floquinhos

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Só um pensamento...


Quando a palavra fica de mal com a gente, quando a inspiração resolve ficar encolhida no fundo da alma, quando por mais que tentemos não conseguimos encontrar o que dizer, melhor buscar a palavra e a sensibilidade de quem foi mestre na arte de escrever, de pensar, de encantar...
Por isso trago hoje para vocês mais um pensamento de um dos meus escritores do coração:

"A imaginação oferece às pessoas consolação por aquilo que não podem ser e humor por aquilo que efectivamente são."

(Albert Camus)

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Um café ao entardecer...


Temos tido por aqui agradabilíssimas tardes de verão, quando a brisa chega refrescante, como um convite a um passeio. Por isso resolvemos, minha filha e eu, sairmos após o jantar para um café no Starbucks.
Já nos acomodáramos em uma mesa e começavamos a tomar nossos cafés quando minha filha chamou minha atenção para quatro lindas senhorinhas que, sentadas nos bancos da calçada do café, conversavam e riam animadamente. Em tom de brincadeira minha filha comentou comigo que "as velhinhas" deveriam estar revivendo momentos...
E, ao olhá-las, dando asas a minha imaginação, pus-me a pensar no quanto aquelas mulheres teriam vivido de bom ou de ruím ao longo de seus caminhares. Teriam sido, talvez, umas das tantas adolescentes que vibraram nos teatros de então com as apresentações do meu querido Elvis? Ou das que dançaram nos clubes ao som de Bill Halley e seus Cometas, vestindo saias rodadas, blusinhas de mangas curtas e dobradas, golinha levantada, ostentando graciosos lencinhos amarrados ao pescoço e nos pés as famosas meias soquetes, dobradas? As meninas que, invejosamente víamos nos filmes das matinês de domingo, nos cinemas do bairro e cujo modo de ser e de vestir tentávamos até copiar?
Mas seriam, talvez, também umas daquelas tristes meninas que perderiam um irmão, noivo um marido, numa das infindáveis guerras que este país sempre luta pelo mundo? Ou talvez ainda, ao longo das últimas décadas, tenham sido uma das mães ou avós de outros rapazes que tombaram (e tombam) pelos ideais de seu governo? Como imaginar o que cada uma delas teria para contar para agradecer, para lamentar?...

O fato é que, naquele momento, eram só quatro velhas amigas tagarelando suas histórias, falando sobre seus dias, descontraídas, muito de bem com a vida, na calçada de um café ao cair de uma enluarada noite de verão, no centro de uma pequena e aprazível cidade americana, exatamente como as vemos nas telas dos cinemas...
Mais um pequeno retrato da vida, para meu album de lembranças


terça-feira, 27 de julho de 2010

Quando a alma se retrai...


A palavra anda de mal comigo... Ou será que é a minha alma quem anda se encolhendo, numa dessas fases de não achar graça em nada? Imaginem vocês que ontem, aproveitando que os kids ainda não voltaram da viagem de férias a casa dos avós paternos na Suécia, resolvemos, minha filha e eu, sair para jantar. Pois não é que, na volta, havia uma lua lá no céu de enbriagar qualquer alma? Dessas de "Blue Moon", de fazer até o mais realista dos mortais pensar em sonhar e eu, euzinha, que amoleço só de ver uma luazinha minguante brilhando na noite, eu, que adoro namorar a lua, fazer dela minha confidente, minha companhia para as noites solitárias, apenas olhei para todo aquele explendor murmurando "que lindo, meu Deus" , fechando meus olhos e permitindo que minha alma se encolhese dentro de mim ao invés de ficar cantando e dançando pelos espacos da noite como costuma fazer sempre que há um intenso luar?... E, ao chegar em casa, ao invés de vir para o micro e extravasar toda a ternura que essas noites mágicas sempre criam em mim, simplemente sentei-ma para assistir um filme que já havia visto antes?
Well!... creio que seja hora de reciclar sentimentos, de acordar velhos sonhos ou inventar novos, antes que a magia que sempre viveu em mim resolva ir morar em outras plagas... Porque ai, o mundo ficaria muito sem graça...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ah, as nossas dúvidas...


"Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar."

(William Sakespeare)


domingo, 25 de julho de 2010

Um domingo , uma cidade em calma...


