Em
sua crônica de hoje no jornal O Estado de São Paulo, Ignácio de Loyola Brandão
cita palavras de seu primo irmão, Zezé Brandão, sobre envelhecer. Achei
perfeitas e por isso transcrevo-as aqui, para os amigos e leitores do Prosa.
“Vamos
colecionando lembranças, gente querida que passou por nossas vidas, marcou, deu
adeus e se foi. .Às vezes, nos lembramos delas – um gesto, uma gargalhada, um
jeito de olhar, uma particularidade que cada uma tinha; então vem uma espécie
de carinho à tona, uma saudadezinha boa e meio dolorida, talvez de nós mesmos,
de quem fomos, de tempos que nem lembramos se foram ou não bons (na nostalgia,
na melancolia, na súbita falta que nos fazem, parecem ter sido). Deve ser isso
a velhice: um álbum em que as figurinhas vão desaparecendo uma a uma. Nos
quadradinhos vazios, colamos as ausências. E quando o folheamos – e cada vez o
folheamos mais – la estão todos os fantasmas de nosso passado, jovens, sorridentes
e felizes como também éramos. É, amigo, mais e mais tenho a consciência de que
nossas figurinhas ocuparão os espaços a elas reservados nas moldurinhas das
ausências. Só que aí já não abriremos mais o álbum da memória.)
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