floquinhos

domingo, 30 de maio de 2010

O doce maio vai se despedindo...


O mês de maio já vai terminando... E vai levando com ele os lindos e ensolarados dias, tão frescos, tão azuis, as tardes amenas, feitas para sonhar... E junho vai chegando enfarruscado, prometendo cinza, anunciando a chegada do inverno. Nos meus verdes anos, junho era sinônimo de muito frio, dias garoentos, noites geladas, Noites que eram aquecidas por pesados edredons, que chamávamos de acolchoados, carinhosamente feitos por minha mãe, com muita paina e forrados por um tecido de algodão de estampa alegre. Tão quentinhos... Como quentinhas eram as meias de lã que ela tecia nas suas cinco agulhas, curtas e sem ponteiras, sem emendas, feitas com muita maestria. Quando o frio dava seus sinas de chegança lá ia ela ao armarinho escolher as lãs que a entreteriam durante boa parte do inverno, na confecção das meias que aqueceriam os pés de sua familia. E não só as meias e os edredons. Blusas, sueteres, coletes, cachecóis, tudo o que pudesse aquecer-nos, sempre foi tecido pelas mãos habilidosas de minha mãe. Fecho meus olhos e, lá está ela, após o almoço ou a tardinhs, casa impecavelmente arrumada, sentada em sua poltrona, um lindo xale que trouxera de seu amado Portugal cobrindo-lhe os ombros, ouvidos atentos aos capitulos das novelas que eram transmitidas pela Radio São Paulo, mãos ágeis correndo sobre a lã, manuseando as agulhas, fio de lá enrolado no dedo para mante-lo sob correta tensão, fio que passava pelo pescoço, enquanto eu, na mesa ao lado, fazia meus deveres de casa... Ao se aproximar a hora do jantar, encaminhava-se para a cozinha onde preparava sopas maravilhosas que nos aqueceriam e alimentariam, a cada noite uma sopa diferente, servida com pão quentinho e muita alegria, muito carinho...
Doces e aconchegantes foram os gelados dias dos junhos de minha infância... Por isso, quando maio vai terminando, é quase impossível deixar de saudar junho com um quê de saudade.

6 comentários:

Pitanga Doce disse...

Que lindas recordações Dulce! Também me lembro das festas juninas serem de muito frio, até no tempo dos meninos. Agora nem frio mais há! Só chuva. Tuda muda, mas as lembranças carinhosas continuam, não é?

Bom domingo! Aqui muito sol! (menos um)

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Pitanga Doce

Verdade, minha amiga, as lembranças ficam para sempre.
Pois então? Menos um... e asssim vai-se caminhando em direção ao sonho, Mila...
Beijos em domingo de preguiça... rs

Agulheta disse...

Querida Dulce.O tempo por ai a chegar o inverno,e nós esperando o verão,uns dias de praia para alegrar o coração.Gostei da ternura e lembrança de sua mãe,assim eram as esposas doutras gerações,a minha também me ensinou muitas coisas,sabe que eu sei fazer meia dessa forma!E gostei da ternura que fala do xaile português...obrigada pela partilha de emoções.
Beijinho e tudo de bom
Lisa

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Agulheta

Ah, Lisa, minha mãe dizia que esse tricotar meias com cinco agulhas era bem português. Ela manteve sempre os costumes que trouxe da terra-mãe, mulher prendada, dedicada...
Beijos, obrigada e bom final de doomingo

Anônimo disse...

Enquanto isso, por aqui vai-se saudando a chegada do Verão!

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Carlos Barbosa de Oliveira

O que deve deixar meu amigo muito feliz, já que é completamente avesso ao inverno, não é?
Uma boa tarde para você.