floquinhos
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
MEUS POETAS DO CORAÇAO - Manuel Bandeira
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Em Campinas, por uma linda causa...
Pois é, meus amigos, estou de novo em Campinas e nos próximos dias este será meu pouso, será daqui que lhes falarei. Vim para a festa de formatura de meu neto, Caio, que será amanhã. E fico olhando para ele, um rapagão alto e forte em seus dezoito anos e não posso deixar de me lembrar do dia em que veio ao mundo. Estavamos, meu marido, minha filha e eu, nos preparando para irmos a casa de meu filho Bira, que aniversariava naquele 16 de setembro, quando o telefone tocou. Era o aniversariante que, emocionado e nervoso, nos avisava qua o jantar fora cancelado porque o Caio estava chegando, como o mais lindo presente de anivesario que ele jamais recebera. Acompanhei seu crescimento, foi minha a algria de dar o primeiro banho em meu primeiro neto, estive em seu batizado, vi seus primeiros passinhos, ouvi emocionada a primeira vez que disse vovó, seus primeiros tempos de escola - ah, a quantas festas juninas organizadas nessas escolas assisti toda feliz, com aquela cara de vovó deslumbranda ao ver o neto dançar a quadrilha... depois eles se mudaram para cá e o convivio ficou menor, mas não menos feliz. O tempo foi passando, de menino passou a adolescente, já é um homem, e a vovó continua olhando para ele com o mesmo enlevo com que se olha um menino muito amado...
Então hoje estou aqui, de novo, para partilhar com meu filho e minha nora mais esta etapa da vida deles. E daqui vou lhes falando, contando coisas, trocando idéias, visitanto os amigos...
BLOGAGEM COLETIVA - Diga não a violência infantil

Desnecessário falar aqui sobre o que vive estampado nos jornais escritos, falados e televisivos a respeito da forma como cresce parte de nossas crianças, ora ao Deus dará, lançadas a própria sorte, largadas nas ruas por pais e autoridades, sofrendo toda espeécie de maus tratos, crianças sem futuro, sem esperança... Ora criados por pais permissivos demais que nada negam a seus filhos, relegando-os a um futuro pouco sedutor por força do carater que essa permissividade lhes forma... Não são apenas os maus tratos físicos, as pancadas, a fome, o desamparo que devem ser considerados violência. Violência é tudo aquilo que faz mal, que fere, que traumatiza, que encolhe um ser humano... Violência é também o não educar, o não oferecer a um filho a chance de ser uma homem de bem, porque não teve coragem de dizer não, é deixá-lo pensar que o mundo é propriedade dele, que foi criado para servi-lo, porque mais tarde, quando tiver que enfrentar a vida, ele vai se afogar nesse mundo... E, acima de tudo, violência é não amar ou, em nome desse amor, fechar os olhos para os seus destinos... Nada deve ser feito nos extremos. Falta de amor gera frustração, magoa, desengano, revolta... Excesso de amor mau controlado gera irresponsabilidade, egoismo. egocentrismo, indiferença...
Assim como é preciso medir os atos, as ações, é preciso medir as palavras empregadas em cada um deles e educar é talvez a mais dificil das tarefas... Criar um filho é muito facil... Educar correta e convenientemente esse filho, fazendo dele uma pessoa feliz e integra, ah... ai a conversa é bem mais longa, é tarefa para toda a vida... E a displiscência para com a formação infnntil não deixa de ser uma violência...
Mario Quintana na sua manhã...
Inscrição para uma lareira
A vida é um incêndio: nela
dançamos, salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas
se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
cantemos a canção das chamas!
Cantemos a canção da vida,
na própria luz consumida...
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
MEUS POETAS DO CORAÇÃO - Vinicius de Moraes

Meus caros, volta-se porque se tem saudade
Porque se foi feliz intimamente
Volta-se porque se tocou num inocente
E porque se encontrou tranquilidade
A despeito da vida que acorrente
Volta-se, volta-se para a sinceridade
Volta-se sempre, tarde ou de repente
Na alegria ou na infelicidade.
E nada como esse apelo da lembrança
Pra se transfigurar numa esperança
Essa desolação que uma alma teve
Assim é que, partindo, eu vou levando
Toda a desolação de um até quando
Num ardente desejo de até breve.
Um blog que encantou meus olhos...

