segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Como se fossem feitos de cristal...


Quando a noite vai se transformando em madruga, quando minh'alma pede aconchego, quando meu coração soluça uma saudade, triste e só, caminho pela casa, visito o passado, abro o bau dos meus sonhos. Vendo-os em frangalhos, encolhidos, desacreditados de si mesmos, tento recompo-los cuidadosamente. Alguns parecem perdidos para sempre, outros pedem ajuda para renascer, outros ainda fingem-se brilhantes, pobrezinhos, sem saber que sonhos são apenas e tão somente desejos, aspirações que uma alma inquieta e tresloucada insiste em cultivar, mesmo sabendo que o tempo escorreu-se-lhe pelos dedos sem dó nem piedade e que com ele foram-se as oportunidades, as chances, a possivel realização... Então o que sobrou foram pedaços de uma vida que não houve, cacos espalhados pelo coração.
E enquanto a noite entra pela madrugada, recolho os cacos, tento cola-los com minha ternura, mas como se fossem feitos de fino cristal, estão irremiavelmente partidos. Guardo-os assim mesmo, na esperança de que um milagre aconteça... Um milagre de amor e de carinho que os refaça, que os recomponha...

2 comentários:

  1. Querida amiga,

    Como a entendo bem. As eternas românticas são assim, mas é bom ter um coração assim, capaz de amar e sentir a vida, mesmo que se sofra depois.

    Lembrou-me Vinicius

    "Não há mal pior do que a descrença, mesmo amosr que não compensa é melhor que a solidão.
    Ai de quem não abre o coração, esse não vai ter perdão.
    Quem nunca curtiu uma paixão,
    nunca vai ter nada não"

    Lembra-se??? Eu sei todas esta letra de cor, amo Vinicius.
    Adoro você.

    Beijinhos

    ResponderExcluir
  2. Assim somos nós, Ná!... Que fazer?
    Ler e ouvir Vinicius, Drummond, Florbela, Pessoa e tantos oustro que nos falem ao coração, que falem por nosso coração...
    beijos...

    ResponderExcluir