A um ausente
(Carlos Drummond de Andrade}
(Carlos Drummond de Andrade}
Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu,
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.
14 comentários:
Desculpe ter entrado sem pedir licença. Mas confesso que adorei o seu blog.
E já de saída, gostava de desejar que a vida lhe sorria com as mais desejadas felicidades
Anjo azul
Anjo Azul
Foi um prazer receber a sua visita.
Obrigada e volte sempre.
um abraço
É amiga Dulce. Ela nos segue aonde quer que a gente vá...
beijos e Sol pra ti!
Fui à praia, hoje, veja só. Em pleno Agosto!
Oi, Dulce;
As doces saudades do meu professor.
Por vezes me pergunto se não foi a sua influência que provocou em mim este sentimento de estima e gratidão pela palavra "saudade" e tudo o que ela contém como sentimento de dor/alegria...
Feliz daquele que um dia sentiu saudades...
bjs, Dulce,
Osvaldo
Pitanga
Que bom que pode ir a praia, Mila.
Aqui estamos la pelos 35 graus, um dia lindo demais, mas minha amiga. não me dou muito bem com o calor, fico numa preguiça,,, risos...
beijos
Osvaldo
Imagino que seu professor o tenha ensinado a definir saudade, mas você tem alma portuguesa, logo a saudade faz parte do seu sentir. Exatamente como esta sua amiga, que faz da saudade um momento de poesia. Ela nem me maltrata. Ela me enternece.
beijos
A saudade Dulce, aqui muito bem expressada... Grata pela partilha!
Beijinhos,
Ana Martins
Ana
Obrigada.
Em Drummond sempre encontramos sentimentos nossos.
beijinhos
Bom dia amiga Dulce,
Lindo demais esses poema de Drummond, e depois, como diz, há sempre algo nos seus poemas que nos é comum, fanstástico isso.
Beijos
Ná
Oi, Dulce;
Senti vontade de aqui voltar porque hoje é um dia de sentir saudade e quando sinto saudades é porque estou de bem com a vida...
Sentir saudades para mim não é ter tritezas mas sim pensar em momentos de alegria que é verdade, inundaram minha vida e é a saudade que me faz voltar a esses momentos de magia.
Obrigado Dulce,... obrigado professor Drummond.
Osvaldo
Ná,
Assim são os poetas, minha amiga. São os tradutores de nossos sentimentos, de nossos anseios, de nossas angústias.
Beijinhos
Osvaldo
Que bom que voltou. Sua presença é sempre bem vinda.
Sou tal qual você, meu amigo. Também em mim as saudades são doces, porque as lembranças que as provocam são igualmente doces.
beijos
Dulce. É sempre uma beleza ler Drummond de Andrade,neste poema são geridos os sentimentos que são um pouco de todos nós.
Beijinho fica bem.
Agulheta
Sabe o que mais me fascina, Lisa?
É que quando estou num daqueles momentos áridos, em que parece que nada do que eu diga ou escreva vai fazer sentido, recorro a um dos poetas de meu coração e sempre encontro exatamente aquilo que gostaria de dizer ou viver naquele momento...
beijos
Postar um comentário