Um blog diferente e muito criativo, a começar pelo nome - "6vqcoisa" - uma curruptela para "vocês vêm que coisa" no linguajar dos povos do interior de muitas partes do Brasil. O blog vem assinado por "Tonholiveira", de Porto Alegre (Rio Grande do Sul). Tem um ar brincalhão e mesmo quando mostra cenas serias as imagens são delicadas. Para quem gosta de curiosidade, vale a pena dar uma passadinha por lá.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Este Blog agora é VIP!... WOW!...

A atribuição desta simpática comenda é justificada pela autora (de A Nossa Candeia) com a frase que acompanha o prêmio e lhe confere o certificado de garantia: "Your blog is just perfect to lern something every day",
Mas não perdemos nossa simplicidade, nem nosso jeito de ser, não colocamos "o nariz em pé", nem vamos nos deitar nessa "fama". Muito pelo contrário. Vamos trabalhar mais e mais, para que este lugar continue sendo um cantinho amigável, simples e agradável de se estar, para que nossos amigos sintam-se em casa a cada vez que nos visitem.
Agradecendo ao Carlos, de coração, levamos nosso selinho VIP para um espaço especial, lá no Livro de Meus Selos, onde ficará cuidadosamente guardado.
Muito obrigada, Carlos. Estamos muito felizes e honrados com sua gentileza.
Cabe-me agora indicar doze outros blogs para esse prêmio - sempre muito dificil, para mim, fazer essas escolhas, ma regras devem ser cumpridas...
Mau Triste e Feio
Na Casa do Rau
Coisas do Arco da Velha
Conversas Daqui e Dali
Quintana Eterno
Wallarte
Foi desse jeito que eu ouvi dizer
Empório do Café Literário
Seara de Versos
Adolfo Payés - Poemas
Ave sem Asas
O Açor
Meus agradecimentos a todos

Cercada de amigos, o dia transcorreu cheio de luz e pleno de alegria. Agora, como sempre acontece após uma festa, é hora de botar ordem na casa, voltar os móveis para o lugar, guardar os presentes. Começo por guardar os presentes. Levo-os para o Livro dos Meus Selos, uma espécie de sala/caramanchão onde, entre minhas flores e minhas músicas favoritas eu me refugio para iluminar minha alma com a lembrança dos amigos. Depois de tudo em ordem, volto a rotina com a certeza de que sou uma mulher privilegiada pela vida. Porque só as pessoas privilegiadas são agraciadas com tantos e tão lindos amigos.
Muito obrigada, de coração, pela presença de todos e, mais que tudo, pela amizade de cada um de vocês.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Venham festejar comigo

Quando há um ano dei inicio a este espaço nem imaginava que ele me traria tantos amigos e tantos momentos de alegria e afeto. Foi um tímido começo, sem saber exatamente o que aconteceria neste cantinho, sobre o que falaria, como me conduziria na blogosfera, até então uma incógnita para mim, mas pouco a pouco as amizades foram se formando, permitindo assim que o Em Prosa e Verso encontrasse seu caminho.
E devemos isso a cada um de vocês, amigos e leitores deste espaço que, com amizade e generosidade vêm nos apoiando, acompanhando, insentivando, dia após dia.
E, para marcar esta data tão importante para mim, o "Em Prosa e Verso" está oferecendo um selo comemorativo a todos os amigos e leitores, com um MUITO OBRIGADA e todo o nosso carinho. Peço-lhes que, antes de sairem, passem na sala ao lado e pequem o selinho - feito especialmente para vocês.
Sejam bem-vindos à nossa pequena mas significativa festa de primeiro aniversário.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Em dia de ser avó...

domingo, 25 de outubro de 2009
Aprende-se com a vida...
Num domingo enfarruscado...

