O sol entra atrevido pelas frestas da janela, como que pedindo para que esta seja aberta de par em par, para que o lindo céu todo azul de primavera inunde os olhos meio atordoados com tanto brilho, ao despertar em plena manhã de terça-feira... A alma, agradecida por tanta vida, vai se espreguiçando e, pouco a pouco, vai despertando para um novo dia. A menina deixa que o corpo se espreguice também, antes de pular da cama, atendendo ao chamado da mãe que avisa o quanto já se faz tarde, dizendo que ela vai acabar por perder a hora do colégio.
Depois de uma rápida chuveirada e de um tempinho diante do espelho tentando compor o "look" do dia, tentando deixar-se ficar quase igual a todas as outras meninas do colégio - repararam como as meninas são quase todas iguais, hoje em dia? mesmo corte e alisamento de cabelo, mesmas roupas, mesma maquiagem, mesmas bijuterias? - a jovem desce as escadas correndo, beija a mãe e senta-se à mesa para o café. Só então nota os olhos vermelhos de tanto chorar da irmã mais velha. Sacode a cabecinha e, num gesto de ternura envolve a irmã num abraço, sem uma palavra. A mãe, assustada, pergunta o que está havendo e a jovem Maria Luíza diz que também não sabe, mas se a irmã chora, é porque está sofrendo e, se a irmã sofre, ela sofre também. Comovida, a mãe abraça as filhas pensando no poder de dramaticidade de uma adolescente ao sofrer sua primeira desilusão e em quantas vezes mais a filha choraria e em quantas tantas outras vezes voltaria a sorrir quando um sol de primavera voltasse a aquecer seu coração palpitante por uma nova (e imortal) paixão...
E lá fora, o lindo sol que banha a vida, indiferente aos dramas ou meio-dramas que aquece com seus raios, continua seu passeio pela terra...
3 comentários:
Um lindo texto amiga.
A vida é mesmo assimrenova-se todos os dias sendo a mesma de todas as épocas.
Um abraço
Elvira Carvalho
Obrigada, Elvira.
E vamos vivendo imaginando que só a nós as coisas acontecem, não é?
Um abraço e um bom dia
Ai Dulce! Hoje "tás assim tão nos antigamentes"! Esse piano me lembrou da vezes que fui ao Clube Ginástico almoçar com o Reis em dias de domingo, tão longínquos quanto esse teu café da manhã.
Essa cumplicidade familiar, esse desespero de quem jura que nunca mais vai se apaixonar... Nesses dias o sol nem deveria vir. É mesmo uma provocação.
beijos e aqui vento fresco primaveril.
Postar um comentário