Que saudade de mim!...

Eu, hoje, estou morrendo de saudade de mim... saudade de meus sonhos, de minhas alegrias, de minhas esperanças... Sim, ainda sonho! Claro que sim! Ainda tenho alegrias e esperanças, sim, mas já não vêm me aconchegar tão facilmente, já não têm a mesma leveza. Já não trago a alma desavisada; anda meio desconfiada. Já não tenho o riso solto, fácil de se abrir em gargalhada, já não danço à noite, sozinha no terraço, sob a luz da lua...

E como faz tempo que não vago pela casa nas madrugadas insones, pensando versos ao som de doce música, ou que não converso com as estrelas, que não namoro a lua... Pouco a pouco esses pequenos grandes prazeres foram ficando esquecidos. Uma coisinha aqui, outra ali, e a alma vai se partindo, exatamente como o vaso que a criada descuidada dos versos de Pessoa deixou cair pela escada abaixo, transformando-se em cacos...  

Ai, que saudade de mim!...