(No lugar da antiga fazenda, o Residencial...)
A família de meu pai veio da Ilha da Madeira para a região de Campinas, no começo do século passado, para trabalhar nas fazendas de café, Meus avós traziam os filhos ainda pequenos, que cedo começaram a ajudar no trabalho - me pai contava que aos sete anos já ia com o pai e o irmão mais velho para a roça. Aqui cresceram, dentro de uma educação rígida e voltada para o trabalho, um trabalho duro, insano, de sol a sol, até resolverem mudar para São Paulo e tentar uma vida menos dura, com mais chance de crescimento profissional para os filhos.
E com que emoção meu pai, muitos anos depois, nas nossas noites ao redor da enorme mesa da sala de jantar, lá no velho casarão, contava-nos histórias desses tempos na fazenda, das agruras e das alegrias daqueles dias passados entre o árduo trabalho no campo e os momentos de descontração dos bailes de sábado, o ponto alto das diversões dos rapazes e moças do lugar. Gostava de contar como andavam distâncias muito longas para irem a esses bailes que sempre aconteciam em fazendas diferentes; dançavam a noite toda e nem sentiam cansaço... Era só alegria, essa alegria tão própria da juventude. Contava também que a fazenda que ele mais gostava era a do Chapadão, onde os bailes eram os mais animados...
O mundo vai lá dando suas voltas, o tempo vai passando e eis-me aqui, na antiga Fazenda Chapadão, hoje transformada em um bairro bonito, bem cuidado, onde meu filho mais velho (coincidência) mora com a familia, num residencial que leva o nome da própria fazenda... E ontem, embevecida, enquanto ouvia meu neto tocando Beatles ao violão e fazendo dueto com meu filho em lindas canções, só pensava em meu pai, em como ele adoraria estar aqui, neste lugar que lhe era tão caro, desfrutando de um momento de paz, de harmonia, de familia, exatamente como ele tanto gostava... Imaginava-o sorrindo, meneando a cabeça em assentimento, olhos brilhando a dizer: "sim senhor!... quem diria?... olha eu aqui, de novo, no Chapadão, vivendo um momento de alegria..."
E na estranha sensação que me envolvia, cheguei mesmo a pensar que ele bem que poderia estar sentadinho na poltrona ao lado...
8 comentários:
Olá amiga Dulce!
Linda postagem,uma história real,que a leva ao passado...
Recordar é viver!!!
Beijinhos de carinho e amizade,
Lourenço
Louro
É verdade, Lourenço... essas lembranças tão caras ao coração são verdadeiras viagens pelo tempo...
Beijos e muito obrigada.
Minha querida Dulce,e estava sim,
sentado a seu lado,ouvindo embevecido o som do violão e a voz do seu filho.
Há factos acontecendo "porque sim"!
E o nome da roça,o bairro de agora,
td está certo!
Como me emociono ao lê-la e como me sabe bem!
Beijo.
isa.
PS:- A Maria está mt engraçada.Só 2 anos e viva e esperta!
Já faz companhia.Acredite.
O Sebastião mais crescido,esse então é um companheiro estupendo!
DULCE, bem posso imaginar as lembranças e a saudade que esses momentos lhe trazem.
Beijos, amiga.
Isa
Pois, minha amiga, certos momentos são únicos, não é mesmo?
Seus netinhos estão crescendo rapidamente e a cada dia são mesmo mais companhia e mais encanto. Netos são bençãos da vida...
Beijos e uma linda noite para você.
Paloma
São momentos especiais, são saudades doces...
Beijos e uma ótima noite para você.
Que historia legal, Dona Dulce! Gostei :-)
Um beijo
Urbano
Obrigada! que bom que gostou. Essas histórias são sempre carregadas de saudades.
Beijos
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