Caetano e Roberto cantam Tom Jobim (Clique no link abaixo para ver o vídeo)
http://br.youtube.com/watch?v=W1Yq3OFW7Jo
http://br.youtube.com/watch?v=W1Yq3OFW7Jo
Ao chegar de viagem ganhei de meu filho um DVD.
Como ele sabe que gosto muito do Jobim, gosto de Caetano e ouço Roberto Carlos, e como, em razão de estar fora do Brasil na ocasião, não tive como assistir o programa, quando este foi levado ao ar, ganhei nada mais, nada menos que “Roberto Carlos e Caetano Veloso e a música de Tom Jobim”. E ontem à noite, a casa em silêncio, acomodei-me no sofazinho de meu quarto e, claro, preparei-me para me comover, mas tal não aconteceu.
Caetano, como sempre meio alternativo, escolheu algumas músicas menos conhecidas, ou menos populares, e outras bem marcantes Já Roberto, cantou só músicas de mais sucesso. E juntos fizeram, ao início e ao final, um bom dueto, com boas músicas. O filho de Tom, Daniel Jobim, quase tão desafinado quanto seu genial pai, deu seu recado em “Águas de março”. Na verdade, um excelente trabalho, muito bem cuidado, mas eu tenho essa mania de esperar demais das coisas e fico sempre um bocadinho (como dizem os mineiros de boa cepa, um cadinho de nada) aquém do esperado.
Mas valeu e recomendo para quem ainda não teve oportunidade de ver. São dois dos mais brilhantes astros da música brasileira (ainda que pesem afirmações em contrário) que dão seu recado com competência.
E olhando Caetano ali na tela, cabelos brancos, bem posto, sério, todo elegante em seu terno bem cortado, fui recordando o Caetano quase menino, naquele festival da Record, cabelos encaracolados, uma camisa de gola rolê branca sob um terno, se não me engano, xadrez em cinza e preto (a TV ainda era em branco e preto), os olhos brilhando, o rosto iluminado pela alegria de conseguir chegar aquele final tão concorrido, “sem lenço e sem documento, nada no bolso ou na mão”... Aquilo sim, emocionante...
E vieram os anos de chumbo, a tropicália, ai Caê, todo alternativo, cabelos longos, batas coloridas, escandalizando a nação “bem comportada” ao lado do Gil, da Bethânia e da Gal. O refúgio em Londres para escapar das inclementes forças da ditadura militar da época, o regresso ao Brasil, as mudanças passo a passo em sua vida, em sua carreira, e ei-lo ali, um senhor muito charmoso, tão comportado quanto o menino que nos anos 60 encantou o Brasil com sua “Alegria, alegria”...
Caetano tem por onde ser um ícone da MPB. Ele soube galgar seu lugar, soube trilhar seus caminhos entre controvérsias, vencendo a crítica a principio muito dura e intransigente, ganhando um a um seus admiradores que, depois de cativos, nunca mais o abandonaram.
Dulce Costa
São Paulo, 27 de janeiro de 2009
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