quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Drummond, numa manhã de chuva


Ao amor antigo

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
a antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

(Carlos Drummond de Andrade)

4 comentários:

  1. Muito lindo esse poema. Espero que visites o meu blog Palavras e Imagens
    www.marquesiano.blogspot.com
    Beijos.
    Tânia

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  2. Tânia

    Seja bem vinda. Bom te-la por aqui e vou sim, com, com prazer, visitar o seu blog.
    Muito obrigada.
    Beijos

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  3. Lindos, poesia e imagem...Sintonia perfeita!!
    Um forte abraço!

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  4. Dora Regina

    Uma boa noite para você e muito obrigada.
    beijos

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