quarta-feira, 9 de junho de 2010

Na sua quarta-feira, Guilherme de Almeida

Ausência

(Guilherme de Almeida)

Ausência, minha noiva de olhos baixos, minha
santa azul, cor de céu, cor de distância! Ausência,
que vem bater-me à porta, e me chama e caminha
comigo, passo a passo, ao longo da existência!

Fala - mas sua voz é um bojo silencioso;
olha - seu olhar oco esvazia uma vida;
passa - seu vulto é como o vácuo luminoso
que deixasse no céu uma estrela abolida...

Ela estende no espaço as asas transparentes
de horizonte a horizonte e, ascensional e clara,
branca de lua, entre as cidades diferentes,
desdobra o gesto vagaroso que separa.

Depois, escolhe do alto uma vida: e baixando
o voo de cristal, ela nos bate à porta,
pede pousada... E fica ali gesticulando
o seu gesto outonal de névoa e folha morta.

E ela deixa na vida, então, de que se apossa,
a ressonância que há numa caixa vazia:
e o coração tem medo de bater...
Ó Nossa
Senhora da Saudade e da Melancolia!

12 comentários:

  1. As ausências, às vezes, permanecem em nós como réstia de um brilho do passado que o presente se recusa a perder.

    Um beijo

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  2. Lidia Borges

    É exatamente isso! E ela nos envolve, nos acompanha para sempre.
    beijos e um bom dia para você.

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  3. Minha querida Dulce
    Simplesmente belo este poema.
    Adorei

    Beijinhos com carinho
    Sonhadora

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  4. Sonhadora

    Obrigada.
    Beijos e um bom dia para você

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  5. Boa noite Dulce,
    não conhecia este poema, lndíssimo, grata pela partilha, foi sem dúvida um belo momento de poesia.

    Beijinhos,
    Ana Martins

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  6. "E o coração tem medo de bater".

    Sim , porque se bate acorda e a ausência vem com toda a sua dor.

    Boa noite, amiga. Noite alta e branca...

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  7. Dulce:
    A ausência revestida de coisa etérea e transcendente parece ainda mais sentida. Lindo poema.
    Bjos

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  8. Ana Martins

    Sou eu quem agradece, Ana, pela sua presença neste cantinho.
    Beijos, obrigada e um bom dia para você

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  9. Pitanga Doce

    Bom dia, querida amiga! Ontem bateu sono mais cedo, coisas deste friozinho que se instalou por aqui, então...
    Beijos em dia bem próprio de junho, frio, garoento e enfarruscado.

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  10. Maria Teresa

    Só a alma de um poeta para colocar beleza numa ausência, não é?
    Beijos e bom dia.

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  11. Bom dia Dulce! Hoje é NOSSO DIA! Vai ao Pitanga.

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  12. Bom dia Dulce. Hoje é o NOSSO DIA! Vai ao Pitanga!

    beijos

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