floquinhos

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Lembranças que a chuva traz...


Chove... Chove... Chove... Meu Deus, como chove!...
Chove tanto que algumas flores do jardim até encolheram, outras despetalaram... Os esquilos que normalmente passeiam por sobre o gramado em busca de algum alimento perdido, preferiram ficar em suas tocas e os pássaros certamente recolheram-se a seus ninhos. Não se ouve ruido algum além do barulho da chuva caindo no telhado. Parece mais uma chuva de primavera, daquelas que chegam para ficar, do que uma chuva de verão. Na verdade, este verão está meio atípico, ainda não faz calor e já caminhamos para o mês de agosto. Aliás, acho que o clima anda meio maluco no mundo todo.

O dia é cinzento, o dia é de paz e aconchego. Estando só na casa e, como diria uma saudosa amiga, ouvindo o silêncio, o pensamento solto entabula histórias, cria fantasias, persegue lembranças. Lembranças de outras chuvas, de outros momentos que ficaram guardados na memória...
Como o de uma noite em que, logo no inîcio de namoro com o homem que mais tarde seria meu marido, dávamos umas voltas em torno do quarteirão, quando fomos surpreendidos por uma chuva inesperada e tivemos que nos abrigar sob a marquise de um prédio. A proximidade de nossos corpos, a chuva espalhando seu ar de cumplicidade... Senti sua mão envolvendo a minha e ergui meus olhos para ele. Havia tanta ternura em seu olhar, ternura que foi me invadindo enquanto meus olhos perdiam-se nos dele... E assim ficamos, olhos no olhos, mão na mão, almas entrelaçadas, magia no ar... Foi um dos momentos mais doces e mais bonitos de minha vida, Não houve sequer um beijo. Apenas a certeza de que haviamos encontrado alguém que ficaria para sempre dentro de nós, alguém que nos completava. E, de mãos dadas, seguimos juntos por mais de quarenta anos e hoje que ele é minha saudade, evoco lembranças que me emocionam, que me embalam neste cinzento dia de chuva...


Dulce Costa
Na chuvosa manhã desta quinta feira, vinte e quatro de julho, de dois mil e nove.

10 comentários:

Maria Emília disse...

Dulce,
Que maravilha de chuva foi essa! A chuva é uma excelente companhia para alguns momentos. Também ontem aqui em Sintra choveu a potes, parecia inverno. Também eu estou sozinha. O meu marido está na Baía em trabalho. O Mundo dá tanta volta! Tão longe e tão perto estamos.
Um beijinho,
Maria Emília

Unknown disse...

Lembranças tão doces e ternas que permanecerão para sempre intactas em si como se fossem de ontem.

Gostei, gostei mesmo muito Dulce que partilhasse este momento mágico de sua vida connosco.

Beijinhos,
Ana Martins

Lourdes disse...

Dulce
Os dias de chuva muitas vezes são propícios às recordações. E quando são agradáveis, apesar da saudade, sabe bem recordar.
Gostei muito de conhecer mais um episódio da sua vida, que apesar de simples a Dulce transformou num lindo texto que me fez viver também as suas emoções.
Beijinhos

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Maria Emilia

Sempre há episódios semelhantes na vida das pessoas e só quando o mencionamos é que percebemos isso porque temos esse lindo retorno.
Beijinhos

Pitanga Doce disse...

Dulce, aqui neste momento, também chove bastante no Rio e o tempo esfriou muito. Noites assim foram feitas para deixarmos as lembranças virem bater a nossa porta.
Se pudéssemos voltar no tempo, só por um dia, quem de nós não escolheria uma noite assim em que fomos tão felizes!


boa noite, Dulce, e dorme bem

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Ana

É verdade. Tantos momentos assim que mesmo depois de quatro, cinco décadas ainda nos emocionam...
E gosto muito de poder partilhar meus momentos com vocês, porque me compreendem, porque tiveram momentos semelhantes, porque são meus (minhas) amigos(as).
Beijinhos e obrigada.

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Lourdes

sabe amiga, eu me sinto muito feliz por ter momentos assim para recordas.
Não sou saudosista, não vivo no passado, adoro viver o presente, mas o passado tem também muita importãcia em minha vida, afinal são os caminhos que percorri e que me trouxeram até aqui.
Obrigada. Beijinhos

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Pitanga
Também sempre me pego pensando nisso e as vezes me pergunto se pudesse voltar realmente se teria feito igual ou se teria feito diferente e, se diferente, que rumos tomaria minha vida... Mas, como dizia uma de minhas professoras, faltou o "se", faltou tudo... rs...

beijos e boa noite para você também.

Elvira Carvalho disse...

Quem vive um Amor assim sempre fica recordando a toda a hora. Foi a chuva, como podia ter sido uma ida à praia, um passeio no campo. Porque um amor assim enche toda a nossa vida e não sobra espaço para o esquecimento.
Gostei muito deste texto.
Um abraço e bom fim de semana

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Elvira

Assim é, minha amiga, e são tantos os momentos.
Obrigada, beijos e final feliz de semana para você também.