Surdina
(Cecília Meireles)
Quem toca piano sob a chuva,
na tarde turva e despovoada?
De que antiga, límpida música
recebo a lembrança apagada?
Minha vida numa poltrona
jaz diante da janela aberta.
Vejo árvores, nuvens - é a longa
rota do tempo, descoberta.
Entre os meus olhos descansados
e os meus descansados ouvidos,
alguém colhe com dedos calmos
ramos de som, descoloridos.
A chuva interfere na música.
Tocam tão longe! O turvo dia
mistura piano, árvore, nuvens,
séculos de malancolia...
6 comentários:
...e continuamos a ouvir o som do Piano...
Bom Fim de Semana.
Beijo.
isa.
Isa
Obrigada e um bom final de semana para você também.
Beijos
"Quem toca piano sob a chuva,
na tarde turva e despovoada"?
Agora ninguém, querida Dulce.
Pitanga
Fez-se noite, o piano calou-se, a chuva parou de cair...
Beijos e uma boa noite, Mila.
Belíssimo poema Dulce, são sempre deliciosos os momentos de leitura aqui no seu cantinho.
Beijinhos,
Ana Martins
Ana
Obrigada, minha amiga. Você é sempre muito gentil.
Beijos
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