Lindo domingo de verão, o sol esparramando-se por entre as copas das árvores do bosque tentando alcançar o solo ainda úmido do orvalho da noite. Quase meio-dia, e nesta hora até o canto dos pássaros diminui, pois, imagino, eles vão buscar a sombra amiga e refrescante entre as folhas, hora também em que o movimento sempre tranqulo dos carros que passam em frente a casa aumenta um pouco, visto que os moradores estão voltando de seus cultos ou missas dominicais. Depois, reunem-se para o almoço em família e só ao entardecer surge o alarido das crianças que passam em suas bicicletas ou saem para o gramado das casas para um joguinho de baseball ou basquete entre amigos. Como estamos em julho, época das férias de verão, a cidade se esvazia um pouco e só no começo de setembro volta a seu rítmo normal.
Se nosso Drummond estivesse sentado no banco do jardim, olharia o céu azul manchado de nuvens que já prenunciam chuvas de verão para mais tarde,, cofiaria os ralos cabelos e, ao lembrar-se de sua pequena cidade natal repitiria: "Eta vida besta, meu Deus..." rs... E eu, bicho de cidade grande, lembrando de minha agitadíssima Sampa, respiro a calma do lugar, a beleza do dia e digo lá para os meus botões: "pode até ser meio besta, mas tá bom demais!..."

sábado, 24 de julho de 2010

Entre o poeta e o leitor...


O SILÊNCIO

"Convivência entre o poeta e o leitor, só no silêncio da leitura a sós. A sós, os dois. Isto é, livro e leitor. Este não quer saber de terceiros, não quer que interpretem, que cantem, que dancem um poema. O verdadeiro amador de poemas ama em silêncio..."

(Mario Quintana)

quinta-feira, 22 de julho de 2010

As flores que enfeitam o jardim da casa...

(Este é o ponto de entrada da loja - na verdade, uma das lojas Mahones))

Um dos passatempos prediletos de minha filha é jardinagem, por isso, nesta época do ano, ela sempre reserva um tempinho para cuidar de seu pequeno jardim. Enquanto estou por aqui, cabe-me a tarefa de rega-lo pela manhã e ao entardecer, o que me dá também grande prazer.
E para que seu jardim fique sempre bonito, assim que algumas flores começam a morrer, vamos a uma loja de plantas comprar outras para substitui-las. E que loja, meus amigos!... É um encanto andar entre tantas e tão variadas flores, tantas plantas e folhagens diferentes, tantos vasos de temperos aromáticos, uma delicia. Para quem gosta de flores como eu, é um alumbramento ir caminhando entre as diversas espécies, sentindo seus aromas, tocando levemente em sas pétalas e folhas, sentindo suas texturas.
Selecionei algumas fotos para colocar aqui, das muitas e muitas que lá tirei. A maioria delas de flores que vão adornar meu blog por muito tempo. Se clicarem nas imagens, poderão apreciar melhor...

São tantas as variedade que fica dificil escolher.


Guardei estas imagens para que vissem algumas flores diferentes e um lindo pé de morangos, já com flores. E no canto superior direito, Angélica cuida de seu pequeno jardim.


E, para terminar, ofereço a vocês esta linda rosa branca, a John Kennedy, colhida de uma roseira que cresce agora aqui, no jardim da casa.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Conforme prometido...

Em uma postagem anterior, falando sobre um passeio a Salem, prometi que, assim que meu laptop voltasse do conserto eu colocaria algumas fotos tiradas no centro histórico/turístico da cidade e como o prometido é devido, aqui estão elas. Vale a pena clicar nas fotos para uma melhor visão.

O centro turístico e histórico de Salem

1 - Mobiliario chinês, com entalhes em marfim / 2 - Réplica em miniatura do Taj Mahal, em alabastro
3 - Um dente de elefante (marfim), completamente esculpito 4 - Detalhes dessa minuciosa escultura

1 - Na parte destinada as crianças, um grande painel com aves naturais do país, empalhadas
2 - Uma das salas do museu

Nossa visita, esta vez, foi apenas ao Centro Histórico e a parte do Pem (Peabody Essex Museum), porque as meninas da Ofrit estavam conosco e não achamos conveniente visitar o Museu das Bruxas com elas. Ficou para uma outra vez porque, na verdade, parece que a cidade ainda gira em torno dessa parte da história. E fico imaginando um Halloween em Salem... Deve ser arrepiante, ou, no mínimo, fascinante, dependendo da sensibilidade de cada um.

Poesia numa manhã azul...

(Lindas dálias amarelas para vocês)

No doce amanhecer de mais um dia de verão, quando a calma parece imperar no mundo - e sei bem que apenas parece - busco um poema de Quintana para completar o momento.

