
floquinhos
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Mais uma estrela que se apaga...

Pelos caminhos de minha cidade...





quarta-feira, 29 de setembro de 2010
As fases da vida...

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha
Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Lembrar... Esquecer...
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Um não se perder...
domingo, 26 de setembro de 2010
E porque chove lá fora...
Inscrição na Areia
O meu amor não tem
importância nenhuma.
Não tem o peso nem
de uma rosa de espuma!
Desfolha-se por quem?
Para quem se perfuma?
O meu amor não tem
importância nenhuma.
sábado, 25 de setembro de 2010
Entre o poeta e o leitor...
O SILÊNCIO
Convivência entre o poeta e o leitor, só no silêncio da leitura a sós. A sós, os dois. Isto é, livro e leitor. Este não quer saber de terceiros, não quer que interpretem, que cantem, que dancem um poema. O verdadeiro amador de poemas ama em silêncio...
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
E a vida tem que continuar...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010
As lindas estações do amor e da ternura...


terça-feira, 21 de setembro de 2010
De volta pro meu aconchego...
Tinha alguns assuntos a serem resolvidos por aqui, alguns agendamentos de contas, essas coisas do cotidiano que nos envolvem e não podem ficar para depois, por isso voltei, mas em umas semanas, lá vou eu de novo...
Bom, lá ou cá, vamos estar sempre juntos, o Prosa vai estar sempre de portas e coração abertos para receber cada um de meus queridos amigos...
sábado, 18 de setembro de 2010
E agora, José?

Este poema de Drummond, creio, é dos mais conhecidos, se não na íntegra, pelo menos em partes e a pergunta"E agora, José?" fica no ar, fica na mente...
JOSÉ
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?
(Carlos Drummond de Andrade)
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Para fechar a noite, poesia...

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era q'rida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida.
E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
O sol que entra pela vidraça...
Minhas bonecas eram feitas de pano, tinham olhinhos de retróz (linha) e cabelo de fios de lã, toscamente feitas, mas eu as achava lindinhas demais. A bola que os meninos usavam para a "pelada" nas tardes do bairro era feita de meias velhas. Mas o jogo era acirrado, pra valer. Muitos de nós mal tinhamos um sapatinho para calçar nossos pés, mas isso não impedia que correcemos por todo o lado. Não existia ainda a vitrine de ilusões em forma de comerciais de TV para nos deixar tristes por não termos determinados (lindos) brinquedos.
E fico aqui comparando infâncias, a minhas, a de meus filhos, a de meus netos... Cada qual com suas diferenças, mas todas muito bem vividas, todas transformadas (hoje ou mais para a frente) em doce saudade. Saudade despertada em mim pelo sol que entra pela vidraça e vem aquecer meus pés que repousam sobre o tapete, descalços como no tempo em que corriam livres e soltos pelas velhas ruas do meu velho Bairro do Brás.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
As coisas mais leves...
Mário Quintana
terça-feira, 14 de setembro de 2010
A doce poesia de Florbela...
Eu trago-te nas mãos o esquecimento
Das horas más que tens vivido, Amor!
E para as tuas chagas o ungüento
Com que sarei a minha própria dor.
Os meus gestos são ondas de Sorrento...
Trago no nome as letras duma flor...
Foi dos meus olhos garços que um pintor
Tirou a luz para pintar o vento...
Dou-te o que tenho: o astro que dormita,
O manto dos crepúsculos da tarde,
O sol que é de oiro, a onda que palpita.
Dou-te, comigo, o mundo que Deus fez!
Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A princesa de conto: "Era uma vez..."
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Um sábio conselho...

(Charles Chaplin)
domingo, 12 de setembro de 2010
"A garden party", neste domingo de fim de verão...
Nossa querida amiga Ofrit e seu marido Avi, abriram os jardins de sua casa para receberem os amigos, em comemoração aos cinco aninhos que sua filha mais nova, Lotem, completou hoje. Uma festa muito animada onde a criançada pôde divertir-se a valer enquanto os pais, entre agradáveis conversas, puderam saborear pratos deliciosos da cozinha de Israel.
sábado, 11 de setembro de 2010
Numa praça, ao amanhecer...
Caminhava como se amparasse nos ombros todo o peso do mundo... Mas era o peso do tempo, o peso da vida que arqueavam suas costas, essa mesma vida que branqueara seus cabelos, tornara frágil aquele homem que parecera nascido para lutar por um lugar ao sol, esse sol que brilhara tão pouco para ele.
De origem humilde, seu pai fora carroceiro e sua mãe findara sua vida no velho tanque da pequena casa da vila onde nascera, lavando roupas para fora. Júlio, apesar da pobreza em que vivia, crescera feliz nas brincadeira entre os meninos do bairro, Frequentara o Grupo Escolar, fizera sua primeira comunhão na Igreja Matriz, e sua maior alegria eram as matinês de domingo no Cine Ideal. Aos quatorze anos já trabalhava como entregador no armazém da esquina de sua casa, aos dezesseis passara a aprendiz de sapateiro, na sapataria de seu tio Mario, profissão que adotaria e levaria pela vida a fora, e que lhe proporcionaria o ganho para sustentar, embora modestamente, sua família.
Conhecera Maria, a que se tornaria sua esposa, numa quermesse da igreja de São Vito. Moça humilde, operária em uma tecelagem, e que, como ele, não tinha medo do trabalho,. Apaixonados, e como usava ser na época, namoraram, noivaram e só se casaram quando a casinha que os abrigaria estava mobiliada. Uma casa simples, que Maria cuidava com muito carinho. Os filhos foram nascendo, dois meninos e uma menina, e sempre foram a alegria e o orgulhos do casa. Cada um deles foi traçando seu próprio destino e aos poucos a casa que se enchera de risos com as crianças foi ficando novamente vazia na medida em que elas foram crescendo, casando, gerando seus próprios filhos. Alegria que voltava nos almoços de domingo, quando todos se reuniam..
Mas a vida levara-lhe um dia sua querida Maria e Julio sentiu então o peso da solidão, a dor de ser incompleto. O carinho dos filhos e netos não bastavam para arrefecer a saudade, a falta que sua companheira de tantas décadas fazia em sua vida. Acordava nas madrugadas sentindo a cama vazia, sentindo um frio na alma e quantas vezes, não conseguindo mais dormir, saia para a rua e ia sentar-se na pequena praça onde esperava o nascer do sol, como fizeram, Maria e ele, inúmeras vezes...
E os primeiros raios de sol iam encontrar aquele homem sentado no tosco banco sob a árvore da praça, olhos marejados de lágrimas, um meio sorriso abrindo-se no rosto triste e os lábios murmurando, como numa prece… “Bom dia, minha Maria, aonde quer que você esteja..."
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
MEUS POETAS DO CORAÇAO - Fernando Pessoa

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu?"
Deus sabe, porque o escreveu.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Basta-me um pequeno gesto...

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...
- mas só esse eu não farei.
Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...
- palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
- que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...
e um dia me acabarei.
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Uma sobremesa para quatro...
Resultado? Foi uma festa,... Rimos muito da carinha dele e, claro, tivemos que “fazer o enorme sacrifício” de ajuda-lo a devorar sua “pequena” sobremesa...
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
A semana começa com Drummond

Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.
O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê,
pra quê.
Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém, ninguém sabe nem saberá.
sábado, 4 de setembro de 2010
Cenas do fim de mais um verão...
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
O amor antigo...
O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige, nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.