quarta-feira, 5 de maio de 2010

Como o vento largo...


NOÇÕES

Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para navegação dos meus desejos afligidos.

Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.

Mas nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.

Virei-me sobre a minha própria existência, e contemplei-a.
Minha virtude era essa errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza.

Oh! meu Deus, isto é a minha alma:
qualquer coisa que flutua entre este corpo efêmero e precário,
como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera...

(Cecília Meireles)

8 comentários:

  1. Querida Dulce. Que bem escreve os sentimentos Cecília!Em cada palavra é um sopro do que alimenta a alma.
    Beijinho de amizade Lisa

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  2. Que lindo es descubrir tus versos.. que gusto si visitarte de nuevo.

    un beso.

    Un abrazo
    Saludos fraternos de siempre..

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  3. Agulheta

    É verdade, minha amiga. Puro sentimento, emoção.
    beijos e boa noite para você

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  4. Adolfo Payés

    E que bom te-lo por aqui de novo...
    Um abraço

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  5. Olá linda Dulce!
    Encantas nosso dia com essas belas poesias, assim jamais serão esquecidas...Grande Cecília!
    Bjs
    Mila

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  6. Ola, Mila

    Cecília é sempre encanto, sim.
    Beijos e obrigada.

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  7. Olá Dulce!

    É extraordinário, e porventura estranho, que nós nos consigamos situar fora de nós mesmos, e fazermos a nosso própria análise - como se existissem duas pessoas ou entidades dentro de nós!E essa análise, está aqui lindamente feita.
    beijinhos.
    Vitor

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  8. Vitor Chuva

    Pois é, Vitor, não é fácil, nem sempre é possível, mas um encontro com si mesmo abre espaço para o auto conhecimento.
    Beijos

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