(Minha São Paulo de antigamente, calma, tão mais humana...)
Manhã enfarruscada de sábado, dia de se ficar "al dolce fare niente", então resolvi aproveitar a tranquilidade do final de semana para organizar arquivos de fotos antigas. E quando digo antigas, digo "antigas mesmo"... lá do tempo dos faraós... risos... E quando o "antigo" vem à mente, sempre se faz acompanhar por Dona Saudade, essa criaturinha sorrateira que vai chegando de mansinho, que vai tomando conta de nossos corações, às vezes docemente, às vezes fazendo doer. Hoje ela chega doce, lembrando outros sábados que eram preparativos para os familiares almoços de domingo.
Nos meus verdes anos, sábado era dia de muito trabalho e de muita agitação. Indústrias, lojas, escritórios, escolas, sempre encerravam seu expediente por volta da uma hora da tarde - hoje não abrem aos sábados. As "donas-de-casa", trabalhassem ou não fora (a maior parte delas ocupava-se apenas com os cuidados da casa e dos filhos), achavam-se na obrigação de fazer uma enorme faxina na casa, preparando-a para o domingo, dia da família sempre se reunir. Além disso, costumavam começar os preparativos para o almoço do dia seguinte, sempre especial, regado a um "bom" vinho, que seria servido também às crianças, mas numa mistura com água açucarada, bem fraquinha.
Lembro-me que, lá pelo meio da tarde, saia com minha mãe para as compras. Se meu pai tivesse sugerido uma carne, passávamos primeiro no açougue para comprá-la, depois íamos ao armazem e, finalmente à quitanda (assim chamávamos o que hoje denomina-se "horti-fruti". Se o escolhido fosse um frango assado, passávamos no aviário onde minha mãe comprava um frango ainda vivo, que (e isso me deixava angustiada) seria abatido por ela mesma, lá na cozinha do casarão. Eu sempre ia me esconder no fundo do quintal, até que o pobre bichinho estivesse já depenado e preparado dentro de uma vinha d'alhos para ir ao forno que o assaria, na manhã de domingo.
Minha mãe era, como se costumava dizer, uma cozinheira de mão cheia. E meu pai, um homem que apreciava a boa e variada mesa. Assim, durante a semana tinhamos um trivial muito bem feito, mas aos domingos... ah, o almoço era sempre de gala, com uma sobremesa à altura.
Mas, como o assunto de hoje era os sábados, deixo para falar sobre os domingos num domingo qualquer... Quem sabe amanhã?...
4 comentários:
Querida Dulce,
Como flui a escrita na sua mão..é como se estivesse estado a conversar consigo e ouvisse algo que me é muito familiar.
Era assim... e por aqui continua sendo ainda muito assim.
Ao Domingo há sempre um prato mais especial e cometem-se alguns exageros, isto para quem te problemas com a linha :))))
Mas é uma alegria, mesmo que sejamos só os dois....amanhã tenho mais dois convidados e já está quase tudo pronto, acredita???!!!
Beijinhos
Ná
Ná
Uma delícia esses domingos em familia, não? Aqui só os tenho a cada quinze dias, quando meus netos vem para passar o final de semana com o pai e comigo. Agora, quando estou em Campinas, na casa de meu filho mais velho, o almoço de domingo é sagrado e la em Boston, com minha filha, geralmente aos domingos almoçamos fora.
Imagino as delicias que vai servir amanhã para seus convidados.
Beijos e boa noite
Voltei,mais tranquila!
O Pedro já está na casa dele,com dores,algumas ainda.
Tem banda gástrica e está bem!
No entanto teve que mexer na caixa e
foi complicado.
Quanto à minha tendinite...ñ me deixa escrever muito tempo.
Sei q. os meus AMIGOS entendem...
Beijoo.
isa.
Isa
Estimo que seu filho esteja melhor.
Ainda bem que já está em casa e daqui para a frente é recuperar-se rapidamente, com a graça de Deus.
E quanto a sua tendinite, minha amiga, tem que se poupar para que logo fique curada e ai a teremos por aqui de novo.
E como não a entender se a conhecemos tão bem, querida amiga. Fique tranquila.
Beijos e um bom domingo.
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