E perco-me em pensamentos, fico aqui sismando, pensando na beleza das pequenas coisas que nos cercam, dos momentos fugidios que nos envolvem, nessas pequenas coisas que fazem de nós, momentaneamente, criaturas felizes, ainda que não nos apercebamos disso. O primeiro café no terraço, ao amanhecer, o acordar com o bem-te-vi fazendo arruaça nos beirais, o riso vindo do apartamento vizinho, a música que nos envolve, a água que escorre pelo corpo durante o banho matinal, uma voz querida ao telefone dizendo bom dia, o sorriso das crianças, um abraço carinhoso - adoro abraços - , um por-do-sol, um poema encontrado num livro que ficara esquecido na prateleira...
São tantas as pequenas coisas que vão acontecendo rotineiramente, pequenas e parecendo insignificantes, mas que fazem a diferença, que nos permitem estar de bem com a vida. Porque entendo que estar de bem com a vida é viver pequenos e grandes momentos com a mesma intensidade, com o mesmo amor, com a mesma alegria.
E um domingo enfarruscado é momento de se estar bem com a vida? E porque não? Se há música no ar, poesia no coração, paz em meus caminhos... Abro a janela, abro um sorriso e digo "bom dia, vida! " e vamos, ela e eu, mergulhando no doce cinzento do dia que pretendo iluminar com o amor e a ternura que sinto agora dentro de mim.
sábado, 24 de outubro de 2009
Só porque hoje é sábado...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009
MEUS POETAS DO CORAÇAO - Fernando Pessoa

Começa a haver meia-noite, e a haver sossego,
Por toda a parte das coisas sobrepostas,
Os andares vários da acumulação da vida...
Calaram o piano no terceiro andar...
Não oiço já passos no segundo andar...
No rés-do-chão o rádio está em silêncio...
Vai tudo dormir...
Fico sozinho com o universo inteiro.
Não quero ir à janela:
Se eu olhar, que de estrelas!
Que grandes silêncios maiores há no alto!
Que céu anticitadino! —
Antes, recluso,
Num desejo de não ser recluso,
Escuto ansiosamente os ruídos da rua...
Um automóvel — demasiado rápido! —
Os duplos passos em conversa falam-me...
O som de um portão que se fecha brusco dóí-me...
Vai tudo dormir...
Só eu velo, sonolentamente escutando,
Esperando
Qualquer coisa antes que durma...
Qualquer coisa.
Simplesmente Nilda

Premida pela necessidade, deixou para trás sua pequena cidade lá nas terras da linda Bahia e, nela, seus dois filhos, frutos de dois casamentos malogrados, que ficaram aos cuidados de sua mãe. Veio tentar a sorte em São Paulo, como o fizeram e fazem ainda, milhões de nordestinos, gente sofrida, lutadora, que enfrenta esta cidade, cruel e generosa a um só tempo para com os novos filhos que a adotam como ninho,
E de nada lhe valeu seu diploma de magistério, com tantos professores desempregados ela seria mais uma. Cheia de garra, pegou bravamente os empregos que tinha pela frente e sem medo do trabalho, foi refazendo sua vida por aqui. Um dia encontrou o Ernilson, homem bom vindo lá das terras do Ceará, terra dos verdes mares, e com ele começou uma nova família. Assim pôde trazer para junto de si seus dois filhos e vão tocando a vida, cada dia melhor.
Esta mulher lutadora, generosa, que chega aqui em casa todas as manhãs com um sorriso no rosto e a alegria em torno de si, vai pondo em ordem minha casa, cuidando de nossas roupas, preparando uma comidinha saborosa... Perdeu-se de amores pelo Bill, o schnauzer aqui da casa, que a acompanha o dia todo, atrás dela para lá e para cá.. . Se ela está arrumando a sala ou os quartos, ele fica sentadinho junto a porta, se ela está na cozinha, lá está ele fazendo-lhe companhia. E ouve-se então sua fala mansa em conversa com o cão, tratando-o como a uma criança. É notório seu amor pelos animais, já que em sua casa cuida de dois cães, um papagaio, alguns peixinhos num aquário e, por conta de seu marido, alguns pássaros. E como tudo fica mais fácil quando se tem amor no coração, o sorriso fica-lhe nos lábios e a generosidade em torno de si.
E a tardinha, quando termina seu horário de trabalho, solta seus lindos cabelos cacheados, põe-se sobre os altíssimos saltos agulha de suas sandálias, emoldura seu corpo bem feito em ajustados jeans, e lá se vai feliz da vida, bonita figura lembrando Gabriela, a que cheirava a cravo e tinha cor de canela (maravilhoso Jorge Amado), enfrentar uma jornada de mais de hora e meia entre caminhadas e ônibus lotados, para chegar a sua casa, numa das cidades satélites da grande São Paulo.
Essa é Nilda, a que chegou cheia de esperanças na cidade grande e que mercê seu caráter, sua personalidade generosa, seu amor pela vida, foi transformando seus dias e hoje pisa com orgulho seus caminhos ainda difíceis, mas um pouco mais floridos, iluminados pelo amor que traz dentro de si e que espalha por onde anda.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Uma rosa oom o carinho da amizade

