quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Neste mês de dezembro...


Há dias em que a cabeça parece estar vazia, os pensamentos quedam-se quietinhos, falando baixinho, de si para si, lá num cantinho da alma, como se não quisessem que eu os ouvisse e os repreendesse, porque são um tantinho malucos... A casa tem um ar de saudade, ou de nostalgia, como preferir, e nem o sol que brilha lá fora consegue iluminar o dia.
Talvez a dualidade que se faz em mim com a aproximação do Natal, talvez esse estar mais só num tempo que era nosso, talvez (e nem eu mesma quero admitir isso) o Natal tenha perdido seu brilho com a sua ausência.
Enfeito a casa, monto a árvore, a mesma árvore que compramos juntos num distante tempo como este em que tudo era luz na minha vida. E cada bola, cada sino, cada laço tem uma lembrança, e as que comprei depois, sozinha, não têm o mesmo brilho. Falta seu toque. Coloco o lindo anjo ao lado da árvore e penso que você não o viu, como não viu a Sagrada Família que deixo sobre um pequeno aparador no hall do elevador, para saudar e abençoar quem chegue por aqui. E também não viu a lareira toda enfeitada, exatamente como você gostaria, mas sobre o piano, na tela de um quadro que reproduz a doçura do seu olhar, você sorri, parecendo aprovar esta minha disposição de manter as tradições que cultivamos durante tantos anos.
No terraço, as luzinhas piscantes que iluminam a noite, na janela as velas tremeluzentes que indicam que nesta casa existe paz, cultiva-se o amor e vive-se o espírito de Natal. E sob a árvore coloco já alguns presentes, e se você ainda estivesse comigo o seu certamente já estaria lá, despertando sua curiosidade, tentando adivinhar o que eu teria escolhido desta vez...
Mas você já não está e eu tenho que seguir em frente, como era seu desejo, tenho que tentar ser feliz, como você me fez prometer que seria, tenho que oferecer aos nosso filhos e netos a alegria que sempre encontraram em nós neste mês de Natal... Neste mês que marca seu aniversário de nascimento e de partida, neste mês que escolhemos para nosso casamento, neste mês que eu ainda amo, por tudo e apesar de tudo...

24 comentários:

  1. Tocante, pela ternura, pela lucidez e pela beleza dos sentimentos expressos.
    A magia do Natal a despir a alma, suavemente!

    Mil estrelas luminosas!

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  2. Lidia

    Ah, as coisas que acontecem nesta época de Natal, os sentimentos que se desnudam...
    beijos

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  3. Muito lindo este despir dos seus sentimentos minha querida!
    Alivia a alma....

    Vou ler o post anterior

    Beijinhos desta tua amiga além-mar.

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  4. Maria,

    obrigada.
    Realmente alivia. Nem sempre consiguimos guardar o que nos vai lá no fundo d'alma.
    beijos

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  5. Dulce,

    quantas 'datas' você pode lembrar apenas nesse mês maravilhoso de Dezembro...
    quanta saudade e ternura!
    Chegou a me emocionar!!!

    Bjssssss

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  6. Graça

    Realmente dezembro é um mes de lembranças, saudades, emoções, alegrias, um mês de magia.
    Beijos

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  7. Cara Dulce,
    Recordar alivia, quando não se trata de um saudosismo patológico que entristece. Mas recordar com o objectivo de colher forças para continuar no melhor caminho possível, beneficiando da experiência do passado, é muito positivo. Desejo que passe um Natal muito Feliz, com energias positivas e reconfortantes.

    Beijos
    João

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  8. João,
    Asseguro-lhe que meu recordar é doce, ajuda-me a encontrar um caminho, a cumprir meus dias com amor e serenidade.
    Obrigada por sua atenção e pelas palavras amigas,
    Um Natal Feliz para você também

    Dulce

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  9. Querida amiga Dulce,

    Com tanta coisa para recordar nesta data, não deve ser fácil controlar todas essas emoções...concordo.

    Mas é como diz recordar é reviver os momentos bons e é ainda mais para si com todos os filhos e netos...só pode ser uma enorme alegria.

    Sabe que são as pessoas que eu mais amei na minha vida e que já se foram que eu mais recordo, às vezes com nostalgia e muita saudade, mas sempre, sempre co muito amor.

    Beijos

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  10. Oi Dulce, esse texto mexeu e remexeu meu interior.

