Quando, ao amanhecer, descerrei as cortinas do quarto, o sol começava a espalhar seus raios cor de ouro por sobre a cidade, prenunciando mais um dia lindo e quente deste verão que já anda a querer despedir-se. No entanto, agora, o céu cobre-se de nuvens pesadas, dando a impressão de que estamos ao entardecer, pois vai escurecendo de novo... Chuvas pesadas parecem vir por ai... Tais chuvas também são coisas de verão, sei bem disso, mas o fato é que o dia perdeu sua luz, tornou-se um pouco triste. E em dias assim, com um certo ar de nostalgia, a alma busca a melancolia de alguns poetas para fazer-lhe companhia. Hoje a escolha recaiu sobre nossa apaixonante Florbela. Espero que gostem.
Anseios
Meu doido coração aonde vais,
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade;
Meu pobre coração olha que cais!
Deixa-te estar quietinho! Não amais
A doce quietação da soledade?
Tuas lindas quirneras irreais,
Não valem o prazer duma saudade!
Tu chamas ao meu seio, negra prisão!
Ai, vê lá bem, ó doido coração,
Não te deslumbres o brilho do luar!...
Não 'stendas tuas asas para o longe..
Deixa-te estar quietinho, triste monge,
Na paz da tua cela,a soluçar...
(Florbela Espanca)
4 comentários:
Bello escribes, siempre que te visito me doblego con cariño a tus letras..
Un beso
Un abrazo
Saludos fraternos..
Adolfo Payés
E sempre deixa um gentil comentário, que enfeita meu dia. Obrigada.
Um abraço
Dulce,após contemplar mais uma lin-
da flor,das tantas que você nos ofe
rece, exclamo ao me deparar com ver
sos de Florbela Espanca.Gosto muito
dos poemas que esta mulher tão so -
frida nos deixou.
Abraços,com carinho
Paloma
Florbela era toda amor e sofrimento, e transformou tudo isso em lindos versos.
Beijos, obrigada e boa noite
Postar um comentário