Mas quem a conhece sabe bem o quanto é despreendida e amiga, sabe que faz de seus dias momentos dedicados a quem precise de sua ajuda, pelo próprio trabalho que exerce como voluntária junto ao Corpo de Bombeiros de sua região... Agora já sabem que falo da Lisa, nossa querida amiga, do lindo blog "Mar de Chamas".
Obrigada Lisa, pela rosa, pela sua amizade, pelo exemplo que deixa por onde vive.Guardo com carinho esta linda rosa no Livro dos Meus Selos, junto aos mimos que tenho recebido de tantos amigos lindos que, assim como você, têm adoçado minha vida.
Drummond, numa manhã de chuva

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
a antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Um blog que recomendo (8)

Vale bem a pena conferir.
O primeiro café, ao amanhecer...

E depois do amanhecer, quando tivermos voltado a realidade de nossas vidas, haverá mais uma doce lembrança a acalentar nossos dias por vezes tão vazios, e será um pouco mais doce nosso caminhar. Vem, meu amigo, sente-se aqui, comigo, e vamos tomar nosso primeiro café, vamos sonhar nosso mais belo amanhecer...
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Fernando Pessoa - ao cair da tarde...
Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Caixas de surpresas...
domingo, 18 de outubro de 2009
A poesia de Florbela Espanca...

Ando a chamar por ti, demente, alucinada,
Aonde estás amor? Aonde... aonde... aonde?...
O eco ao pé de mim segreda... desgraçada...
E só a voz do eco, irônica, responde!
Estendo os braços meus! Chamo por ti ainda!
O vento, aos meus ouvidos, soluça a murmurar;
Parece a tua voz, a tua voz tão linda
Cantante como um rio banhado de luar!
Eu grito a minha dor, a minha dor intensa!
Esta saudade enorme, esta saudade imensa!
E só a voz do eco à minha voz responde...
Em gritos, a chorar, soluço o nome teu
E grito ao mar, à terra, ao puro azul do céu:
Aonde estás, amor? Aonde... aonde... aonde?...
sábado, 17 de outubro de 2009
Lembrando Tatiana Belink

