Tenho já um longo percurso feito pela vida, são décadas a caminhar, a viver momentos - bons uns, nem tanto outros e outros ainda que preferiria nem ter passado, mas assim é percorrida a vida, assim passamos por ela e pelo tempo... E vou acompanhando as mudanças, o modo de vida de cada geração, seus usos, seus costumes, suas regras sociais, pois a vida em sociedade requer regras como respeito mútuo, solidariedade, coisas desse naipe, para que conflitos possam ser evitados.
Mas meus amigos, como as coisas mudaram nesta última década!... Como o comportamento das pessoas anda deixando a desejar!... Vejam bem, não estou, absolutamente, generalizando, mas noto mudanças para muito pior na maioria das vezes que saio de casa, seja na rua, no transporte público, no trânsito, nos restaurantes, nos cinemas, nos parques, em qualquer lugar. E nas escolas, então? Nas escolas, que sempre tivemos como lugares quase sagrados, o desrespeito impera, e nem preciso citar exemplos, todos vocês estão cansados de os ver.
E é exatamente nas pequenas coisas, nessas coisas que não julgamos importantes que, se estivermos atentos, percebemos o que acontece, a pontinha do iceberg do descaso, do desrespeito... Quando, nos meus verdes anos, uma criança, um adolescente, ou mesmo um adulto jovem permaneceria sentado em qualquer que fosse o lugar quando percebesse um idoso, uma gestante, um deficiente, em pè? Pois prestem atenção nos ônibus, nos vagões do metrô, em qualquer sala de espera, e por ai a fora... Esta meninada de hoje parece que já nasceu cansada! Mas acho que vivem cansados mesmo, porque passam suas noites e suas madrugadas em frente a um computador, em baladas, em barzinhos, sem se importarem com o fato de que no dia seguinte terão que ir para a escola, o trabalho, sei lá aonde. Quase ninguém exige mais dos filhos o cumprimento de horários, ou ensina a eles o valor do respeito pelos mais velhos, pelo seu semelhante - eles não podem ser contrariados senão crescem traumatizados - e o resultado anda à vista para quem quiser ver...
Quando um cavalheiro entrava num recinto fechado, ou se postava diante de um senhora sem tirar o chapéu? Bom, mesmo que não cheguemos a isso, quando um homem sentava-se à mesa com a cabeça coberta? Pois tenho visto em restaurantes homens sentados à mesa, com bonés ou chapéus (estes são raros), mas na semana retrasada, num restaurante lá da Benedito Calixto, um homem estava refastelado junto a uma mesa com várias pessoas, todo prosa de seu chapéu Pananá a cobrir-lhe as madeixas... Tanto que vez por outra, alisava-lhe a aba carinhosamente... Estava a sentir-se um dandi... E ainda ontem, num outro restaurante, também típico, um senhor que deveria se achar muito bem posto, visto que sua camiseta era de marca, arrastava velhas sandálias havaianas, aquelas que foram criadas para a praia ou o banho, entre mesas e comensais como se estivesse numa passarela.
Ora, ninguém precisa ir a um almoço como quem ia a um teatro nos anos 50, mas será que a deselegância do povo desta cidade que já foi considerada uma das mais elegantes do país, precisa chegar a tanto?
Ah, eu sei que muitos de vocês vão dizer que isso não é importante, que há muito e muito mais coisas, muito piores, que merecem consideração e atenção... Eu sei que sim, tenho plena consciência disso, mas do jeito que as coisas andam...
Até gostaria de saber de meus amigos o que mais os incomoda neste nosso mundo tão eclético, tão, digamos, cada um por si...
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