AMOR É SÍNTESE

Por favor, não me analise
Não fique procurando cada ponto fraco meu.
Se ninguém resiste a uma análise profunda,
Quanto mais eu...

Ciumento, exigente, inseguro, carente
Todo cheio de marcas que a vida deixou
Vejo em cada grito de exigência
Um pedido de carência, um pedido de amor.

Amor é síntese
É uma integração de dados
Não há que tirar nem pôr
Não me corte em fatias
Ninguém consegue abraçar um pedaço
Me envolva todo em seus braços
E eu serei o perfeito amor.

(Mario Quintana)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Porque cada pessoa é única...


"Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso."

(Charles Chaplin)

domingo, 18 de julho de 2010

Uma visita a Salem...


Uma das coisas que gosto, e muito, nesta região do país, a Nova Inglaterra, é a forma como a história, usos e costumes de seus antepassados são preservados. Tive, em minhas outras vindas, a aportunidade de visitar museus que recriam a história, permitindo-nos viajar no tempo através de suas construções, como, por exemplo, The Plymouth Plantation, a réplica da primeira vila de pioneiros, chegados no Mayflower, e a aldeia dos Wampanoags, os índios que os ajudaram em sua adaptção a terra (para ver, ou rever as fotos é só clicar no link), E os museus mais tradicionais, como o Fine Arts Museum, de Boston, simplemsnte maravilhoso. E, para além dos museus, um aquário imenso, um lugar muito especial, o New England Aquarium, também em Boston, alguns zoos e parques, enfim, lugares que nos propiciam visitas culturais e educativas de não mais esquecer. Como não vou nunca esquecer nosso passeio ao alto mar para ver baleias em seu habitat natural.
Ontem fomos a Salem. E quem não ouviu falar de Salem e de suas bruxas? Uma parte da história bem dolorida, mas ainda assim, preservada em seu centro histórico/turístico, em seu Museu das Bruxas. Centro histórico que abriga ainda o PEM (Peabody Essex Museum), uma notável coleção de objetos da India, China, Japão, Coréia, Estados Unidos, entre outros paízes, fundado pelos mercadores de Essex, em 1799 para abrigar os objetos de arte trazidos em suas viagens através do mundo. Um alumbramento para quem gosta de arte e decoração. Mais um momento a não mais esquecer...

Claro que tirei fotos, mas só vou poder publica-las no final de semana, quando devo ter meu laptop de volta. Pois é, ele cismou de empacar e tive que manda-lo para a Apple, para conserto. Temporariamente estou usando meu antigo laptop que tinha deixado aqui por já estar obsoleto, mas, mesmo velhinho, tem sido meu companheiro e tem dado conta do recado, porém, como o programa de fotos está avariado, fico devendo (e prometo) as fotos deste incrível passeio, que serão postadas assim que tiver meu notebook de volta.

sábado, 17 de julho de 2010

Num sábado de verão...


O sábado amanheceu luminoso e ao abrir a janela dei com o sol banhando as copas das árvores, cujas folhas ainda molhadas pelas chuvas da noite refletiam sua luz. O canto dos pássaros, o grasnar dos corvos, o pio das corujas, misturando-se em uma sinfonia para uma manhã azul... Mas o céu foi ficando pouco a pouco encoberto e já não se ouve nem o grasnar dos corvos que devem ter alçado voo para outro recanto do bosque, a coruja calou-se, já que ave noturna; deve ter-se recolhido ao ninho, e os pássaros, suponho, sairam em busca de ares mais distantes...
E porque hoje é sábado e, mais do que isso, porque é verão, e verão para as gentes daqui é tempo sagrado de passeios e viagens, e não tendo como viajar porque minha filha não tem férias nesta época do ano, então resolvemos, pelo menos, passear. Vamos visitar mais um dos incríveis museus que existem aqui na Nova Inglaterra, mas deixo para contar depois, na volta, ou, dependendo do horário em que voltarmos, conto amanhã. Por hora, fiquem com meus votos para um sábado maravilhoso, com muito sol, esteja você onde estiver, sob um sol de verão ou sob um doce sol de inverno.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Perder-se dentro de si?


Deparei-me, hoje, com uma frase de Clarice Lispector que me fez pensar... Na verdade, toda a literatura de Clarice cala lá no fundo, aguça pensamentos, dá volta dentro de nós. Deixo-a aqui para que vocês a leiam e, se quiserem, a analisem, ou comentem..

