Em uma gaveta, entre papéis esquecidos em uma velha pasta, alguns já amarelados pelo tempo, dormia uma receita antiga, muito antiga. Lembro-me de te-la copiado, ou melhor, anotado, para depois transcrevê-la no caderno que caprichosamente estava montando, de doces e salgados que minha mãe tão bem fazia para nos deliciar em cada refeição, em cada sobremesa. Minha mãe tinha mãos de fada para tudo que se referisse ao lar. Era uma mulher talhada para a família, para a criação dos filhos, para os cuidados para com meu pai... E como cozinhava!... Ainda hoje, quando provo algum prato daqueles que ela costumava fazer, feito por mim ou seja lá por quem for, fico com a sensação de que falta alguma coisa, uma pitada qualquer de sei lá o que. Na verdade, acho mesmo que falta o amor da mãe... rs... Ninguém cozinha como sua mãe cozinhava em seus tempos de criança... Isso não é um fato? O doce de abóbora, o arroz-doce, o bolinho de chuva das tardes de domingo, depois da matinê no cinema do bairro... E os bolos? Meu Deus!... Aqueles bolos! De fubá, de laranja, ou de nada... simplesmente um bolo, saído do forno para acompanhar o chocolate das tardes frias de um inverno sempre garoento...
A princípio cheguei a pensar que esse sentimento fosse coisa minha, mas aos poucos fui vendo que todo mundo acha que a mãe foi cozinheira de mão cheia. Se até Drummond assim o disse!... Bom, na verdade, a senhora mãe de nosso poeta maior era lá das Minas Gerais, terra de quitutes e quitandas de dar água na boca, da comidinha com gosto de quero mais... Mas acho que com o passar do tempo, ele chegou, como eu, à conclusão de que comidinha de mãe é sinônimo de amor. Vejam estes versos:
Suas Mãos
Aquele doce que ela faz
quem mais saberia faz-lo?
Tentam, insistem, caprichando.
Mandam vir o leite mais nobre.
Ovos de qualidade são os mesmos,
manteiga, a mesma,
iguais açúcar e canela.
É tudo igual. As mãos (as mães?)
são diferentes.
(Carlos Drummond de Andrade)
15 comentários:
Completamente verdade! Ai, as mãos das nossas mães... Há dias tentei fazer doce de papaia, como ela fazia e pela receita dela...mas, distante mil anos de luz...Não há que ver...falta o seu amor!!
Beijo e boa semana.
Graça
Dulce, demorei um pouco, mas retornei para encontrar aqui todas essas doçuras, que fazem a vida ficar sempre mais apetitosa; que delícia!!
Beijos pra você
Sim, minha querida Amiga,que melhor comidinha?
A minha irmã Guida reuniu um livrinho
de receitas da nossa Mãe e deu aos sobrinhos,no antigo Dia da Mãe(8 Dez)
chamando-lhe: Receitas da Avó Teté.
Eles adoraram e nós...tb.
Beijo.
isa.
Amiga Dulce.De volta ao blog depois de férias,venho ler algo que ainda hoje sinto saudades,o cozinhar da mãe.Por vezes quero fazer uma coisa que gostava tanto, a sopa de feijão verde...sabe nunca fica igual,falta o saber dela.
Beijos:))
Não tenho lembranças tão variadas, que a mãe lá de casa não era de forno e fogão. Era mais a avó. O único doce que me recordo era o rocambole de pão de ló, feito pelo Natal, mas quem batia as claras em castelo era mesmo a avó. Eu lambia a tigela da massa, é claro.
Beijos em tarde indecisa, quanto à temperatura e outros bichos.
Claro que foram sempre as nossas mães!!!
Quanto a mim ,hoje é para dizer que estou de volta depois de 1 semana em Paris e 2 nas terras da beira Baixa por onde nasceu Cabral ...
Beijinhos
Quina
Graça Pereira
Um amor que vive em nós, para sempre, não é mesmo, Graça? E uma eterna saudade.
Beijos e um bom dia
Maria Teresa
E que bom te-la de volta! Seja muito bem vinda.
Beijos e um bom dia.
Isa
Uma excelente idéia que há de preservar o sabor do amor da avó para com filhos e netos.
Beijos e um bom dia
Agulheta
Que bom te-la de volta, Lisa. Seja muito bem vinda.
Ah, minha mãe também fazia sopas maravilhosas com receitas trazidas daí de Portugal... Que saudades das nossas noites de inverno aquecidas com as sopas maravilhosas que ela sabia tão bem preparar...
Beijos e um bom dia
Pitanga Doce
Comi dizem que avó é mãe duas vezes, ou mãe com açúcar, fica tudo certinho, né, não?
Será que era a mesma receita de rocambole que minha mãe fazia? Era uma delícia!... E as rabanadas? Ai, meu Deus, que manjar dos deuses... rs...
Beijos e um bom dia
Idanhense Sonhadora
Seja muito bem vinda, Quina. Bom demais te-la de novo por aqui.
Paris, é? Menina, que coisa mais boa!!! E somando-se ainda a visita ao berço de Cabral... Que bom que teve esse tempo de passeio.
Beijos e um bom dia
Dulce, as rabanadas eram de vinho, bem à moda do Porto. Era tudo tão artesanal e deixava a casa perfumada. O vinho era fervido e havia um pauzinho de canela, casca de laranja...agora não há mais nada, Dulce.
Beijos em noite sem jeito de agosto.
Dulceee! Tiraste as letrinhas???
Pitanga Doce
Pois é, amiga, até os doces mudaram. Agora tudo é industrializado...
Sim, tirei as letrinhas. Mais uma tentativa, vamos ver. Até agora só uns poucos spams que, se continuar assim está contornável. rs... O Blogger tem um anti-spam que não filtra os dito-cujos. hehehehe
Beijos e um bom dia
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