floquinhos

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Sobre madrugadas...

Aprendi a gostar das madrugadas insones e a fazer delas um tempo só meu, um tempo de reflexões, de calma, um tempo para estar comigo mesma, para conversar com minha alma, para deslindar meus próprios segredos, enfim, um tempo que ando usando para me conhecer melhor. E como cheguei a isso? Ah, é uma longa história que começou com o agravamento do estado de saúde de meu marido, há seis anos, Preocupada, tensa, o sono passou a me abandonar quando acordava no meio da noite e então, para não atrapalhar o sono dele, eu ia para a sala, passando antes pela cozinha para preparar um chá. Sentava-me na poltrona para ler, ouvir musica, mas sempre acabava tendo longas conversas comigo mesma, tentando buscar forcas para o que eu sabia que estava por vir. E fui aprendendo caminhos para a serenidade tão necessária sempre, mas principalmente em momentos difíceis e que me permitiu depois que ele partiu continuar minha jornada sozinha, mas longe da solidão.
E é também na madrugada que prefiro escrever, porque a alma está mais sensível, o coração está mais aberto a confidências, o espírito está mais solto. É quando caminho pelo tempo em busca de minhas mais doces ou sofridas lembranças, é quando me permito o reencontro com meus amores que foram encontrando seu ponto de destino ao longo de meu caminhar, meus doces e queridos fantasmas que nunca me assombram, mas sempre me acolhem para longas conversas cheias de recordações, saudades. Assim, minhas madrugadas podem ser de saudades, de esperança, de reviver momentos, mas quase nunca de tristeza. Podem ser de musica, de poesia, de simples leitura, de recolhimento, enfim, um tempo único a cada vez que o sono não se chega a mim, e que sempre termina num café tomado enquanto me deslumbro com o nascer do sol em manhãs claras ou mesmo em apenas perceber a escuridão da noite ir se afastando mais lentamente quando o tempo amanhece enfarruscado...
Ah, ainda falaremos muito sobre minhas madrugadas, meu ponto de encontro com minha alma rebelde e insana, alma , aliás, que certamente será tema para muitas conversas neste meu cantinho virtual.

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