"Tenho que ter paciência para não me perder dento de mim: vivo me perdendo de vista. Tenho que ter paciência porque sou vários caminhos, inclusive o fatal beco sem saída."

(Clarice Lispector)

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Na manhã cinzenta, poesia...


Cecília Meireles é sempre um bom momento de poesia. Então, hoje trago para vocês os versos escolhidos por minha minha inquieta, rebelde e sonhadora alma...

Aqui Está minha Vida

Aqui está minha vida - esta areia tão clara
com desenhos de andar dedicados ao vento.
Aqui está minha voz - esta concha vazia,
sombra de som curtindo o seu próprio lamento.
Aqui está minha dor - este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está minha herança - este mar solitário,
que de um lado era amor e, do outro, esquecimento.

(Cecilia Meireles)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Enquanto a chuva cai sobre a cidade...


A chuva cai mansamente sobre o gramado, escorre pelas folhas das árvores, dá um ár mais romântico ao refletir a luz dos carros que correm sobre o asfalto das ruas... Os pássaros continuam calados, certamente encolhidos e escondidos entre as copas das árvores, os esquilos não andam a cata de alimento em volta da casa e a casa, em si, só tem seu silêncio cortado pela música de Michael Bublê que encanta minha alma e um ou outro miadinho da Baby, a gata negra como uma pantera, que anda reinando por aqui.
E num dia assim, a alma pede sossego, calma, romance... Romance? Claro, porque não? Mas a esta altura da vida? Essa alma inquieta não se enxerga, não? Ah, não!... Definitivamente não!... Então vamos lá dar um "romance" a ela. Vou agora mesmo até a biblioteca da casa procurar um livro bem cheio de momentos , de encontros e desencontros, para que ela o leia. Ou então vou reler Lya Luft, para que ela se reencontre.
E a chuva continua caindo mansamente lá fora e torrencialmente dentro de mim, em forma de lembranças, saudades, sonhos...

terça-feira, 13 de julho de 2010

O que te posso dar...


Canção na plenitude

Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)

O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
e não menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força — que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés — mesmo se fogem — retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias.

(Lya Luft)

domingo, 11 de julho de 2010

As Pedras do Meio do Caminho...

Drummond cantava em seus versos que...

"no meio do caminho tinha uma pedra,
tinha uma pedra no meio do caminho..."

E a pedra dos caminhos de Drummond eram os obstáculos, os problemas... Hoje, quando fui caminhar no bosque, também achei uma pedra no meio do caminho, mas... ô pedra benfazeja! Ao invés de obstáculo foi um santo lugarzinho para poder sentar e descansar um pouquinho ao meio da caminhada... Na verdade, essas pedras, que vocês veem na foto abaixo, assinalam exatamente a linha divisória entre as cidades de Winchester e Medford, por onde o bosque se estende.

E, além das pedras no cminho, trouxe para vocês verem também a beleza do céu e das árvores refletinas no espelho formado pelas calmas águas do Brooks Pond.


E trago ainda a beleza dos raios de sol que, ao se espalharem sobre as plantas rasteiras ainda molhadas pela chuva de ontem, refletem uma paisagem prateada, linda demais...

(para ampliar, basta clicar nas fotos)

sábado, 10 de julho de 2010

Uma conclusão...


"Meu coração se transforma a cada experiência. Mas ainda palpita, sobressalta e se assusta. Ainda é vulnerável como quando eu tinha dez anos."

(Lya Luft)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

O Poeta de Meu Coração - 30 anos sem Vinícius.

Vinícius, com Toquinho, uma longa parceria...

Maria Teresa, do elegante blog "Ouvindo Meus Botões", numa excelente postagem, presta uma homenagem ao Vinícius de Moraes. Completam-se hoje trinta anos sem o nosso amado Poetinha, sem a sua poesia, sua música, sua alegria de viver e de amar... E sendo ele um dos mais queridos Poetas de Meu Coração, não poderia deixar de prestar também minha homenagem a quem tanta poesia colocou em meus caminhos, a quem tanta beleza espalhou pela minha vida a fora, com seus versos, sua sensibilidade, sua ternura.
Ah, quantas vezes usei palavras dele para expressar meus sentimentos, minhas dores, meus sonhos, meus sofreres!... Quantas vezes ele falou "por mim"...
Assim, minha homenagem e minha saudade ao nosso Vinicius e, como ele mesmo gostava de se despidir... Saravá, Vinícius!!!

