floquinhos

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A LUA E EU




(Clique nas imagens para amplia-las)

Sempre fui sensível a presença da lua no céu. Desde muito cedo, na verdade, desde que me entendo por gente, vivo namorando a lua e na minha adolescência, ao surgirem os primeiros sonhos de menina-mulher, fiz dela minha confidente e quantas e quantas noites, sentada na sacada de meu quarto, tinha longas conversas com ela, contava-lhe meus segredos, minhas ânsias, banhava-me em sua luz, deixava que ela visse minhas lágrimas, que iluminasse meus sorrisos. Mesmo quando da formação de meus filhos, quando a vida entrara numa roda-viva, estivesse ocupada o quanto estivesse, se vislumbrasse Dona Lua lá no céu, parava para contempla-la, namora-la, nem que fosse por uns minutinhos e voltava aos meus afazeres de alma revigorada.
Tantas mudanças ocorridas ao longo dos anos, juventude partindo, plenitude passando, maturidade chegando, devidamente instalada agora, e minha relação com a Lua continua de plena paixão. Vê-la esparramando-se sobre Sampa, surgindo no horizonte, imensa, vê-la banhando as árvores do bosque, aqui em Winchester, derramando-se sobre um rio ou sobre um lago, sobre o mar, aonde quer que seja, ela é soberana, me conduz ao sonho, me induz ao devaneio, abre meu coração para paixões, escancara minha alma para a poesia, o romance, a ternura... Um perigo!!!
Mario Quintana, em sua sensibilidade poética já dizia: “Mas que haverá com a lua que sempre que a gente olha é com um novo espanto?" – como vê, não estou sozinha nesta paixão...
Hoje, ao passar pela sala e olhando pela janela, quase perco o fôlego ao ver a lua, linda, inteira, brilhando lá no alto, como se fosse só para mim. – tenho esses pensamentos tresloucados diante dela. Momentos assim são feitos para serem divididos, para serem vividos a dois, mas nem sempre isso é possível. E eu queria guardar esse momento. Corri para pegar minha câmera, bati a foto e fui terminar o jantar. Ao passar pela sala, de novo, um pouco mais tarde, vi com uma certa tristeza as nuvens cobrindo o céu na noite de Winchester e a lua ainda assim, como que espiando por uma fresta, iluminava ainda a cidade e o meu coração. Não sei porque, veio a minha mente a imagem de uma daquelas jovens de antigamente que, meio escondida atrás de finas e rendadas cortinas, espiavam a passagem do bem amado e cuja simples presença vislumbrada fazia pulsar mais forte o coração e iluminava a noite do objeto de seus sonhos.
Não pude resistir a uma nova foto. E como, repito, momentos assim devem ser divididos, divido-os aqui com vocês, colocando as fotos, como telas, para sua apreciação.

Dulce Costa
Winchester, 08 de dezembro de 2008

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