Não perguntavam por mim,
mas deram por minha falta.
Na trama da minha ausência,
inventaram tela falsa.
Como eu andava tão longe,
numa aventura tão larga,
entregue à metamorfose
do tempo fluído das águas;
como descera sozinho
os degraus da espuma clara,
e o meu corpo era silêncio
e era mistério minha alma,
- cantou-se a fábula incerta,
segundo a linguagem da harpa:
mas a música é uma selva
de sal e areia na praia,
um arabesco de cinza
que ao vento do mar se apaga.
E o meu caminho começa
nessa franja solitária,
no limite sem vestígio,
na translúcida muralha
que opõem o sonho vivido
e a vida apenas sonhada.
Cecília Meireles
(Metal Rosicler)
4 comentários:
Pois é, Dulce.
Cecília escreveu com a alma, com o coração...Seus versos sempre nos encantam.
Há algum tempo não passo por aqui, mas hoje vim deixar meu abraço carinhoso.
Bom fim de semana,
heli
Heli
Fique o tempo que ficar sem vir ao Prosa, será sempre uma alegria renovada quando aqui chega novamente, minha amiga. É sempre muitissimo bem vinda, viu?
Beijos, obrigada e um bom final de semana para voce tambem.
DULCE, nestas noites outonais,embora ainda muito quentes, olhando este céu estrelado, bate uma saudade imensa, desejo de sair correndo ao encontro sei lá do que ou de quem.Usando a linguagem do tempo da bossa nova: Que fossa!!!
Beijos
Paloma
Há noites assim, minha amiga... Também as tenho, também sinto assim, a "fossa"... Aí deixo as lágrimas correrem soltas e lavar a alma, ou mergulho dentro de mim mesma em busca de sonhos impossíveis...Ou, ainda, escrevo... escrevo muito, e na maioria das vezes, acabo apagando o que escrevi ou armazenando em arquivos muito pessoais... Sempre temos que buscar um desabafo para reencontrar o equilibrio.
Beijos e boa noite
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