Naquela manhâ chuvosa e fria, em pé, diante da janela, olhando para as gotas de chuva que rolavam pela vidraça, ela se perguntava porque estava se sentindo assim, vazia, triste... Sentou-se diante do computador tentando transpor para a tela aquela sensação de nada, mas as mãos ficaram imóveis sobre o teclado porque a alma estava calada, encolhida, sem a costumeira tagarelice que preenchia seus pensamentos com sonhos e ideais, com lembranças e saudades. Se a alma estivesse feliz, ela cantarolava enquanto escrevia docemente. Se triste, seus escritos seriam tristes também, nostálgicos, chorosos. Mas naquela manhã não havia tristeza nem alegria... não havia nada. Apenas uma apatia, dessas que nos pegam quando temos uma decepção, quando percebemos o erro num sentimento, numa atitude, num sonho inútil, desses que às vezes vira pesadelo. Mas nem fora essa a causa... Seus dias tinham sido bem agradáveis, nenhuma turbulência ou preocupação maior. O tempo enfarruscado? Ora, ela sempre gostara de escrever num dia cinzento... Saudades? Saudades eram suas amigas constantes, umas vezes rasgantes e doloridas, outras vezes doces, amenas...
O toque do telefone tirou-a de seus pensamentos. Ao atender sentiu uma lufada de perfumada brisa envolver sua alma que finalmente sorria. Entendeu, então, o porque daquele estado d'alma, sua alma inquieta, irreverente, descuidada, que ainda não aprendera a controlar seus impulsos, ainda não entendera que já se fizera há muito, a hora de se recolher ao seu devido lugar. O fato é que, de repente, o dia pareceu ficar azul, o canto dos pássaros era mais doce, a música era linda e seu cantinho, antes vazio, tornara-se aconchegante.
12 comentários:
Querida amiga Dulce,
Admirável a facilidade como escreve sobre tudo e sobre nada.
Não que a sua mensagem não tenha conteúdo, tem e muito...toda a gente já se sentiu assim, mas não me lembro de ter lido uma descrição assim...
Parabéns
Adorei.
Beijos
Ná
Ná, obrigada,
mas acredite, não tenho essa facilidade toda, não. Tem dias que realmente a mente fica vazia, embotada. Ainda bem que existem os poetas do meu coração, que me socorrem com seus lindos poemas.
Beijos
DULCE
o vento faz o que quer não o conseguimos travar...
hoje deixo para ti o meu vento que é mesmo...um vento especial
O VENTO
Queria ser
O que queria ser?
Queria ser vento...
Para ser livre...
Para te tocar
E te abraçar
E de mansinho
Chegar-me a ti
E sussurrar-te
Como gosto de ti...
E devagar
Devagarinho
Ia-te acariciando
E tu ias notando
Que eu estava aí...
E o vento
Ia crescendo
E mesmo com força
Gostava de o ser...
Para que visses
A força que tenho...
Força do vento
Vento tufão
E queria...
Poder ter-te...
Sempre na minha mão.
LILI LARANJO
Africa em Poesia
Maravilhoso esse seu vento, Lili!
Lindo demais seu poema.
Obrigada
bjs
É claro que sim DULCE graças à Deus ainda temos essa criança.
Isto nos mostra o quanto ainda temos VIDA...se a criança vai as emoções vão juntas e a vida para!
Essa sensação do vazio muitas vezes
aparece...mas como um passe de magica se vai!
Te espero para uma visitinha ao blog SEM PONTO SEM VÍRGULA que estou postando alguns rascunhos de escritas...
PAZ no seu coração!
Graça
Graça
Muito obrigada... Sabe que às vezes tenho que usar rédea solta com essa criança? rs...
Vou ter o maior prazer em visitar seu outro blog que, tenho certeza e´tão bonito quanto os outros.
Beijos
A vida só é agradável com essas possibilidades de rumos que podemos dar.
Ora direcionar para um caminho triste, ora para um caminho alegre cheio de flores a colorir nossos mais íntimos sentimentos!
PAZ
Graça
Lidia
São manhãs que nem precisam estar enfarruscadas.
beijos e bos noite
Graça
A escolha do caminho faz a diferença.
Nem sempre conseguimos, mas sempre devemos tentar.
Beijos
Alguns comentários deste post foram involuntariamente apagados.
Peço desculpas, não consegui recuperar.
Gosto sempre muito de a ler pois escreve com grande naturalidade e muito sentimento.
Um abraço
Elvira
Muito obrigada. Escrever, em dados momentos, é desabafar a alma.
beijos
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