E, para vocês, uma de suas poesias que vai lá no fundo de minha alma...

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

(Vinicius de Moraes)

Gibran Khalil Gibran - O amigo...

Para meus amigos, com carinho...

“Vosso amigo é a satisfação de vossas necessidades.
Ele é o campo que semeais com carinho e ceifais com agradecimento.
É vossa mesa e vossa lareira.
Pois ides a ele com vossa fome e o procurais em busca da paz.
Quando vosso amigo manifesta seu pensamento não temeis o “não” de vossa própria opinião, nem prendeis o sim.
E quando ele se cala, vosso coração continua a ouvir o seu coração.
Porque na amizade, todos os desejos, ideais, esperanças, nascem e são partilhadas sem palavras, numa alegria silenciosa..
Quando vos separais de vosso amigo, não vos aflijais.
Pois o que vós amais nele pode tornar-se mais claro na sua ausência, como para o alpinista a montanha aparece mais clara, vista da planície.
E que não haja outra finalidade na amizade a não ser o amadurecimento do espírito.
Pois o amor que procura outra coisa a não ser a revelação do seu próprio mistério não é amor, mas uma rede armada, e somente o inaproveitável é nela apanhado.

E que o melhor de vós próprio seja para vosso amigo.
Se ele deve conhecer o fluxo de vossa maré, que conheça também o seu refluxo.
Pois, que achais seja vosso amigo para que o procureis somente a fim de matar o tempo?
Procurai-o sempre com horas para viver.
Pois o papel do amigo é o de encher vossa necessidade e não vosso vazio.
E na doçura da amizade, que haja risos e o partilhar dos prazeres.
Pois no orvalho de pequenas coisas, o coração encontra sua manhã e se sente refrescado.”

(do livro; O PROFETA - Gibran Khalil Gibran)

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A vida está...


"É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem saber ver."

(Gabriel Garcia Marques)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Entre mim e mim...


Noções

Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.

Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.

Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.

Virei-me sobre a minha própria existência, e contemplei-a
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza.

Ó meu Deus, isto é a minha alma:
qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário,
como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera...

(Cecília Meireles)

terça-feira, 6 de julho de 2010

Faz tanto calor!...

O calor por aqui está ficando insuportável! Hoje foi aconselhado, pelo rádio que, se possível, as pessoas fiquem em suas casas, com os aparelhos de ar condicionado ligados... pode? Imagine só um conselho como este dado no Rio ou em Salvador! O povo por lá quer mais é curtir o sol e o calor das praias. Mesmo porque, estamos aqui em plenas férias de verão, quando muita gente viaja, embora agosto, sendo um mês ainda mais quente, é que provoca a debandada quase que geral... Aqui na casa, a vida segue normalmente, os meninos na escola de verão, a Angélica no trabalho e eu aqui aproveitando o momento para estar com vocês e, através de algumas fotos, traze-los até aqui neste verãozão que põe uma moleza no corpo, uma vontade de deitar na rede armada sob a proteção das árvores do bosque, assim, "al dolce fare niente"... rs... Mas não dá. Hoje é dia de passar umas horinhas na lavanderia, no basement (ainda bem que lá é bem fresquinho... Então, dexem-me mostrar-lhes umas fotos, antes de partir para a obrigação.
(Para ampliar, clique nas fotos)

Ainda a decoração do 4 de julho permanece nos jardins...

... e nas casas da cidade.

Esse aparato todo é para o corte de uma árvore, numa das casas. Para cortar um árvore que tenha crescido demais e esteja enconbrindo a casa, ou com problemas, além do aval da Prefeitura, paga-se uma quantia bem alta a companhia que vem remove-la. E esse aoarato todo requer, inclusive, a presença de um policial no local (não fotografado por motivos óbvios... rs...)

Em nosso passeio a pé na manhã de ontem, até o centro da cidade, os meninos pararam para sentir o delicioso perfume das rosas plantadas em uma das calçadas... Lindas demais...

E não pude resistir... Colhi (virtualmente, claro) a mais linda e perfumada delas, para oferecer aos amigos e leitores do prosa, com muito carinho.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A semana começa azul...

A segunda-feira amanhece azul, cheia de sol e o canto dos pássaros chega como perfeito complemento para um despertar... É feriado, por aqui, em comemoração ao Independence Day, que foi ontem, então as ruas estão mais quietas ainda do que costumam ser. A alma, em paz, me dá bom dia... E uma frase escrita por um homem que foi especial, pelo que nos legou com seus escritos, baila em minha cabeça:


"Em cada um de nós há um segredo, uma paisagem interior com planícies invioláveis, vales de silêncio e paraísos secretos ..."