A senhorinha linda, de gestos suaves e de olhar brilhante era nada mais, nada menos que Tatiana Belink. Nos tempos em que os programas de TV ainda eram apresentados ao vivo, e não a cores, Tatiana e seu marido, Júlio Gouveia, traziam para as crianças as lindas histórias de Monteiro Lobato. Ela, transcrevendo e ele apresentando um programa onde Narizinho, Pedrinho, a boneca Emília, o Visconde de Sabugosa, Dona Benta, Tia Nastácia, personagens que habitavam o Sitio e que haviam encantado minha infância, vinham encantar a infância de meus filhos que tiveram através de Monteiro Lobato seu primeiro contato com a literatura, exatamente como eu.
Era a representação fiel dos livros, diferente desse Sitio que hoje "habita" nossa TV, aonde as personagens são recriadas, onde novas histórias são inseridas, onde Monteiro Lobato não se encontraria. Uma TV que tem escritores de novelas e minisséries que pensam que escrevem melhor que Jorge Amado, Ligia Fagundes Telles ou qualquer um de nossos escritores, porque nunca se mantém fieis à obra e com isso os telespectadores é que perdem.
Mas eu falava de Tatiana Belink, uma russa criada no Brasil, mulher inteligente, culta, que aos noventa anos mantém a chama da vida e da criatividade muito acesa, ainda nos brindando com suas crônicas, seus livros, suas histórias e sua magia. Mulher que me encantou no passado, que me encanta ainda hoje e que me deu imensa alegria em rever, em sabe-la bem.
Ganhei meu dia!...
Nota - Um pouco mais sobre ela? Clique aqui.
Para meus amigos...
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Anoitece... Eu leio que...
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Um pensamento...
Neste dia dedicado aos mestres...
Hoje, aqui no Brasil, comemora-se o dia do professor. Um dia de homenagens aos mestres, aos que são responsáveis peloa formação educacional de todos nós, dos primeiros anos escolares à universidade. Não questiono aqui méritos ou deméritos do ensino atual, valores, ou seja lá o que for. Apenas lembro que são pessoas dedicadas, que merecem nosso respeito e nossa gratidão, para sempre. Sinto saudades, até hoje, de algumas de minhas professoras. Presto aqui minha homenagem não so a elas, mas a todos os(as) professores(as) neste dia especial, em forma de crônica.
Lembrando minhas professoras
Final de inverno, o sol brilha radioso por entre os prédios, dando á tarde que começa a cair um nostálgico tom de primavera e o som das crianças que deixam a escola após mais um dia de aulas enche o ar de alegria e musicalidade... Como pássaros que tivessem ficado retidos em gaiolas, ganham a rua como se ganhassem a liberdade dos ares sem fim, rindo, falando, gesticulando, algumas até se despicando, e vão passando por sob minha janela trazendo a meu coração lembranças de tardes iguais a estas onde, como elas, despreocupada, trazia em mim tantas esperanças no porvir...
Vejo as crianças de hoje com tantos afazeres, tantas opções de lazer, tantas escolhas, que não posso deixar de comparar os caminhos que se abrem diante de meus netos com o que tinha aberto diante de mim. Meu caminho não tinha atalhos nem muitas saídas. Crescendo num bairro operário, povoado por imigrantes que, devido às dificuldades da vida, nunca tiveram tempo nem chance para estudos, às crianças do Brás não era exigido mais do que uma nota mediana que as fizessem passar de ano; não tinham o privilégio de crescer entre livros nem de ouvir histórias da humanidade; Os pais mais “cultos” tinham por hábito a leitura de jornais (na maioria das vezes, esportivos), e assim, os pequenos sequer sabiam que com um pouco de esforço poderiam, talvez, chegar a estudar um outro idioma ou mesmo ter acesso a bibliotecas, exposições, museus, dando às suas almas o alimento indispensável para uma compreensão maior e melhor da vida.
Nossos horizontes eram tão limitados que o sonho maior de uma garotinha, quando o tivesse, era o de ser professora, porque sua professorinha era a pessoa mais importante que ela conhecia, não por ser quem lhe ensinasse as primeiras letras ou a tabuada, mas porque ninguém, aos olhos da criança que a comparava com as pessoas que a cercavam, sequer chegava aos pés daquela abnegada mulher que dedicava sua vida á formação dos pequenos seres que lhe eram confiados. Ser professora, naqueles tempos, era um privilégio, embora sua vida não fosse nada fácil, porque o salário era pequeno, o que a obrigava a viver modestamente, mas sempre com muita dignidade. Por isso, eram olhadas com admiração e respeito. Certamente ainda encontramos, nos dias de hoje, muitas e muitas professoras com o mesmo senso de responsabilidade, com o mesmo ideal de vida daquelas maravilhosas mulheres que ajudaram a formar caráter e a moldar o destino de várias gerações.
Tenho especial carinho por minha primeira professora, Dona Adelaide, uma senhorinha delicada que usava de muita autoridade e firmeza no trato com os alunos, sem perder a doçura da voz. Através das brumas do tempo, posso vê-la ainda, cabelos grisalhos, arrumados num coque preso à nuca, óculos que não conseguiam esconder a vivacidade de seus olhos e, não sei se realmente usava sempre roupas escuras mas é assim que me lembro dela, num vestido de seda azul marinho com florinhas brancas estampadas, mangas compridas, gola arredondada, presa por um camafeu. Mas o que me intrigava muito era o fato dela colocar outro par de óculos sobre os que sempre usava, para poder ler de perto. Aquilo para mim era surpreendente e a característica principal dela, pelo menos naquela época. Tive algumas outras professoras que também ficaram carinhosamente guardadas em minha memória, como Dona Mocinha, Dona Odete, que como Dona Adelaide eram também mestras do Grupo Escolar Romão Puiggari no final dos anos 40, início da década de 50. Depois fui para a Escola Industrial Carlos de Campos onde, além das matérias regulares, tínhamos também formação profissional e onde tive também professoras que marcaram minha vida, como as duas professoras responsáveis pelo curso de flores, e que eram o total oposto uma da outra. Enquanto uma era delicada, gentil, de fala mansa e olhar tranqüilo, a outra era extrovertida, bem falante, e parecia trazer um vulcão dentro do olhar.
Claro que temperamentos tão diversos, só poderiam gerar conflitos que quase sempre eram diluídos mercê a mansidão de alma da primeira. Mas um dia, as coisas chegaram a um ponto sem volta e explodiu uma guerra de palavras trocadas entre lágrimas e sussurros de uma e gritos e gestos de outra que, não se conformando com as lágrimas que rolavam pelo rosto da opositora, que aos olhos das alunas poderia fazer dela uma vítima, saiu da classe vociferando:
- Lágrimas de crocodilo!... Agora se faz de vítima e derrama lágrimas de crocodilo!... Crocodilo? Não, crocodilo é muito pra você...
E buscando lá no fundo da alma suas raízes espanholas, encheu o peito e, mãos na cintura, bradou em alto e bom tom antes de virar as costas e sair desabaladamente em direção à porta da oficina de aula:
- Lagartija!... Lagartija!... Eres una lagartija...
Minhas queridas mestras! Saudades imensas de todas essas mulheres a quem devo grande parte de minha formação e que trago presentes em minhas lembranças... Como gostaria de poder abraçar cada uma delas e agradecer pela parte de meu caminho que lhes coube e que elas tão bem souberam aplainar para que meus passos fossem mais seguros em direção ao dia de hoje!...
Dulce Costa
SP/setembro de 2001
BlogAction Day - Participe
Assinala-se hoje o "BlogAction Day" e o "Em Prosa e Verso" associa-se também a este evento blogosférico que tem por objetivo alertar a comunidade blogueira para as questões ambientais. Recomendo uma visita ao Crônicas do Rochedo aonde o Carlos Barbosa de Oliveira coloca pontos essencias para a conservação do meio-ambiente, oferece dicas e coselhos para a proteção do planeta, tão desgastado, tão judiado e pedindo socorro ao homem, bicho insensível que em sua ganância o destrói sem se importar com o futuro de seu mundo.
Recomendo também uma visita ao site do BlogAction Day e, concordando e querendo apoiar o movimente, fazer seu registro, passando assim a integra-lo.
Nosso Planeta, nosso lar, nosso mundo precisa de socorro, precisa de cada um de nós para sobreviver e garantir a vida de nossos descendentes. Participem. Façam rua parte.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Sob um céu azul de primavera...

