floquinhos

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Cartas de amor

Quem de nós não escreveu uma carta de amor? Pelo menos uma? Eu escrevi, escrevo, tantas... São pedaços da alma que colocamos sobre papel, sobre a tela de nossos computadores, são pedaços de nós mesmos que colocamos aos pés de alguém, são expressões de momento sublimes que vivemos...

Fernando Pessoa dá a exata medida do que possa ser o ato de escrever uma carta de amor...


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


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