floquinhos

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A chuva cai la fora...


Onze horas de uma noite quente, abafada, indicando que não seria facil dormir. Mergulhada num livro, recostada em sua cama, no quarto que a acolhia quando estava naquela cidade, ela teve de repente sua atenção voltada para o barulho da chuva que finalmente chegava, batendo com força nas venezianas, caindo sobre o telhado, molhando jardins, praças e ruas, refrescando a noite.
Gostava da chuva. Gostava de ve-la cair, de ver suas gotas escorrendo nas vidraças, de dormir embalada por aquele barulhinho gostoso. Depôs o livro sobre a mesa de cabeceira, apagou o quebra-luz e deixou-se ficar envolvida, olhos fechados, ouvidos atentos ao cair da chuva la fora, mergulhando aos poucos em pensamentos, em saudades. em lembranças.

Numa doce sensação de aconchego, sentiu o sono ir chegando de mansinho, o barulhinho da chuva agora mais fraca ir ficando cada vez mais longe... ummmm, tão bom!... Foi quando o toque do celular veio tirar-la daquele doce torpor. Ao ver o numero que estava chamando, numa indecisão de momento, ficou sem saber se atendia ou não. Esperara tanto tempo por aquele telefonema e, no entanto, agora, ele lhe parecia tão sem sentido... Saiu da cama, aproximou-se da janela , entreabriu-a, deixando-se ficar ali, parada, olhos perdidos na chuva que caia sobre o gramado suavemente iluminado, até que o aparelhinho que segurava entre os dedos voltasse a ficar mudo.
E, perdendo a noção do tempo foi se deixando ficar ali, mergulhada em amargas lembranças, até que o cansaço a vencesse. Voltou para a cama com uma sensação de tristeza envolvendo-lhe a alma. Acendeu a luz, pegou o livro que deixara sobre a mesinha de cabeceira e tentou retomar a leitura, sabendo de antemão que teria mais uma daquelas solitárias noites de insônia...

4 comentários:

Lourdes disse...

Dulce
Um livro é sempre uma boa companhia para as noites de insónia, mesmo que tenhamos outras lembranças no pensamento. Se o livro fôr interessante,até é capaz de as fazer esquecer.
Beijinhos

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Lourdes

E verdade, e na maioria das vezes é o que acontece,
bjs

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Minha querida amiga Dulce,

Admiro a facilidade e a beleza com que escreve, mesmo que o facto não seja agradável(para mim seria um verdadeiro suplúcio não dormir), a Dulce envolve-me facilmente no conto como se fosse meu, como se eu estivesse no lugar do personagem.
Fantástico.

Beijos
Querida e doce amiga Dulce,

Para já parabéns pelo novo template...parabéns, ficou lindo.
Depois para lhe dizer que ainda nem tentei fazer o que me propus :(
mas fá-lo-ei.

O poema é como sempre mais do que belo.

Bfs
Beijos

UBIRAJARA COSTA JR disse...



É que se deixa a alma livre, para sonhar, para chorar, para sentir saudade e depois é só escrever o que ela sentiu... As vezes dou asas a minha imaginação, as vezes reproduzo o que me acontece, e assim a escrita vai acontecendo...
Mas minha amiga, você escreve textos belissimos... Gosto muito de ler seus escritos, Ná.

Beijos e boa noite