Tinha dezessete anos, mal começara a trilhar os caminhos que seriam longos e achava que trazia um grande segredo em seu coração, sem saber que era um segredo de polichinelo, que sua ansiedade quando ele estava por perto, seu olhar que o acompanhava sem que ela se desse conta, o ar de deslumbramento que se estampava em seu rosto quando ele lhe falava, o menor gesto que fizesse quando diante dele, tudo enfim, gritava ao mundo sua primeira paixão, seu encanto por aquele menino lindo que nem lhe notava a presença.
E a mãe e as tias trocavam olhares entre meio-sorrisos diante do comportamento dela como a dizerem entre si que já haviam passado por isso, que era coisa de adolescente, que ao primeiro vento contrario ou a uma nova presença em sua vida mudaria o rumo daquele sentimento que ela, em sua imaturidade juvenil julgava que seria eterno.
As famílias eram amigas, por isso ele fora convidado para seu aniversário. Ela estava radiante, a alma em suspenso, o coração aos pulos e quando ele chegou trazendo nas mãos um presente para ela, sentiu-se flutuar. Ele mesmo escolhera porque tinha certeza que ela gostaria, todas as meninas gostavam... Claro que ela gostou... Adorou! Aliás, gostaria de qualquer coisa que ele lhe tivesse trazido, ainda que fosse um caquinho de vidro, uma pedra falsa, qualquer coisa, desde que fosse dada por ele.
Rosto iluminado, mãos trêmulas, desatou a fita, abriu o pacote e lá estava o disco que estava querendo comprar, exatamente aquele que ouvira na casa de sua amiga e de que gostara tanto. Ainda estava agradecendo quando ele pediu licença, precisava sair, mas voltaria logo, eram só um vinte minutos. Tentando disfarçar uma certa decepção ela meneou a cabeça, sem conseguir dizer palavra e viu-o virar as costas e deixar a sala, enquanto seus pais e os dela começavam uma alegre conversa a respeito de tudo e de nada, exatamente como acontece quando bons amigos se encontram.,
Ali, entre as amigas, mal conseguia disfarçar a ansiedade, olhos postos na porta de entrada a espera de vê-lo voltar. Vinte, trinta minutos, e nada. Já sentia uma tristezinha tomando conta de seu coração quando o viu finalmente entrar na sala. Mas o sorriso que começara a iluminar-lhe o rosto foi desaparecendo a medida em que ela o via aproximar-se do grupo trazendo pela mão uma linda jovem que apresentou como sua namorada. E havia no olhar que ele dirigia a moça aquele brilho que, em seus sonhos, seria dirigido a ela... Sentindo o chão fugir sob seus pés, a alma em pedaços, agradeceu sem mesmo saber como os cumprimentos que recebia, tentando segurar as lágrimas, deu uma desculpa qualquer indo refugiar-se em seu quarto, seguida por sua melhor amiga, aonde pôde desabafar toda sua frustração, toda a imensa dor de seu dilacerado coração entre lágrimas silenciosas que lhe brotaram da alma.
E quando voltou para a sala, pouco depois, maquiagem refeita, um sorriso triste estampado em seu rosto, já trazia dentro de si a firme resolução de esquece-lo, Só não poderia imaginar que levaria anos para superar a angustia daquele momento, para voltar a apaixonar-se e que décadas depois ainda sentiria dentro de si um certo tremor ao pensar nele..
Agora estava ali diante daquele espelho que lhe devolvia a imagem de uma senhora elegante, um certo brilho no olhar, o mesmo brilho que iluminara seus olhos tantas décadas atrás. Sobre a mesa o vaso com as lindas rosas vermelhas que recebera acompanhadas por um cartão aonde se lia “Feliz Aniversário”... Em seu coração a conversa que tivera na véspera, ao telefone, com alguém que nunca esquecera e que tentava retornar agora a sua vida.
Olhando para as flores, segurando uma lágrima que teimava em rolar por seu rosto, pegou a pequena bolsa que deixara sobre a mesinha, dirigiu-se para a porta ainda sem saber se valeria a pena um recomeço....
Dulce Costa
Na madrugada do dia 24 de agosto do ano de dois mil e nove.
E a mãe e as tias trocavam olhares entre meio-sorrisos diante do comportamento dela como a dizerem entre si que já haviam passado por isso, que era coisa de adolescente, que ao primeiro vento contrario ou a uma nova presença em sua vida mudaria o rumo daquele sentimento que ela, em sua imaturidade juvenil julgava que seria eterno.
As famílias eram amigas, por isso ele fora convidado para seu aniversário. Ela estava radiante, a alma em suspenso, o coração aos pulos e quando ele chegou trazendo nas mãos um presente para ela, sentiu-se flutuar. Ele mesmo escolhera porque tinha certeza que ela gostaria, todas as meninas gostavam... Claro que ela gostou... Adorou! Aliás, gostaria de qualquer coisa que ele lhe tivesse trazido, ainda que fosse um caquinho de vidro, uma pedra falsa, qualquer coisa, desde que fosse dada por ele.