Ah, mas pensar nisso agora, sob este céu de primavera? Melhor não. Melhor aproveitar o momento e encher a alma deste azul infinito que tinge o espaço e tentar cantarolar ainda que desafinada, uma doce canção...
"É primavera, te amo...
Meu amor trago esta rosa
Para lhe dar..."
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Recomendação em dose dupla
Vale a pena conferir.
Na noite fria, Drummond...
Chega um ponto em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor
Porque o amor resultou inutil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão, mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos,
Pouco importa que venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
Prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Meus Poetas do Coração - VINICIUS DE MORAES

Parte, e tu verás
Como as coisas que eram, não são mais
E o amor dos que te esperam
Parece ter ficado para trás
E tudo o que te deram
Se desfaz.
Parte, e tu verás
Como se quedam mudos os que ficam
Como se petrificam
Os adeuses que ficaram a te acenar no cais
E como momentos que passaram apenas
Parecem tempos imemoriais.
Parte, e tu verás
Como o que era real, resta impreciso
Como é preciso ir por onde vais
Com razão, sem razão, como é preciso
Que andes por onde estás.
Parte, e tu verás
Como insensivelmente esquecerás
Como a matéria de que é feito o tempo
Se esgarça, se dilui, se liquefaz
E qualquer novo sentimento
Te compraz.
Repara como um novo sofrimento
Te dá paz
Repara como vem o esquecimento
E como o justificas
E como mentes insensivelmente
Porque és, porque estás.
Ah, eterno limite do presente
Ah, corpo, cárcere, onde faz
O amor que parte e sente
Saudade, e tenta, mas
Para viver, subitamente, mente
Que já não sabe mais
Vida, o presente; morte, o ausente -
Parte, e tu verás...
No Dia das Crianças, minhas crianças...