(Antoine de Saint-Exupéry)

domingo, 4 de julho de 2010

No Independense Day...

Hoje é Quatro de Julho, the Independence Day, dia de festas e dos tradicionais "barbecues" que reunem amigos e familiares, nos gramados e quintais das casas, dia das queimas de fogos de artifícios, de bandeiras tremulando orgulhosamente em todos os lugares... Normalmente a bandeira americana já faz parte da paisagem diaria, hasteada em muitas casas, em lojas e centros comerciais, rotineiramente. Mas nas datas festivas elas imperam em todos os cantos. E em algumas cidades podem-se assistir ruidosas paradas, com carros enfeitados, bandas e muita alegria. Hoje é dia para muita festa e muita comemoração, por aqui. E como este povo (como nós) gosta muito de um feriado e o Quatro de Julho cai num domingo, o feriado muda para a segunda-feira e pronto...

E, continuando com os passeios por aqui, convido-os hoje a caminharem, num doce final de tarde, por esta tranquila e bem cuidada rua.

(para verem melhor, é só clicar na imagem)


Nesta rua bonita, tranquila, bem cuidada, fica a casa que me acolhe...

Aqui está ela. No canto lateral direito vocês podem ver a entrada para o bosque. Ah, meus amigos, para quem mora em uma cidade como São Paulo (ainda que seja na região em que moro, que é bastante arborizada) tanto verde assim é de deslumbrar, mesmo... E tudo isso a quinze ou vinte minutos do centro de Boston, uma cidade fantástica, cultural, elegante, vibrante...

sábado, 3 de julho de 2010

Vamos passear no bosque?


O gramado da casa que me abriga faz divisa com um lindo bosque onde costumamos fazer caminhadas. Vamos percorrendo as trilhas que nos levam a um pequeno, mas muito lindo lago, onde foi costruido uma espécie de mirante, todo em madeira, com bancos onde se pode descansar, ler, bater-papo ou, simplesmente, deixar-se ficar "al dolce fare niente", vendo o entardecer, pensando na vida...


E pelas trilhas, no caminho para o lago, vamos descobrindo belezas, como as delicada flores do campo que trago aqui para embelezar a manhã dos amigos e leitores do prosa...

E trago também para mostrar para vocês, como curiosidade, um dos vários hidrantes, pintados de vermelho, que ficam espalhados por todo o bosque, prontos para serem usados pelos bombeiros da cidade, ao menor sinal de incêncio. Há algumas outras curiosidades espalhadas por esse bosque, mas deixo para traze-las numa outra postagem. Por hoje ficam a ida ao lago e as flores que se encontram pelos caminhos. E, claro, ai está o lago...

Nota: - Para poder ver melhor cada um dos quadro, basta clicar na foto, para ampliar.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O sol, os pássaros, a poesia...

(Uma das trilhas do bosque que delimita os gramados das casas, a um lado da rua)

Acordo com o sol entrando pela janela, formando desenhos na parede do quarto... O canto dos pássaros no bosque atrás da casa é cortado pelo ruido de um avião que sobrevoa a cidade e que quebra um pouco o encantamento desta manhã azul. Saio da cama, vou até a janela para pode desfrutar um pouco mais da beleza desta manhã e, vendo o rendilhado dos raios de sol entre os galhos das árvores, as sombras desenhadas no chão formando arabescos, vão surgindo em minha minha memória alguns versos de Quintana...

Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!

Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...

Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...

Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!

(Mario Quintana)

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O dia começa azul...

(Uma vista da janela do meu quarto, nesta linda manhã)

O dia amanheceu esplêndido, todo azul, o sol entra pela janela e inunda o quarto com sua luz. No quarto ao lado os meninos já se preparam para ir a escola (na verdade, uma espécie de camping, que frequentam no verão). Apenas o barulho dos cortadores de grama, circulando pelo gramado da casa vizinha quebra a doçura da manhã, ou talvez nem seja isso, já que cortadores de grama funcionando nas manhãs daqui são absolutamente normais, dado o tamanho dos gramados. Há companhias de jardinagem que são contratadas para os cuidados com eles e o cultivo de muitos dos pequenos jardins que entornam as casas. Então, esse barulho já faz parte das manhãs, Assim começa mais um dia neste verão que ainda não está tão quente.