    Se você ficou, era porque suportaria essa falta, mesmo com tanta saudade.

    Texto cheio de ternura e brilhante como tuas luzinhas interiores minha amiga.
    Por isso te convido a passear no Alamedas. Passa lá, vai ser reconfortante pra ti.

    http://anjosealamedas.blogspot.com
    Meu beijo de afeto minha linda.

    Lu C.

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  11. DULCE
    outro beijinho para ti...



    GOSTAR


    Gosto
    Gosto de ser
    Gosto de estar
    Gosto de viver...
    Mas...
    Sei que...
    É muito difícil
    Ser...
    Estar...
    E...
    Viver...
    Mas...
    Continuo a teimar
    Porque gosto... e então
    Sinto...
    Que sou...
    Que estou...
    E que vivo...
    Porque...
    Para conseguir...
    É preciso... persistir...

    LILI LARANJO

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  12. Dulce:
    suas palavras chegaram lá no fundo e invadiram um espaço sensível que teimamos em não trazer à tona. Deixaram patente que o importante são as lembranças que fazem com que a vida se torne sempre responsavelmente bela. Suas sábias palavras atestaram o sentido maior da maturidade.
    Beijos carinhosos.

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  13. Tento manter essa coragem. O Natal na minha casa sempre foi uma festa de família. Juntava-mo-nos todos em casa de meus pais. Tios primos irmãos cunhados sobrinho. Sempre mais de 30 pessoas. Este ano meu pai se foi, meu tio António também. E está muito difícil.
    Um abraço

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  14. OLÁ QUERIDA DULCE, FOSTE DESFILANDO A TUA VIDA PASSADA E PRESENTE COM TERNURA E CARINHO... ADOREI AMIGA...ABRAÇOS DE AMIZADE,
    FERNANDINHA

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  15. Que lhe posso dizer mais, Dulce? Que compreendo bem o que sente, porque infelizmente também por mim perpassam , durante a época natalícia, esses sentimentos de perda.
    Fui perdendo a alegria à medida que os meus foram desapaecendo e hoje, apenas tenho por companhia uma bela senhora de 95 anos. A única bola colorida que resta da outrora recheada árvore de Natal que enchia a casa de alegria.

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  16. Mas é ássim mesmo, as lembranças ficam mais aguçadas por essa época, mas temos que vive-la com a maior alegria prossivel para que os nossos não se entristeçam com nossos pequenos sofreres.
    Beijos

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  17. Obrigada, Lu

    e enquanto as luzinhas interiores conseguirem iluminar a alma, vamos vivendo cada momento co emoção e alegria.
    Vou passear pela sua alameda, pois sei que lá existe paz. Obrigada
    beijos

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  18. Lili,

    Muito obrigada, um grande beijo para você... Amei o poemas, lindo...
    Boa noite, amiga

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  19. Dulce minha amiga...eu fico indgnada mas morro de rir...
    Com esse meu marido eu casaria mil vezes...
    Bjka e é um prazer ter vc aqui.

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  20. Maria Teresa

    A vida ensina, conduz, modela a alma. E, realmente, a maturidade traz uma certa paz, uma imensa serenidade ao espírito.
    beijos

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  21. Elvira

    É mesmo muito difícil, principalmente quando há perdas recentes, ainda magoando o coração, mas minha amiga, temos mesmo que continuar, já que outras pessoas estão ao nosso lado, esperando nosso afeto, nossa alegria.
    É preciso tentar sempre.
    Beijos

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  22. Fernandinha,

    Muito obrigada, querida amiga. Assim vamos seguindo pela vida, tentando fazer mais ameno o caminha dos que estão ao nosso lado.
    beijos

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  23. Carlos
    E que presente, a cada Natal, poder ter ainda essa linda senhora a seu lado, não, meu amigo? E certamente já deve ter-se dado conta de que para ela você é a Estrela Guia na Noite Santa, a que lhe traz conforto, a que ilumina seus pensamentos, dá sentido aos seus dias...
    Imagino a saudade, o vazio, até a tristeza. Sei bem como devem ficar seus corações. e entendo porque o Natal não mais tem um sentido mágico para você.
    Beijo, Carlos

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  24. Beth

    Tá bom!... eu também fiquei indignada e confesso, dei lá umas risadinhas ao ler a historinha que deixou lá no seu post, mas casar mil vezes??? rs... Corajosa essa menina... rs...
    bjs.

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