Então, um terno e doce beijo para as minhas nove crianças, meu carinho, meu amor e meu muito obrigada por virem para minha vida, que se tornou iluminada e linda pela presença de cada um de vocês.
domingo, 11 de outubro de 2009
Meus Poetas do Coração - Mais uma vez, Thiago de Mello

Tudo o que de mim se perde
acrescenta-se ao que sou.
Contudo, me desconheço.
Pelas minhas cercanias
passeio – não me frequento.
Por sobre fonte erma e esquiva
flutua-me, íntegra, a face.
Mas nunca me vejo: e sigo
com face mal disfarçada.
Oh que amargo é o não poder
rosto a rosto contemplar
aquilo que ignoto sou;
distinguir até que ponto
sou eu mesmo que me levo
ou se um nume irrevelável
que (para ser) vem morar
comigo, dentro de mim,
mas me abandona se rolo
pelo declives do mundo.
Desfaço-me do que sonho:
faço-me sonho de alguém
oculto. Talves em Deus
sonhe comigo, cobice
o que guardo e nunca usei.
Cego assim, não me decifro.
E o imaginar-se sonhado
não me completa: a ganância
de ser-me inteiro prossegue.
E pairo – calado pânico -
entre o sonho e o sonhador.
sábado, 10 de outubro de 2009
Numa noite de sábado...

Numa noite quase perfeita, só falta o luar entrando pela janela entreaberta e a brisa agitando suavemente a cortina...
Ah... na verdade, o que falta mesmo, é você...
Pequena história numa manhã cinzenta
Naquela manhâ chuvosa e fria, em pé, diante da janela, olhando para as gotas de chuva que rolavam pela vidraça, ela se perguntava porque estava se sentindo assim, vazia, triste... Sentou-se diante do computador tentando transpor para a tela aquela sensação de nada, mas as mãos ficaram imóveis sobre o teclado porque a alma estava calada, encolhida, sem a costumeira tagarelice que preenchia seus pensamentos com sonhos e ideais, com lembranças e saudades. Se a alma estivesse feliz, ela cantarolava enquanto escrevia docemente. Se triste, seus escritos seriam tristes também, nostálgicos, chorosos. Mas naquela manhã não havia tristeza nem alegria... não havia nada. Apenas uma apatia, dessas que nos pegam quando temos uma decepção, quando percebemos o erro num sentimento, numa atitude, num sonho inútil, desses que às vezes vira pesadelo. Mas nem fora essa a causa... Seus dias tinham sido bem agradáveis, nenhuma turbulência ou preocupação maior. O tempo enfarruscado? Ora, ela sempre gostara de escrever num dia cinzento... Saudades? Saudades eram suas amigas constantes, umas vezes rasgantes e doloridas, outras vezes doces, amenas...
O toque do telefone tirou-a de seus pensamentos. Ao atender sentiu uma lufada de perfumada brisa envolver sua alma que finalmente sorria. Entendeu, então, o porque daquele estado d'alma, sua alma inquieta, irreverente, descuidada, que ainda não aprendera a controlar seus impulsos, ainda não entendera que já se fizera há muito, a hora de se recolher ao seu devido lugar. O fato é que, de repente, o dia pareceu ficar azul, o canto dos pássaros era mais doce, a música era linda e seu cantinho, antes vazio, tornara-se aconchegante.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Meus poetas do Coração - THIAGO DE MELLO

Caminho bem na minha solidão,
porque sei de mim mesmo o que perdi.
Não tenho mais precisão de mentir.
Enfrento cara a cara o desamor
que mal me disfarcei. Não fui capaz
de ser o que sonhei, Fiquei aquém
das palavras ardentes que inventei
para que um dia triunfasse o amor.
Porque não dei, com medo de perder,
o diamante mais puro, no meu peito,
inutil de fulgor, se consumiu.
Três tercetos de Thiago de Mello
"Yes, We (really) Can"

Parabéns, Barack Obama.
http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2009/10/09/ult1859u1656.jhtm
Meus poetas do coração - MARIO QUINTANA

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
a folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem, nalgum móvel antigo...
Mas é preciso também que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu te sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te!
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Cecília Meireles - Toda poesia

Vimos a lua nascer na tarde clara.
Orvalhavam diamantes, as tranças aéreas das ondas
e as janelas abriam-se para florestas cheias de cigarras
Vimos também a nuvem nascer no fim do oeste.
Ninguém lhe dava importância.
Parece uma pena solta - diziam.
Uma flor desfolhada.
Vimos a lua nascer na tarde clara.
Subia com seu diadema transparente,
vagarosa, suportando tanta glória.
Mas a nuvem pequena corria veloz pelo céu.
Reuniu exércitos de lã parda,
levantou por todos os lados o alvoroto da sombra.
Quando quisemos outra vez luar,
ouvimos a chuva precipitar-se nas vidraças,
e a floresta debater-se com o vento.
Por detrás das nuvens, porém,
sabíamos que durava, gloriosa e intacta a lua.