floquinhos

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O "ADIVINHADOR" DO TEMPO...

Acertando nas previsões do tempo?

O dia amanheceu claro, mas já está encoberto, indicando talvez chuva ainda pela manhã. Confesso que não tenho a menor queda para a meteorologia, quase nunca acerto nas minhas “previsões”. E pensando nisso acabo me lembrando de meu marido, nas manhãs de nossos primeiros anos de casamento, qualquer que fosse a cidade em que estivéssemos vivendo - e nem foram tantas, afinal - mas bastava uns poucos meses no local e ele se tornava um expert em “adivinhar” o tempo... Olhava para o céu, examinava as nuvens, a direção do vento, sentia o cheiro de chuva no ar muito antes dela cair e prognosticava um dia de chuva, um dia de sol. Raramente errava. Eu costumava dizer que ele fizera a escolha errada ao resolver cursar física, que deveria procurar um curso de meteorologia porque ele era realmente bom nisso. Ao aposentar-se, homem afeito aos livros, ao conhecimento, resolveu que voltaria a estudar e sabendo que a USP abrira um curso de meteorologia, nem titubeou. Fez o vestibular, passou, claro, e lá foi ele descobrir o mundo dos cúmulus nimbus, das pressões barométricas, das umidades do ar... E, na medida em que o curso ia avançando, em que ele ia adquirindo conhecimentos e técnicas para avaliar o tempo, para fazer previsões, foi perdendo o sentido natural, a sensibilidade para com as mudanças do tempo e, acreditem ou não, daí para a frente, ele raramente acertava uma previsão... Pois é!... Todo aquele acúmulo de conhecimentos das cartas meteorológicas, dos parâmetros, das técnicas, acabou pesando mais do que o instinto natural do homem que fora criado junto à natureza, absorvendo conhecimentos práticos, quase sempre infalíveis. E brincávamos muito com isso, meus filhos e eu, dizendo a ele que perdêramos o meteorologista competente da família em prol do técnico que precisava de todo um laboratório meteorológico para errar nas previsões. Ele coçava a cabeça, colocava no rosto aquele sorriso tranqüilo e, como bom mineiro que era, apenas dizia: - “Pior é que “ocês” tem razão... Esse raio desse curso não me serviu pra nada...”
E fico eu aqui, olhando para o céu que se cobre de nuvens pesadas, lembrando histórias sobre o tempo, trazendo de volta momentos doces vividos ao lado de um homem que me ensinou a viver, que partilhou meus caminhos, que me conduziu pela mão, que me preparou até para ficar só quando chegasse seu momento de partida.
Olhando agora pela janela e vendo o sol começando a rasgar as nuvens, numa indecisão total entre “chove ou faz sol”, parece-me ouvir sua voz forte, calma, dizendo: - “Viu, minha flor? eu não disse que não chovia hoje?...”

Dulce Costa
Na enfarruscada manhã do dia três de fevereiro do ano de 2009.

6 comentários:

diario da Fafi disse...

Ai Dulce que linda recordação!!!

Muitas manhã de sol pra você querida.

Não resisti ao seu texto e enchi meus olhos de cúmulus nimbus(rsrsrs)

carinhos muitos.

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Obrigada, Fafi.
Muito sol em seus caminhos, também.
E só deixe esses cúmulos que turvam seus olhos se transformarem em lágrimas se estas forem de alegria...
Beijos

Lourdes disse...

Lindo texto, Dulce.
É uma realidade. O conhecimento empírico muitas vezes é mais fiável do que o académico.
Beijos

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Obrigada, Lourdes.
Assim é, realmente. E os mais antigos serviam-se muito desses conhecimentos. Hoje dependemos da tecnologis e o jeito é torcer para que funcione... rs..
Beijos

Anônimo disse...

Li, gostei, postei.....rsrsrsr
Dá uma olhadinha pra ver se aprova....

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Aprovadissimo!
Obrigada. Fico muito honrada com sua deferência, muito feliz em poder constar em seu blog.
Beijos