As crianças, as vezes, são surpreendentes e muito engraçadas.
Há uns quatro anos, estava em casa de minha filha, em Winchester, MA, e o marido dela havia chamado um técnico da companhia de gás para fazer um orçamento e estudar a possibilidade da troca do equipamento de aquecimento, que era a óleo, por outro mais moderno, a gás. Ela e o marido conversavam com o técnico, um homenzarrão, muito alto e forte, mas que ostentava uma respeitável barriguinha e que tinha cabelos louros e longos, presos na nuca, num rabo de cavalo. Em sua camioneta, os dizeres “Halley Davidson é um estilo da vida”, definiam o estilo do próprio homem. Pelo menos o que tenho visto por la, rodando pelas estradas americanas, bate perfeitamente com o que estava ali na minha frente.
Num dado momento, o Alexander, meu netinho de quatro anos, puxou a mão de minha filha, fazendo-a abaixar-se, e perguntou:
- Mamãe, ele é menino ou menina?
Minha filha então respondeu-lhe, em português, pedindo-lhe que falasse em português também, com receio de constranger o homem que, envolvido na conversa, felizmente, não percebera a dúvida do pequeno Alexander. Disse-lhe que era um “menino”, ao que meu neto retrucou:
- Mas ele tem cabelos tão compridos!
Saindo de perto da mãe, deu mais uma ou duas voltas em torno do homenzarrão,, voltou e perguntou, desta vez em português, para alívio de minha filha:
- Mamãe, porque ele tem uma barriga tão grande?
- Eu não sei! Talvez ele goste de uma cervejinha - respondeu minha filha, deixando meu neto com um jeitinho de quem não tinha entendido nada e, saindo para ir novamente olhar de perto aquela portentosa figura e voltar novamente para a mãe e perguntar:
- A mãe dele não ensinou que não se deve desenhar nos braços?
- Aquilo sãos tatuagens, meu filho, respondeu minha filha, já se esforçando para conter o riso.
- Mas a mãe dele devia ter ensinado pra ele que não se deve desenhar tatuagens no braço!
A essa altura da “conversa”, minha filha achou melhor mandar o pequeno curioso brincar do lado de fora da casa, antes que, como acontece sempre, e sem se dar por isso, ele voltasse a falar em inglês e fizesse alguma outra pergunta embaraçosa, e eu fiquei aqui pensando se, quando ele chegar a adolescência, vai se preocupar tanto com os ensinamentos sobre escrever ou não nos braços... Espero que sim!
Dulce Costa
12 comentários:
Deliciosa a "estória" do seu Alexander!Nessa idade ouvimos maravilhas de observação.
Um miminho para ele.
Beijo.
isa.
Obrigada, Isa...
As avós tem sempre tantas histórias para contar... e derretem-se todas... rs...
bjs.
QUERIDA DULCE... ADOREI A ESTÓRIA DO NETINHO... ABRAÇOS DE AMIZADE,
FERNANDINHA
Dulce
Venho agradecer embora tardiamente o comentário simpático que me deixou, não tive computador há quase 1 mês.
AChei esta história ma delicia...as crianças são uns autênticos deuses de graça.
Deixo um abraço
MAriz
Fernandinha,
Obrigada, amiga.
Esses netos, realmente, aquecem a alma das vovós... rs...
Beijos
Mariz,
Obrigada pela visita e pelo comentário. Crianças sempre nos surpreendem...
bjs
Quando ele for adolescente, talvez as tatuagens e os piercings tenham passado de moda...
Carlos,
Será?... Tomara, meu amigo...
Querida amiga,
as crianças são observadoras e perspicazes, e às vezes conseguem mesmo deixar-nos embaraçadas!
Lembro-me que quando o meu filho mais velho tinha 3 anos, (hoje tem 19) levei-o comigo ao talho, quando estava a ser atendida, ele em voz alta e apontando para o senhor que me estava a servir, disse: - Mamã olha que homem tão feio!
E eu totalmente embaraçada, só lhe consegui dizer baixinho: - Filho isso não se diz!
Escusado será dizer que adorei a história, e certo está o seu netinho, quando diz que não se deve escrever nos braços.
Não que tenha alguma coisa contra as tatuagens, uma até se pode tornar engraçado, mas tudo o que é demais, é erro.
Beijinhos,
Ana Martins
Ana,
Que historinha mais linda, amiga...
Ah, a ingenuidade e a franqueza das crianças... rs...
Beijos
Ah, essas crianças... com suas inocências e indagações, às vezes fazem a gente passar por situações difíceis. Mas vale a ingenuidade, esse jeito simples e verdadeiro de ser. Bons tempos! ney/
Ney
Pois é, as crianças fazem-nos passar por algumas situações embaraçosas, que mais tarde fazem-nos rir muito, viram histórias, doces lembranças...
bjs.
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