer de um viver uma fonte de bons e doces momentos, dependendo de cada um.
Muito mais triste do que envelhecer é não reconhecer a beleza dos caminhos percorridos, a sabedoria que esse caminhar pode nos proporcionar, o enriquecimento de nossos espíritos a cada período de nossas vidas, as infinitas experiências que nos tornaram melhores, a preciosidade de cada dia, de cada momento que conseguimos viver com alegria, o amor que conservamos dentro de nós, a vida que vivemos, enfim...
E temos que ponderar que, a única alternativa para o não envelhecer é o morrer jovem, e isso ninguém quer, não é? Então o jeito é encarar o passar do tempo (ou a nossa passagem por ele) com naturalidade, para chegarmos serenamente ao outono da vida, numa preparação de nossos caminhos, para que o inverno possa ser bem menos rigoroso, quando nele chegarmos.
Dulce Costa
Winchester, 05 de dezembro de 2009
Começamos a envelhecer no momento mesmo em que nascemos e vamos ficando a cada ano “um ano mais velhos” (não é assim que dizemos?) E esse passar do tempo, a infância, encarado com alegria e a que chamamos crescimento nada mais é do que um preparatório para o resto de nossas vidas.
Os primeiros passos, as primeiras palavras, as primeiras letras... Entramos então na adolescência, tempo de turbulências, de descobertas, de insatisfações para conosco mesmos, de rebeldia, de tentativas desesperadas de auto-afirmação, e dela emergimos para um período de plenitude, convencidos de que o mundo é nosso e podemos fazer dele o que bem entendermos. E vamos para as universidades cheios de idealismos, de sonhos, de energia. Vivemos então o que mais tarde chamaríamos de “os anos inesquecíveis”, mas que no momento em que são vividos podem nem sempre nos parecerem realmente assim. Dai partimos para a vida, propriamente dita, o inicio de uma carreira, a construção de uma família, os planos traçados com segurança para o futuro. E o processo continua.
Chegamos aos trinta anos no auge de nossa força, de nossa capacidade, somos senhores de nos mesmos, de nossos destinos. Aos quarenta temos nosso primeiro baque e possivelmente é ai que fica definido como será encarado realmente nosso processo de envelhecimento, porque só ai é que começamos mesmo a nos preocuparmos com ele.. Aqueles entre nós que conseguirem olhar para si mesmos encarando com naturalidade a passagem do tempo, sentindo que o caminhar foi, ate ali, compensador, os que estiverem em paz consigo mesmos e com a vida, vão chegar aos cinquenta, aos sessenta, e a todos os “entas” muito bem, vão circular pelo outono da vida com serenidade, vivendo cada momento com a devida alegria, com a devida emoção, com a certeza de que a vida é um eterno aprendizado e que a cada dia, novas descobertas de si mesmos e do mundo em que vivem virão para enriquecer-lhes o caminhar. E esse caminhar poderá ser sereno, compensador.
Mas para aqueles que o chegar aos quarenta anos for não mais que uma fonte de medos, de insegurança, de desespero diante de uma simples mecha de cabelos brancos que surja em suas têmporas, de cada ruguinha que surja em seus rostos, onde a academia, o cirurgião plástico, os potes e potes de cremes passem a ser fatores de suma importância em suas vidas... Ah... Ai o processo de envelhecimento torna-se um pesadelo e dai para a frente não haverá paz interior alguma.
Pessoas para as quais a aparência física é extremamente importante certamente vão sentir de forma muito mais aguda o processo e, muitas vezes inconformadas com ele, vão entrando pela maturidade como se ainda fossem jovens adolescentes, sem se darem conta de que há beleza em todas as idades. Belezas diferentes, que podem fazer de um viver uma fonte de bons e doces momentos, dependendo de cada um.
Muito mais triste do que envelhecer é não reconhecer a beleza dos caminhos percorridos, a sabedoria que esse caminhar pode nos proporcionar, o enriquecimento de nossos espíritos a cada período de nossas vidas, as infinitas experiências que nos tornaram melhores, a preciosidade de cada dia, de cada momento que conseguimos viver com alegria, o amor que conservamos dentro de nós, a vida que vivemos, enfim...
E temos que ponderar que, a única alternativa para o não envelhecer é o morrer jovem, e isso ninguém quer, não é? Então o jeito é encarar o passar do tempo (ou a nossa passagem por ele) com naturalidade, para chegarmos serenamente ao outono da vida, numa preparação de nossos caminhos, para que o inverno possa ser bem menos rigoroso, quando nele chegarmos.
Dulce Costa
Winchester, 05 de dezembro de 2009
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