Quantas vezes uma mulher pode se enganar, confundir seus sentimentos, premida pela solidão?
Ela sempre fora sonhadora, alma inquieta e mesmo nos momentos mais serenos e estáveis de sua vida sentira pulsar dentro de si uma ânsia incontida, como se estivesse a espera de alguém que lhe trouxesse desconhecidas emoções, que lhe abrisse novas perspectivas.
Numa realidade tranqüila, aonde aparentemente conformada seguia sua vidinha sem sobressaltos, foi vendo o tempo escoar-se por entre seus dedos, foi cumprindo seus dias, percorrendo seus caminhos, guardando para si, em forma de sonhos, seus anseios, sua inquietude.
Vivera um amor sereno, criara seus filhos, vira nascer os netos, e se fisicamente a passagem do tempo, os embates da vida, tinham deixado suas marcas, o mesmo não acontecera com sua alma, que continuava inquieta, sentindo-se plena, ainda a espera de uma chegada que lhe preenchesse os vazios, que lhe iluminasse os momentos, que lhe trouxesse emoções, as mesmas que sempre buscara nas páginas dos livros que tanto gostava, nos filmes que a encantavam, nos sonhos que trazia dentro de si, sem perceber que com isso criava uma perigosa armadilha para si mesma.
Porque carente, sonhadora, era presa fácil para quem procura apenas distrações, apenas passageiras aventuras que venham a preencher uma vida vazia, insípida, pequena, alguém que não se importando com os sentimentos alheios, não tenha aprendido a respeita-los. Porque tola, ingênua, acreditava na sinceridade das pessoas. Porque mulher, ressentia-se por não ter vivido uma grande, louca paixão, ainda que não admitisse nem a si mesma esse incontido desejo...
E agora, ali diante de si mesma, prestava contas a vida por ter sido tão descuidada, por ter permitido que sua alma se abrisse e soltasse todo aquele emaranhado de sentimentos, sonhos, ânsias, desejos que tão cuidadosamente guardara para si, durante toda uma vida...
E o preço que teria que pagar por um vão momento de encantamento seriam noites e noites de maior solidão, de maior angustia, agora permeadas de frustração, de um cruel desencanto, de um sentir-se tola, ridícula, mal amada, como se fora a única mulher na terra a ter servido de brinquedo a uma criatura insensível, egoísta, pequena...
Tentei explicar-lhe que não fora a única a se deixar levar por essa ânsia, essa inquietude, faze-la ver que nós, mulheres, somos pura alma em busca de carinho, de afeto, e que isso faz de nós criaturas frágeis, expostas aos enganos. Mas seria preciso que ela chorasse todas as lágrimas que seu coração represara, que desse vazão ao que lhe esmagava a alma naquele momento para que, só depois, já mais serena, conseguisse entender que vivera mais um capitulo de uma vida agora mais completa porque aprendera que a paixão, mais do que encanta, aprisiona, esmaga, sufoca...
Aprisiona, esmaga, sufoca, sim... Mas apesar de tudo, vale muito a pena senti-la, vive-la., para mais tarde, quando de volta a serenidade que sempre chega, poder revive-la, como momento único e inesquecível em qualquer vida, porque tenho em mim que ninguém vive uma vida por inteiro sem ter vivido uma grande paixão...
Dulce Costa
Na chuvosa manhã do dia 13 de fevereiro do ano de 2009
Ela sempre fora sonhadora, alma inquieta e mesmo nos momentos mais serenos e estáveis de sua vida sentira pulsar dentro de si uma ânsia incontida, como se estivesse a espera de alguém que lhe trouxesse desconhecidas emoções, que lhe abrisse novas perspectivas.
Numa realidade tranqüila, aonde aparentemente conformada seguia sua vidinha sem sobressaltos, foi vendo o tempo escoar-se por entre seus dedos, foi cumprindo seus dias, percorrendo seus caminhos, guardando para si, em forma de sonhos, seus anseios, sua inquietude.
Vivera um amor sereno, criara seus filhos, vira nascer os netos, e se fisicamente a passagem do tempo, os embates da vida, tinham deixado suas marcas, o mesmo não acontecera com sua alma, que continuava inquieta, sentindo-se plena, ainda a espera de uma chegada que lhe preenchesse os vazios, que lhe iluminasse os momentos, que lhe trouxesse emoções, as mesmas que sempre buscara nas páginas dos livros que tanto gostava, nos filmes que a encantavam, nos sonhos que trazia dentro de si, sem perceber que com isso criava uma perigosa armadilha para si mesma.
Porque carente, sonhadora, era presa fácil para quem procura apenas distrações, apenas passageiras aventuras que venham a preencher uma vida vazia, insípida, pequena, alguém que não se importando com os sentimentos alheios, não tenha aprendido a respeita-los. Porque tola, ingênua, acreditava na sinceridade das pessoas. Porque mulher, ressentia-se por não ter vivido uma grande, louca paixão, ainda que não admitisse nem a si mesma esse incontido desejo...
E agora, ali diante de si mesma, prestava contas a vida por ter sido tão descuidada, por ter permitido que sua alma se abrisse e soltasse todo aquele emaranhado de sentimentos, sonhos, ânsias, desejos que tão cuidadosamente guardara para si, durante toda uma vida...
E o preço que teria que pagar por um vão momento de encantamento seriam noites e noites de maior solidão, de maior angustia, agora permeadas de frustração, de um cruel desencanto, de um sentir-se tola, ridícula, mal amada, como se fora a única mulher na terra a ter servido de brinquedo a uma criatura insensível, egoísta, pequena...
Tentei explicar-lhe que não fora a única a se deixar levar por essa ânsia, essa inquietude, faze-la ver que nós, mulheres, somos pura alma em busca de carinho, de afeto, e que isso faz de nós criaturas frágeis, expostas aos enganos. Mas seria preciso que ela chorasse todas as lágrimas que seu coração represara, que desse vazão ao que lhe esmagava a alma naquele momento para que, só depois, já mais serena, conseguisse entender que vivera mais um capitulo de uma vida agora mais completa porque aprendera que a paixão, mais do que encanta, aprisiona, esmaga, sufoca...
Aprisiona, esmaga, sufoca, sim... Mas apesar de tudo, vale muito a pena senti-la, vive-la., para mais tarde, quando de volta a serenidade que sempre chega, poder revive-la, como momento único e inesquecível em qualquer vida, porque tenho em mim que ninguém vive uma vida por inteiro sem ter vivido uma grande paixão...
Dulce Costa
Na chuvosa manhã do dia 13 de fevereiro do ano de 2009
2 comentários:
Como disse o poeta que, apesar de homem, também sofreu desilusões:
" Tudo vale a pena se a alma não é pequena".
Pois é, Lourdes.
E ninguém mais do que ele sabia muito bem o que dizia...
Beijos
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