floquinhos

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Do azul dourado ao cinza chumbo...


A segunda-feira começa linda, iluminada, cheia de sol. Dia consagrado a Martin Luther King, meio feriado, os kids em final de semana com o pai, só voltam a tardinha, minha filha viajando, a casa em completo silêncio. Nem a Baby miando, como costuma acontecer quando os humanos da casa demoram para descer. Deve ser o frio e a preguicinha de sair da "toca" que ele ocasiona pela manhã. Confesso que não é fácil sair da cama, do aconchego dos edredons, e correr para o chuveiro, numa manhã assim. 
Recostada na cabeceira de minha cama, posso ver através da janela as copas das árvores douradas pelo sol em contraste com o céu azul, a fumaça que sai da chaminé de uma das casas vizinhas anunciando que a lareira lá está acesa, aquecendo um pouco mais a sala onde, possivelmente um de seus moradores, sentado ao lado, saboreia um café quentinho, lê o jornal do dia, ou, o que é mais provável, assiste-o pela TV.
E o pensamento voa alto, imaginando as TVs brasileiras ocupadas com mais uma tragédia, dessas que parece não terem mais fim, não terem solução, Meu coração fica apertado ao pensar em tantas vidas ceifadas, em tanta tristeza... Até quando, meu Deus? Até quando aqueles que assumiram a responsabilidade de zelar por esse povo, de suprir suas necessidades básicas, vão continuar postergando suas obrigações para com a sociedade e fazer jus aos votos de confiança e esperança que receberam desse mesmo povo sofrido? Até quando vão fechar os olhos para os tristes caminhos que essa gente percorre numa pobreza e num descaso que não tem mais fim? Até quando?...
Agora, depois de mais uma tragédia, todos se mobilizam, falam, comentam, prometem... Prometem... Caras contraídas, chorosas, mostram-se nas telas das TVs, comunicando futuras soluções que nunca se concretizam, pois no próximo ano, desgraçadamente, tudo vai acontecer de novo... 
E toda a beleza que passa através da janela, todo o dourado do sol sobre a cidade e o bosque, toda a calma de uma manhã azul ficam transformadas em cinza chumbo dentro de mim. Sei bem que o mundo não é lá muito justo. Sei bem que enquanto uns nadam em conforto e privilégios, outros reviram latas de lixo nas ruas para poder sobreviver. Sei bem que, como diziam meus antigos, "o mundo sempre foi assim"... Mas precisa ser assim, Meu Deus?... Precisa?...

4 comentários:

Anônimo disse...

Minha querida Dulce,quem me conhece e sabe da ternura que dedico aos meus Amigos brasileiros,pergunta:
"tiveste notícias? Como estão eles e familiares?"
Das minhas irmãs à D.Júlia parecia uma só voz!
Queriam notícias de todos!
É bem sincero!
Que tudo se recomponha. Será mesmo?
Beijo.
isa.

Paloma disse...

DULCE, Martin Luther King viveu e
morreu clamando por justiça e lutan
do pelo bem da humanidade.

Nossas autoridades são omissas, por
isso assim como no ano anterior,ago
ra e nos próximos anos, tudo conti-
nuará igual. Não creio em melhoras.
As coisas só melhoram para quem se
instala no poder.
Beijos

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Isa

Só posso me comover com sua sensibilidade, minha amiga. Não falo em nome dos desvalidos deste acidente, porque não tenho autoridade para faze-lo, mas falo em nome de um coração brasileiro que aqui de longe sofre com o que acontece no Brasil, e é, pois em meu próprio nome, que agradeço sua solidariedade, seu carinho. Como agradeço as sua irmãs e a D. Julia.
Beijos, querida amiga. e obrigada.

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Paloma

Gostaria de poder dizer que acredito em mudanças, em melhorias, mas infelizmente devo concordar com você. Só melhora mesmo para quem ocupa o poder...
Tudo isso é lamentável.

Beijos e uma boa tarde