Ah, que esta alma anda inquieta, desassossegada, perdida no mundo dos sonhos, sonhando com o impossível... Por isso trago-a presa, contida, vigiada para que não escape e não se perca em longos vôos através de ares e mares, cruzando hemisférios, sobrevoando lugares onde talvez nem fosse bem vinda.
Mesmo com tanta vigilância, algumas vezes ela me tem escapado para visitas secretas e quando lhe pergunto porque insiste em sonhos perdidos, muito docemente ela afirma que gosta de rever antigos amores, precisa matar saudades... Conta-me que chega de mansinho, espia pela janela entreaberta e, através da vidraça, deita um olhar terno sobre ele, atira-lhe um beijo, só isso. Outras vezes, mais atrevida, se encontra a janela aberta, esgueira-se por entre as cortinas e, pé ante pé vai até a beira da cama onde fica a olha-lo, envolta em ternura. Se o sono está inquieto, canta-lhe docemente uma canção de ninar, correndo-lhe os dedos por entre os cabelos, até que se acalme. Beija-lhe então a fronte e, tão silenciosamente quanto entrou, deixa o quarto e volta para seu refúgio, dentro de mim, trazendo-me a sensação de um sonho lindo, de um momento não vivido mas sempre esperado...
Hoje não pude conte-la. Desde a tarde esta assim, inquieta. Fugiu-me. Recostada em minha cama, aguardo seu regresso. A noite está fria, e no silêncio da madrugada que se inicia, ouço finalmente seus passos leves como os de um anjo e sua doce voz que ainda cantarola trechos de uma canção de ninar... Abro-lhe meu coração e ela se aconchega triste ainda, mas serena, e começa a me contar sobre a cor do lençol que o envolvia, do edredom que o agasalhava, qual o livro que estava em sua cabeceira, e eu vou entrando no sonho dela, vou me aquietando até mergulhar num sono profundo do qual despertarei serena ao amanhecer.
Assim nos entendemos, assim nos completamos, minh'alma inquieta e eu, sonhadora incorrigível...
Dulce Costa
No início da madrugada do dia onze de julho do ano de dois mil e nove.
Mesmo com tanta vigilância, algumas vezes ela me tem escapado para visitas secretas e quando lhe pergunto porque insiste em sonhos perdidos, muito docemente ela afirma que gosta de rever antigos amores, precisa matar saudades... Conta-me que chega de mansinho, espia pela janela entreaberta e, através da vidraça, deita um olhar terno sobre ele, atira-lhe um beijo, só isso. Outras vezes, mais atrevida, se encontra a janela aberta, esgueira-se por entre as cortinas e, pé ante pé vai até a beira da cama onde fica a olha-lo, envolta em ternura. Se o sono está inquieto, canta-lhe docemente uma canção de ninar, correndo-lhe os dedos por entre os cabelos, até que se acalme. Beija-lhe então a fronte e, tão silenciosamente quanto entrou, deixa o quarto e volta para seu refúgio, dentro de mim, trazendo-me a sensação de um sonho lindo, de um momento não vivido mas sempre esperado...
Hoje não pude conte-la. Desde a tarde esta assim, inquieta. Fugiu-me. Recostada em minha cama, aguardo seu regresso. A noite está fria, e no silêncio da madrugada que se inicia, ouço finalmente seus passos leves como os de um anjo e sua doce voz que ainda cantarola trechos de uma canção de ninar... Abro-lhe meu coração e ela se aconchega triste ainda, mas serena, e começa a me contar sobre a cor do lençol que o envolvia, do edredom que o agasalhava, qual o livro que estava em sua cabeceira, e eu vou entrando no sonho dela, vou me aquietando até mergulhar num sono profundo do qual despertarei serena ao amanhecer.
Assim nos entendemos, assim nos completamos, minh'alma inquieta e eu, sonhadora incorrigível...
Dulce Costa
No início da madrugada do dia onze de julho do ano de dois mil e nove.
8 comentários:
Bom Dia,querida Dulce!
Que belíssimo texto! Li 2 vezes porque adorei.
Hoje vou fugir deste estado um tanto estranho. Ñ me apetece sair,
nada.
Às vezes sinto isso...mas dp. vai passando.
Bom, Fim de Semana,querida Amiga.
Beijo.
isa.
Bom dia Isa
Obrigada, minha amiga.
Esse seu estado de alma acontece-me as vezes também. Entendo bem o que diz. O que poderia dizer? Para sair, ir ver a vida correndo la fora, ir caminhar num parque, ir a um cinema, ir as compras e comprar um lindo presente para si??? Mas se de tudo isso minha amiga já sabe!...
Então apenas a abraço e peço-lhe que abra seu coração e deixe brilhar o sol que guarda dentro de si... E talvez, que escreva, escreva sobre o que lhe vai na alma, ponha tudo para fora, sem freios e até apague tudo depois, mas escreva, exorcize sua alma pois depois, livre do peso que a oprime, ela mais leve. sorrirá para o mundo e lhe mostrará o caminho... Comigo costuma funcionar.
beijos e bom final de semana
Dulce.
Também li e reli seu texto.
As vezes a nossa alma quer ter vida própria(rs).
Hoje a minha alma está inquieta...
Pois e, amiga.Esse seu maravilhoso texto me fez refletir nas minhas madrugadas insones, onde a minha alma também viaja para lugares distantes e depois volta com um belo sorriso!
bjs
Heli,
E que bem que nos faz esse sorriso que ela nos traz depois de tanta inquietação...
Sabe, Heli, apesar de tudo, das inquitudes e do desassossego que por vezes minha alma me impõe, acho que não gostaria que fosse de outra forma. Amo-a exatamente assim como é, cobrindo-me de sonhos e de doces ilusões que me ajudam a cumprir meus caminhoa...
beijo e boa tarde para você,
Uma prosa que é poesia pura. Lindo.
Um abraço
Elvira
Muito obrigada.
Abraço para você também.
Dulce, hoje vim com calma porque este teu texto (poema) assim o exige. Vim te dizer que a minha alma já tem mais horas de voo do que um piloto de linha comercial, minha amiga. Mas isso foi num tempo em que o sonho se confundia com a realidade e ao acordar o sonho continuava. Eu e ela éramos mais leves do que uma pluma. O tempo era outro, o lugar era outro, eu era outra.
Hoje estamos presas ao chão e a vontade de voar...fica só na vontade.
boa tarde Dulce
Pensei que já estivesses a caminho e ficar com a filha.
Pitanga, minha amiga
Tenho muito, mas muito mais estrada percorrida do que você, comecei bem antes meu caminhar. E nesse caminhar tive sonhos lindos destruidos, ilusões infindas perdidas, lágrimas e risos se alternando, cicatrizes profundas ficaram la no fundo de mim, mas ainda acho que o sonho é um direito inalienavel de minha alma, direito adquirido através da vida.
Meu corpo marcado pelo tempo, envelhecido, fica aqui, pezinho no chão, mas a alma vai liberta por ares e mares em busca de seus sonhos e ao voltar traz um alento e uma paz imensa para meu coração...
Liberte sua alma, minha amiga, solte-lhe as asas, deixei-a voar, atravessar continentes e mares, e verá que ao voltar, feliz, ela iluminará seus caminhos...
Precisamos do sonho para suportar a dor, o tédio, a mesmice de alguns momentos de nosso caminhar.
Beijos e, por favor, não desista nunca de seus sonhos.
Dulce
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