Rosto iluminado, mãos trêmulas, desatou a fita, abriu o pacote e lá estava o disco que estava querendo comprar, exatamente aquele que ouvira na casa de sua amiga e de que gostara tanto. Ainda estava agradecendo quando ele pediu licença, precisava sair, mas voltaria logo, eram só um vinte minutos. Tentando disfarçar uma certa decepção ela meneou a cabeça, sem conseguir dizer palavra e viu-o virar as costas e deixar a sala, enquanto seus pais e os dela começavam uma alegre conversa a respeito de tudo e de nada, exatamente como acontece quando bons amigos se encontram.,
Ali, entre as amigas, mal conseguia disfarçar a ansiedade, olhos postos na porta de entrada a espera de vê-lo voltar. Vinte, trinta minutos, e nada. Já sentia uma tristezinha tomando conta de seu coração quando o viu finalmente entrar na sala. Mas o sorriso que começara a iluminar-lhe o rosto foi desaparecendo a medida em que ela o via aproximar-se do grupo trazendo pela mão uma linda jovem que apresentou como sua namorada. E havia no olhar que ele dirigia a moça aquele brilho que, em seus sonhos, seria dirigido a ela... Sentindo o chão fugir sob seus pés, a alma em pedaços, agradeceu sem mesmo saber como os cumprimentos que recebia, tentando segurar as lágrimas, deu uma desculpa qualquer indo refugiar-se em seu quarto, seguida por sua melhor amiga, aonde pôde desabafar toda sua frustração, toda a imensa dor de seu dilacerado coração entre lágrimas silenciosas que lhe brotaram da alma.
E quando voltou para a sala, pouco depois, maquiagem refeita, um sorriso triste estampado em seu rosto, já trazia dentro de si a firme resolução de esquece-lo, Só não poderia imaginar que levaria anos para superar a angustia daquele momento, para voltar a apaixonar-se e que décadas depois ainda sentiria dentro de si um certo tremor ao pensar nele..
Agora estava ali diante daquele espelho que lhe devolvia a imagem de uma senhora elegante, um certo brilho no olhar, o mesmo brilho que iluminara seus olhos tantas décadas atrás. Sobre a mesa o vaso com as lindas rosas vermelhas que recebera acompanhadas por um cartão aonde se lia “Feliz Aniversário”... Em seu coração a conversa que tivera na véspera, ao telefone, com alguém que nunca esquecera e que tentava retornar agora a sua vida.
Olhando para as flores, segurando uma lágrima que teimava em rolar por seu rosto, pegou a pequena bolsa que deixara sobre a mesinha, dirigiu-se para a porta ainda sem saber se valeria a pena um recomeço....
Dulce Costa
Na madrugada do dia 24 de agosto do ano de dois mil e nove.
14 comentários:
Querida amiga Dulce,
Fez-me chorar a sua belíssima história...especialmente porque ela traduz exactamente os sentimentos - o sentimento - de muitos de nós e a experiência, a mesma sensação de quem já viveu pelo menos uma grande paixão.
Mas como diz o nosso amado Venicius,
"Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu.
Porque a vida só se dá p'ra quem se deu
P'ra quem amou, p'ra quem chorou, p'ra quem sofreu"
Lembra???
Beijo enorme cheio de carinho,
Ná
Fernanda,
Ah, se me lembro, Ná...
Romantica incorrigivel, sonhadora inveterada que sou, como poderia não lembrar?... rs...
Sabe, Ná, não imagino uma vida completa sem, pelo menos, uma grande paixão. Correspondida ou não, sem ela vida terá sido vazia.
Beijos
QUERIDA DULCE LINDO TEXTO SAÍDO DO TEU CORAÇÃO... ADOREI!!!
ABRAÇOS DE CARINHO E TERNURA,
FERNANDINHA
Fernandinha,
Muito obrigada, fico feliz que tenha gostado.
beijinhos
Ah Dulce! Alguma dúvida???????
bom dia em céu encoberto
Um lindo texto! Tecido com a beleza e delicadeza dos sentimentos. Não sentimos em vão. Sentimentos sempre dão frutos.
Bjs
Pitanga Doce
Não, Mila, nenhuma... rs...
Bom dia, encoberto aqui também.
bjs.
Stella
Sim, é verdade. Sentimentos sempre dão frutos,nem sempre doces, mas sempre deixando algo marcante em nossas vidas.
beijos
Dulce. Quem nunca amou não sabe o que é paixão,entra leve e sai tumultuoso,mas vale sempre viver,fica a recordação jamais esquecida.
Beijinho fica bem.
Agulheta
Tem razão, Lisa. É preciso te-la sentido para entender uma paixão. Fica a recordação, ficam as emoções guardadas na alma.
beijinhos
Há quem diga que não há uma segunda oportunidade, mas não tenho bem a certeza disso...
Carlos
Depende de tantos fatores, de tantas coisas... cada pessoa tem um histórico de vida e relacionamento.
há sentimentos que duram toda uma vida. Às vezes são correspondidos, outras não. Às vezes, acontece, que há um certo desencontro no tempo. E mais tarde acerta-se o passo. Outras nunca surge uma segunda oportunidade.
A história é muito bonita. Que tenha um fim feliz é o que se espera...
Um abraço
Elvira
Seu comentário é lúcido e traz tantas verdades... Já um final feliz, quem sabe?
beijos
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