Costumo dizer que tenho poucos amigos, mas cada um deles vale uma enormidade, pelo que são, pelo que significam em minha vida, pelo que constroem em torno de si... E a cada dia agradeço a Deus por te-los colocado em meus caminhos. Porque estou dizendo isso? Porque me comovo às vezes com pequenas mas significativas ações praticadas por eles. Ações que podem parecer sem a menor importância, mas que demonstram muita sensibilidade, amor ao próximo, amor à vida.
Ontem recebi para um chá da tarde uma dessas pessoas muito especiais que me dá a alegria de ser minha amiga há décadas. Quizeida, ou Kikinha, como gosta de ser chamada, que conheci em meu primeiro dia de trabalho no SENAI quando, temerosa com a mudança, tímida, fui levada a mesa de cada um dos funcionários da Contadoria e apresentada, como era costume da empresa. Ela se ergueu, nos lábios aquele sorriso acolhedor, mão estendida, olhando de frente, nos olhos, característica de quem é sincero, leal, e foi logo dizendo que eu era bem vinda, tentando me por à vontade. Assim como fui apresentada à Idel na verdade Idelzuyth, que me recebeu da mesma forma, sem imaginarmos naquele momento que estávamos iniciando uma amizade que desafiaria o tempo. Éramos tão meninas! Tínhamos todos os caminhos da vida abertos pela frente, caminhos que pareceram que se distanciariam num determinado momento, mas voltaram à sua rota inicial e cá estamos hoje mais amigas do que nunca
Pois ontem, Kikinha chegou em casa trazendo uma pequena valise aonde carrega seus lindos e delicados trabalhos de bijuteria e ao abri-la, para me mostrar as novidades, retirou dela uma quantidade de coloridos botõezinhos de rosa, feitos de papel crepom. Cada um deles envolto em papel celofane com uma pequena etiqueta. Nos amarelos estava escrito "dinheiro", nos rosas, "amor", nos vermelhos, "paixão" e nos brancos lia-se "paz". Não eram pequenas obras de arte em papel, mas vinham significando amizade e solidariedade. Amizade quando ela me entregou um de cada cor, dizendo que os trazia como desejos para minha vida, para que eu tivesse realmente tudo o que eles estavam pretendendo significar. Solidariedade quando me disse que os comprou de um menino, na rua, como forma de dar a ele a chance de não transgredir, de viver sua vida pelo trabalho, de entender que o futuro se abre sempre de maneira melhor quando se busca o melhor caminho, sem atalhos fáceis e perigosos, enganosos, sem volta, às vezes...
Aí estava Kikinha, mulher forte, lutadora, alma inquebrantável, depois de tantos embates em sua vida, sempre um sorriso amigo nos lábios, voz doce, pessoa afável, que num momento só se preocupou em ajudar um garoto que nunca vira e certamente nunca tornaria a ver nesta imensa cidade aonde caminhos se cruzam e descruzam ao sabor do vento, do destino, como queiram, que só imaginou que talvez os trocados que dera pelas florzinhas pudessem significar a diferença entre o bem e mal na vida daquele menino. Qualquer outra pessoa passaria por ele, olharia as flores com desdem, pensando - "mas o que é que vou fazer com isso?", viraria as costas e seguiria sua vida sem nem mais pensar no guri. Ela não! Ela olhou para ele e viu alguém que começava a lutar para sobreviver e que merecia essa chance. Olhou para as florzinhas e viu que elas poderiam ser portadoras de amizade, de carinho, de votos de felicidades. Encheu as mãos com elas e encheu meu coração de ternura quando mas ofertou. E lá estão elas sobre a lareira, num vasinho de cristal, talvez um pecado em termos de decoração, mas uma preciosidade em termos de lição de vida.
Dulce Costa
Na ensolarada manhã do dia quatro de fevereiro do ano de dois mil e nove
Ontem recebi para um chá da tarde uma dessas pessoas muito especiais que me dá a alegria de ser minha amiga há décadas. Quizeida, ou Kikinha, como gosta de ser chamada, que conheci em meu primeiro dia de trabalho no SENAI quando, temerosa com a mudança, tímida, fui levada a mesa de cada um dos funcionários da Contadoria e apresentada, como era costume da empresa. Ela se ergueu, nos lábios aquele sorriso acolhedor, mão estendida, olhando de frente, nos olhos, característica de quem é sincero, leal, e foi logo dizendo que eu era bem vinda, tentando me por à vontade. Assim como fui apresentada à Idel na verdade Idelzuyth, que me recebeu da mesma forma, sem imaginarmos naquele momento que estávamos iniciando uma amizade que desafiaria o tempo. Éramos tão meninas! Tínhamos todos os caminhos da vida abertos pela frente, caminhos que pareceram que se distanciariam num determinado momento, mas voltaram à sua rota inicial e cá estamos hoje mais amigas do que nunca
Pois ontem, Kikinha chegou em casa trazendo uma pequena valise aonde carrega seus lindos e delicados trabalhos de bijuteria e ao abri-la, para me mostrar as novidades, retirou dela uma quantidade de coloridos botõezinhos de rosa, feitos de papel crepom. Cada um deles envolto em papel celofane com uma pequena etiqueta. Nos amarelos estava escrito "dinheiro", nos rosas, "amor", nos vermelhos, "paixão" e nos brancos lia-se "paz". Não eram pequenas obras de arte em papel, mas vinham significando amizade e solidariedade. Amizade quando ela me entregou um de cada cor, dizendo que os trazia como desejos para minha vida, para que eu tivesse realmente tudo o que eles estavam pretendendo significar. Solidariedade quando me disse que os comprou de um menino, na rua, como forma de dar a ele a chance de não transgredir, de viver sua vida pelo trabalho, de entender que o futuro se abre sempre de maneira melhor quando se busca o melhor caminho, sem atalhos fáceis e perigosos, enganosos, sem volta, às vezes...
Aí estava Kikinha, mulher forte, lutadora, alma inquebrantável, depois de tantos embates em sua vida, sempre um sorriso amigo nos lábios, voz doce, pessoa afável, que num momento só se preocupou em ajudar um garoto que nunca vira e certamente nunca tornaria a ver nesta imensa cidade aonde caminhos se cruzam e descruzam ao sabor do vento, do destino, como queiram, que só imaginou que talvez os trocados que dera pelas florzinhas pudessem significar a diferença entre o bem e mal na vida daquele menino. Qualquer outra pessoa passaria por ele, olharia as flores com desdem, pensando - "mas o que é que vou fazer com isso?", viraria as costas e seguiria sua vida sem nem mais pensar no guri. Ela não! Ela olhou para ele e viu alguém que começava a lutar para sobreviver e que merecia essa chance. Olhou para as florzinhas e viu que elas poderiam ser portadoras de amizade, de carinho, de votos de felicidades. Encheu as mãos com elas e encheu meu coração de ternura quando mas ofertou. E lá estão elas sobre a lareira, num vasinho de cristal, talvez um pecado em termos de decoração, mas uma preciosidade em termos de lição de vida.
Dulce Costa
Na ensolarada manhã do dia quatro de fevereiro do ano de dois mil e nove
2 comentários:
Não precisamos de ter muitos amigos ( aliás, nem sempre quem tem muitos amigos se sente mais confortado nos mometosem que precisa deles), preecisamos é que sejam bons e estejam connosco na hora certa!
Carlos, concordo plenamente com você. E acho até que sou uma pessoa de muita sorte porque meus amigos são muito especiais... todos eles.
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