quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Uma poesia para esta manhã chuvosa...


Vimos a lua

Vimos a lua nascer na tarde clara.

Orvalhavam diamantes, as tranças aéreas das ondas
e as janelas abriram-se para florestas cheias de cigarras.

Vimos também a nuvem nascer no fim do oeste.
Ninguém lhe dava importância.
Parece uma pena solta - diziam.
Uma flor desfolhada.

Vimos a lua nascer na tarde clara.
Subia com seu diadema transparente,
vagarosa, suportando tanta glória.

Mas a nuvem pequena corria veloz pelo céu.
Reuniu exércitos de lá parda,
levantou por todos os lado o arvoroto da sombra.

Quando quisemos outra vez luar
ouvimos a chuva precipitar-se nas vidraças
e a floresta debater-se com o vento.

Por detrás das nuvens, porém,
sabíamos que durava, gloriosa e intacta, a lua

(Cecília Meireles)

16 comentários:

  1. ...Dulce querida linda
    Cecília Meireles encanta
    quaisquer manhãs,
    de chuva ou sol,
    porque ela é a poesia.

    smackssssssss procê!

    ResponderExcluir
  2. Vivian

    Tem toda razão, minha amiga. Cecilia é para qualquer tempo...
    Beijos e linda tarde

    ResponderExcluir
  3. (obrigado por passar no blog e deixar seu comentário carinhoso. Você é uma pessoa muito especial)
    (...)
    ...simplesmente magnifica. Invejável poesia. Amo Cecília...e ti nos tem presenteado com textos maravilhosos dela. (a frase de chaplin em post anterior também é fantástica).
    Nesse semestre, escolhi um grupo de estágio que trata da arte como ferramenta da psicologia. Além do tema, a bibliografia do estagio brilhou-me aos olhos, que entre outros tem Machado de Assis e Cecília Meireles.

    No feriado, vasculhando o 'baú de recortes' encontrei um com uma sinopse de um livro sobre a Cecília:
    Farpas da lira. O autor, em trabalho de tese publicado como um livro, pesquisou trabalhos de Cecília quando esta ainda trabalhava no Diario do Povo (hum...acho que esse mesmo, jornal em que era colunista e ativista contra o sistema de ensino, do governo W.Luis e de Vargas também.
    Foram mais de 700 artigos publicados e todos investigados pelo autor, alem de outros. Sabado, saio em peregrinação para localizar tal livro...em sebos.
    com carinho...abraço e beijos.
    Julio & L.

    ResponderExcluir
  4. Boa tarde.
    meu pai, que era professor, tinha por hábito ler poesias para a gente. Essa era uma delas.
    Adoro Cecília meireles.
    FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER... deseja um bom dia para você.
    Saudações Florestais !

    ResponderExcluir
  5. Querida Dulce.Mesmo com chuva,as palavras de Cecília são um bálsamo de primavera...aqui está outra poeta que adoro.
    Beijinho de amizade Lisa

    ResponderExcluir
  6. Júlio César,
    Obrigada, você é um amigo muito gentil.
    Fico feliz que tenha gostado dos posts e Cecília é sim maravilhosa.
    Magnifico esse seu trabalho, e espero que a peregrinação aos sebos seja proveitosa e que encontre o que procura.
    Beijos, obrigada e boa noite

    ResponderExcluir
  7. Silvana Nunes

    Que coisa linda imaginar seu pai lenso poemas, lendo Cecilia para os filhos.
    Obrigada e muito boa noite para você.
    Beijos

    ResponderExcluir
  8. Lisa

    Acho que a chuva cria um clima delicioso e especial onde cabe bem a poesia, ainda mais sendo Cecilia...
    Beijinhos e boa noite.

    ResponderExcluir
  9. Dulce:
    Como a lua sempre se reflete inteira, ela inspira maravilhas, como o poema de Cecília. E nós vamos palmilhando as doçuras de sua luminosidade e nos preenchendo de sabor.
    Beijos

    ResponderExcluir
  10. Por aqui, o tempo também é de chuva e o frio ainda não nos disse adeus, por isso, este poema da grande Cecilia Meireles, aquece um pouco as nossas almas e põe-nos de novo na expectativa da chegada da gloriosa lua.
    Um beijo amigo
    Graça

    ResponderExcluir
  11. Dulce.
    Sempre passo por aqui para ler suas postagens e hoje resolvi entrar para te dizer que adorei a poesia de Cecília que você nos trouxe.
    Cecília é sempre bem vinda!!
    Beijos,

    ResponderExcluir
  12. Dulce;

    Quando falas da lua vem-me sempre ao pensamento, isto...

    "Não há, ó gente, oh! Não, luar como esse do sertão
    Não há, ó gente, oh! Não, luar como esse do sertão

    Oh que saudade do luar da minha terra
    Lá na serra branquejando, folhas secas pelo chão
    Este luar cá da cidade tão escuro
    Não tem aquela saudade, do luar lá do sertão!
    Se a lua nasce por detras da verde mata
    Mais parece um sol de prata, prateando a solidão
    E a gente pega na viola e ponteia
    E a canção e a lua cheia, a nascer no coração

    Não há, ó gente, oh! Não, luar como esse do sertão
    Não há, ó gente, oh! Não, luar como esse do sertão

    REFRÃO
    Quando vermelha no sertão desponta a lua
    Dentro da alma flutua, tambem rubra nasce a dor
    E a lua sobe e o sangue muda em claridade
    E a nossa dor muda em saudade
    Branca assim da mesma cor..."

    bjs, Dulce.
    Osvaldo

    ResponderExcluir
  13. Maria Tereza

    Costumo dizer que tenho uma história de cumplicidade com a lua, tal o encanto que ele produz em mim. E Percebi que isso acontece muito, entre muita gente e Dona Lua...
    Beijos e bom dia

    ResponderExcluir
  14. Graça Pereira

    Assim são os poemas de Cecília, assim é o encanto da lua. Ambas nos aquecem a alma, em quaquer estação do ano, sob quaisquer temperaturas...
    Beijos e bom dia

    ResponderExcluir
  15. Heli

    Sempre fico feliz quando chega por aqui e mais ainda quando resolve deixar uma palavrinha (sempre) amiga.
    Obrigada, beijos e bom dia.

    ResponderExcluir
  16. Osvaldo

    Ah, meu amigo, agora você conseguiu tocar meu coração lá no fundo!...
    Meu pai, criado nas fazendas de café lá do interior de SP, onde meu avô chegou com a familia como imigrante, na segunda década do século passado, adorava essa música e (lembrava-lhe seus tempos de meninice), quantas e quantas vezes eu o ouvia canta-la, acompanhando-se ao violão... Que saudade!...
    Obrigada, amigo, por me permitir essa volta no tempo e a presença amiga e querida de meu pai em meu pensamento mais doce.
    Beijos e bom dia

    ResponderExcluir